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            Com o desenvolvimento de novas tecnologias, a acessibilidade está cada vez mais presente na sociedade moderna. A UFG por se tratar de um centro universitário onde se encontram diversas pessoas, tais recursos deveriam ser ainda mais utilizados. Entretanto, não é bem assim a atual situação da Universidade, onde problemas de acessibilidade são apresentados, dificultando a movimentação dos necessitados tanto dentro do campus quanto nos esportes oferecidos no mesmo.

            A faculdade concentra cada vez mais alunos portadores de deficiência, exigindo assim um melhor acesso para eles dentro da própria universidade. Os alunos PcDs têm enfrentado dificuldades de confortabilidade e locomoção, como é o caso do aluno Pedro Paulo Lemos. Pedro é aluno do curso de Jornalismo e portador de deficiência visual. Ele nos conta o que acha da acessibilidade e relata que tem diversos contratempos ao transitar dentro da universidade, em especial no campus samambaia.

“Então, bem pouca né. De forma geral é muito ruim a UFG em certo não está preparada para pessoas com deficiência. Desde o campus, até hoje eu não consigo andar muito sozinho no campus. Tipo, se eu tenho aula no Labicom [prédio laboratorial da FIC (faculdade de informação e comunicação)] e eu estou no restaurante do campus, eu não sei como chegar lá. Isso porque não tem piso tátil, do nada tem buraco ou mata né, que você é engolido pela mata. Então a gente não consegue andar ali. Já dentro dos prédios é mais de boa e fácil de andar, o problema mesmo é entre os prédios, além de ser muito difícil, a acessibilidade é muito longe.”

            Dentro da própria UFG ainda está situado o Sinace, o Núcleo de Acessibilidade, da Universidade Federal de Goiás. O Núcleo tem como um de seus intuitos, orientar e auxiliar pessoas que portam alguma deficiência dentro da instituição federal, sejam elas alunos ou servidores públicos. Sem dúvidas o Sinace é de grande importância dentro da universidade ajudando a tornar a experiência  daqueles que precisam mais confortável e menos problemática.

            É possível encontrar diversos tipos de auxílios por parte do Núcleo de Acessibilidade, desde guias para te ajudarem a se locomover e se orientar pelo campus até a intérprete de libras para facilitar a comunicação. Entretanto, quanto se trata de problemas na estrutura do campus, não tem muito o que fazer além do auxílio já oferecido por eles. Embora possam ajudar a contornar tais problemas, não cabe a eles resolvê-los.

ESPORTES

            Dentro dos esportes oferecidos no campus, o cenário não muda tanto, com várias falhas, como falta de incentivo e de modalidades. As organizações atléticas do campus, embora convidem todos a participar, ainda precisam se adaptar melhor aos participantes com necessidades especiais. Com a falta de modalidades para PcDs, como futebol de cegos, se torna inviável que tais pessoas participem junto com os jogadores sem deficiência e com as regras normais do esporte.

            Acredita-se que as situações tendem a mudar para melhor, com a cooperação das organizações atléticas para facilitar a participação dessas pessoas nos esportes. A Tagarela, organização atlética da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC), já expressou sua vontade de ajudar todos a participar demonstrando interesse na melhoria das condições de acessibilidade, aumentando o incentivo e organizando a realização de partidas para tais modalidades em futuros eventos que venham acontecer, como o InterUFG e a TIFU (evento da própria atlética).

            Porém como dito antes, ainda há muito a que se fazer, mesmo por parte das atléticas, é o que afirma Pedro Paulo Lemos: “Então, eu acredito que as atléticas não incentivam e não se importem com a participação de todos ou não. Isso eu falo pela minha experiência com a Tagarela, não sei como é a dos outros cursos, talvez seja diferente. Desde que entrei na faculdade me chamaram para participar, tanto que estou nos grupos de atletismo, futsal e de basquete da Tagarela. Porém não existe nada de competição [para PcDs], tanto que num jogo de futsal eu não sairia do banco em um jogo oficial, porque não vão trocar a bola por minha causa ou fazer alguma coisa para que eu possa jogar”.

            Pedro ainda nos conta de um acontecimento com ele no último InterUFG, onde treinava diariamente para participar das competições de atletismo, e três dias antes descobriu que não teria como participar por não ter uma modalidade para PcDs. Alegando, que execução de tal modalidade seria algo a tomar um minuto apenas do evento e só traria benefícios e inclusão. Apesar de tudo Pedro não culpa as atléticas ou a organização do Inter, e indaga que falta o conhecimento da existência de tais pessoas dentro da UFG.

DIREITO

            A lei protege os direitos de cidadão da pessoa com deficiência. É assegurado pelo Estatuto da pessoa com deficiência e pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) os direitos e leis para PcDs. “O artigo 4º do referido estatuto é bem claro e prevê expressamente o direito à igualdade de oportunidades e à proibição de qualquer tipo de discriminação. O estatuto regula os aspectos de inclusão do deficiente como um todo, descrevendo seus direitos fundamentais, bem como prevê crimes e infrações administrativas cometidas contra os deficientes ou seus direitos.”

            Com isso, todas as pessoas portadoras de deficiência possuem o direito as mesmas oportunidades das não portadoras. Isso em todas as áreas, seja no aprendizado, na locomoção, para emprego e nos esportes. Fazendo com que tenham o direito de participar das atividades que bem entenderem e quiserem, e privá-las de realizar tais ações mesmo que seja sem maldade e ou por desinformação, ainda é uma afronta aos seus direitos.

            Ademais, tambem é defendido pela lei a acessibilidade e confortabilidade de tais indivíduos, tornando indispensável a presença dos meios necessários para a locomoção e bem-estar deles. É preciso a existência de rampas, pisos táteis, indicações especiais, dentre outras coisas que facilitem a estadia dessas pessoas.

            Com essas leis sobre os direitos dos PcDs, exige-se que principalmente ambientes públicos tenham uma estruturação capaz de suprir tais necessidades. Ainda mais uma Universidade Pública Federal como o caso da UFG, por se tratar de um centro que aceita todas as pessoas independente de suas origens e ou condições. Ela deve ser capaz de oferecer tudo do básico que todos nela necessitam para melhorar sua acessibilidade e fazendo com que todos sejam bem-vindos e se sintam incluídos.

APRENDIZADO

            Vale lembrar que dentro da própria UFG e de seus cursos ofertados, existem matérias, projetos de extensões e até mesmo movimentos e iniciativas que visam a acessibilidade e o conforto em torno de pessoas com deficiência. Desde aulas como libras e Braille a projetos de danças para pessoas com deficiências físicas e ou mentais, além de movimentos que conscientizam e alertam sobre tais pessoas e os cuidados necessários a serem tomados.

            Ressaltando que muitos desses movimentos e sugestões surgiram por parte do Núcleo de Acessibilidade-Sinace após sua aprovação dentro da Federal em dezembro de 2014. Antes do Sinace já existiam Núcleos de Acessibilidade nas quatro regionais da UFG (Goiânia, Goiás, Jataí e Catalão). Porém, ainda falta um órgão na universidade que expandisse a discussão e o planejamento das ações sobre acessibilidade e inclusão entre os Núcleos, as pró-reitorias e órgãos da Federal além de uma representação entre as pessoas com deficiência da comunidade universitária.

            Mesmo não sendo numerosos, ainda existem opções para expandir e conscientizar sobre a acessibilidade. Já é um grande avanço se comparado a alguns anos atrás, quando não existiam quase nenhum desses projetos visando a melhoria do acesso a todos os PcDs dentro da Universidade Federal de Goiás. Com o tempo foram surgindo planos de inclusão e a tendência é expandir ainda mais, principalmente com o aumento da conscientização da comunidade acadêmica.

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