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Um estudo de 2022 feito pela Ipec para a UNICEF mostrou que 2 milhões de jovens entre 11 e 19 anos que ainda não haviam terminado a educação básica deixaram a escola no Brasil. E entre quem não está estudando, metade (48%) afirmaram que deixaram de estudar porque ‘tinham que trabalhar fora’.
Fica evidente então que ocorre um declínio na educação brasileira, apontando não só a falta de motivação dos alunos como a desigualdade social, na qual a necessidade de renda fica em primeiro plano em relação aos estudos.
O novo ensino médio
O chamado Novo Ensino Médio aprovado pelo MEC, foi alterado com o intuito de estabelecer uma mudança no ensino, ampliando o tempo mínimo do estudante para 1.000 horas anuais. Dessa forma, definindo uma nova organização curricular e mais flexível, que contemple a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
“Os itinerários formativos eram uma oportunidade para o aluno aprofundar na área de conhecimento que o aluno queria aprofundar. Infelizmente a forma como foi organizado não conseguiu chamar atenção dos alunos e apesar dos investimentos nas escolas principalmente em tecnologia ainda não foi suficiente.” diz Lucilia Maria de Oliveira, diretora do Colégio Estadual Professora Helena Nasser, sobre as mudanças mais evidentes dentro do ensino público.
Junto com as mudanças de horários, veio também o acréscimos de disciplinas, chamados de itinerários formativos, onde se aprofundam nas vertentes de uma área do conhecimento (Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Matemática e suas Tecnologias). No final, as redes de ensino terão a responsabilidade de definir quais itinerários irão ofertar.
“As turmas de segunda série já sentiram a diferença com a implementação das trilhas formativas, que são a novidade desse novo ensino médio, e não foram bem aceitas pelos alunos. Tivemos uma dificuldade muito grande de compreensão e execução dessas aulas, dessas trilhas.” testemunha o professor de educação física Danilo de Assis Fernandes.
Inicialmente algumas escolas deixaram de adotar o ensino noturno para empregar o integral, ocasionando na desistência dos alunos. Porém, logo após esse cenário, iniciou-se a aplicação em algumas escolas do programa EJA, que visa oferecer o ensino fundamental e médio para aqueles que não finalizaram o ensino, tanto no presencial quanto à distância.
Programa Bolsa Estudos
Durante a pandemia da Covid-19, foi criado pelo governo do Estado de Goiás uma política pública que procura incentivar a aprendizagem e combater a evasão escolar. Onde a bolsa tem o intuito de ser motivadora, onde o aluno para adquirir o valor total todo mês seria necessário o mesmo manter a frequência nas aulas, caso não, o valor seria descontado por cada dia faltado.
Entretanto, o valor da bolsa é cerca de 100 reais por mês e mesmo com o intuito de motivação, não é possível ser comparado ao que o aluno ganharia trabalhando e ganhando um salário.
“O valor seria uma ajuda do governo. Um valor que não seria possível o aluno largar o emprego.” pontua a aluna do segundo ano do ensino médio, Sofia Moura. “O valor deveria ser alterado quando os valores no mercado fossem alterados também.”
Então como resolver essa questão?
“A forma como foi organizado o Novo Ensino Médio acabou contribuindo para a desistência dos alunos. Acredito que o Mec já percebeu esses entraves e já está organizando as mudanças. As matrizes para o ano que vem já contempla as disciplinas da base comum com mais aulas de matemática, português, retirada dos tópicos, etc. Acredito que os alunos terão mais interesse nas disciplinas estudadas.” informa a diretora Lucilia Maria.
No dia 24 de Outubro deste ano o governo federal enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei com diretrizes que propõem alterações no novo ensino médio. A proposta foi levantada após críticas dos próprios estudantes, professores, especialistas e entidades. Umas das principais pautas apontadas são a volta de disciplinas obrigatórias, como sociologia, filosofia e artes.
Contudo, também há ONG ‘s no Brasil que possuem programas para ajudar esses jovens estudantes a lidarem com os dois mundos. Trabalho e escola. Uma delas está localizada em São Carlos, São Paulo. As Obras Sociais Francisco Thiesen, procuram dar oportunidades aos jovens de terem o primeiro emprego através do programa jovem aprendiz e do estágio nível médio e superior.
“Os jovens buscam o primeiro emprego já tentativa de complementar a renda familiar. A maioria dos jovens são os únicos dentro da família que trabalham com o registro de CTPS, os demais membros da família possuem trabalhos informais, sem estabilidade” aponta a presidente da ONG Mônica Moreira Minetto.
A Thiesen, além de auxiliar no primeiro emprego desses jovens, também contribui as famílias com cestas básicas, campanhas de agasalhos e acompanhamento psicológico. Na qual os responsáveis deixam claro que é necessário que os jovens continuem nos estudos para continuarem dentro do projeto.