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Recentemente, a Câmara dos Deputados se reuniu para a eleição da presidência da casa. Como resultado da votação, foi eleito o deputado de centrão que era favorito, Hugo Motta, do Republicanos.
Com uma breve pesquisa ao histórico político do recém-eleito presidente, justifica-se a escolha pela adjetivação no título do presente artigo. O sucessor de Arthur Lira e membro efetivo das Frentes Parlamentares Evangélica e Agropecuária, Motta é a representação do que há de mais antigo na política brasileira.
O presidente da câmara, além de possuir um mandato ineficiente, tendo apenas 6 propostas aprovadas em 14 anos de atuação, é proprietário de uma grande empresa agropecuária na Paraíba, a qual possui como carro-chefe a criação de gado. Sabe-se atualmente que a pecuária é a causa principal do gigantesco desmatamento na floresta amazônica, que tem projeção estimada de 3 milhões de hectares em 2025, segundo o Instituto Imazon.
Sabe-se que o descaso ambiental, consolidado pelas queimadas na Amazônia é característica pujante no Governo Federal desde a gestão Bolsonaro, perpetuando-se com Lula, no qual as queimadas atingiram consecutivos meses de crescimento no ano passado, com “média de 10.000 campos de futebol afetados por dia entre janeiro e outubro, o pior dado em 15 anos”, segundo o mesmo Instituto. O nome de Motta é mais um dos que representam o crescimento do agro na política nacional.
A aproximação entre as características do governo petista e bolsonarista não é mera coincidência. A eleição de Hugo Motta é fruto de um acordo que passa tanto pelo PL de Bolsonaro quanto pelo PT de Lula, tendo como gigantesco meio campo outros 15 partidos do Centrão. Essa aliança de lados antagônicos também é responsável pela impopular aprovação da “taxação das blusinhas” proposta pelo ministro Haddad no ano passado.
E claro, o novo presidente já vem acenando ao público Bolsonarista. Em entrevista à Rádio Paraíba no dia 08 de fevereiro, Motta defendeu que a invasão do Congresso no 8 de janeiro de 2023 “não foi uma tentativa de golpe”. Apesar de considerar inadmissível o ocorrido, o deputado propôs penas mais brandas aos golpistas, referenciando uma possível anistia aos condenados, como propõe o PL e a extrema direita.
Além disso, o atual presidente já criticou a Lei da Ficha Limpa, a qual prevê 8 anos de inelegibilidade para políticos condenados. “Oito anos são quatro eleições, é um tempo extenso na minha avaliação”, disse Motta à CNN. Isso, é claro, levanta severos questionamentos quanto ao interesse de Jair Bolsonaro em apoiar a presidência do deputado. Isso porque, a revogação da lei, defendida pelo ex-presidente, seria determinante para sua elegibilidade em 2026.
Com Jair Messias elegível, porém, um dos maiores beneficiados seria o próprio Luis Inácio, que depende da rejeição do seu rival para ser eleito em segundo turno a ocupar cadeira presidencial. Sendo assim, a eleição de Motta é mais uma das evidências do sistema de retroalimentação criado por PL e PT para sustentar suas narrativas políticas. “Se for comigo, [Bolsonaro] vai perder outra vez”, declarou Lula em coletiva nos últimos dias.
Como na física, pela Lei de Coulomb (a força é atrativa se dois corpos tiverem cargas opostas), na política, a polarização é determinante para a estruturação do sistema. Entre esquerda e direita, Lula e Bolsonaro estão posicionados a favor da briga. Outra possível analogia a essa relação está na biologia, em infecções de parasitas como a Leishmania, que utilizam de sua função autofágica – ou seja da retroalimentação – para se proliferar. Por fim, enquanto a população, através do voto, continuar legitimando essa dicotomia política, estamos condenados a permanecer doentes em um corpo infectado.