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A rotina do trabalhador brasileiro se resume em acordar cedo, se transportar até seu local de trabalho e suportar uma rotina de trabalho de 8 horas rodeado de abusos constantes.

Uma ligação muito clara pode ser feita entre os casos de distúrbios psicológicos acometidos em ambiente corporativo e a normalização de abuso verbal no dia a dia do trabalhador. No Brasil, um levantamento do Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental (IPRC) revelou que metade dos profissionais brasileiros pratica ou tolera assédio no trabalho.

A pesquisa analisou respostas de 2.435 funcionários e candidatos de 24 empresas privadas no Brasil, focando em posições sensíveis, que lidam com informações confidenciais, bens, dinheiro e negociações.

Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome de burnout, uma doença ocupacional reconhecida pela OMS em 2022. O Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados no mundo.

Além dos abusos, também são comuns ameaças, assédios, humilhação e, muitas vezes, manipulação.

Foto: Serpro

Realidade dos brasileiros

A dinâmica de poder entre patrão e empregado pode ser um dos principais motivos do assédio dentro de empresas. Além de sobrecarregar o funcionário, essa constante lembrança de que ele pode ser substituído a qualquer momento faz com que ele trabalhe no seu máximo, com medo de perder o emprego.

O estudante Thiago Alonso, de 22 anos, compartilhou sua primeira experiência em um trabalho formal como garçom por 3 anos, onde sofreu abusos morais e psicológicos. “Acho que a parte mais difícil, em termos de abuso psicológico, não era nem sobre o trabalho em si ou sobre a operação, mas sim o que ele falava para mim. Eu sempre fiz faculdade enquanto trabalhava e, apesar de ser desafiador, eu conseguia fazer os dois. No entanto, ele constantemente desdenhava da minha decisão de estudar.”

“Ele insistia que as pessoas conseguiam mais coisas sem faculdade e que eu deveria parar de estudar”, completou o jovem.

Roberto Vieira, de 23 anos, teve uma experiência parecida, porém como estagiário. Ele conta que, além do acúmulo de funções, aconteceram diversas situações de humilhação pública, onde seus erros eram expostos para toda a equipe.

“Não é de hoje que acontece um assédio por parte dos chefes no ambiente de trabalho. Uma sobrecarga de funções é um problema pouco comentado, principalmente pela mídia ou até mesmo no próprio mercado. Todos os dias, pessoas saem de casa para fazer o que não gostam, sentindo-se sobrecarregadas com a própria rotina. Como se isso não bastasse, normalizaram o assédio moral dos chefes, que além de causar diversos transtornos psicológicos, provoca um desgaste imenso”, declarou Roberto sobre sua experiência.

“A própria divisão de tarefas é algo problemático. Na maioria das vezes, fazemos funções além dos nossos deveres, pois, se não fizermos, corremos riscos de perder o emprego”, afirma o jovem.

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