Ficha Limpa ou jogo sujo: Oposição aposta em Efeito Trump para contornar inelegibilidade 

Aliados de Bolsonaro articulam mudanças na Lei da Ficha Limpa, enquanto o ex-presidente insiste na narrativa de perseguição política
fev 20, 2025
Tempo de leitura: 4 min

Às vésperas da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Jair Bolsonaro voltou a adotar a retórica do injustiçado, alegando que a Lei da Ficha Limpa é usada para “perseguir a direita”. A declaração, feita após um encontro com parlamentares da oposição, ocorre em meio às investigações sobre sua suposta participação em um plano golpista. Inelegível até 2030 e indiciado em três crimes, Bolsonaro tenta agora reverter sua situação jurídica por meio de articulações no Congresso, onde aliados buscam flexibilizar a lei que impede condenados de disputarem eleições. Entretanto, a narrativa de perseguição política que ele tenta construir esbarra nos fatos: as acusações são graves e baseadas em evidências, o Brasil agora assiste ao desfecho de mais um capítulo entre um líder populista e a Justiça.

O discurso do ex-presidente não apenas ignora o histórico da Ficha Limpa, aprovada com amplo apoio popular, como também revela uma tentativa explícita de moldar as regras eleitorais conforme sua própria conveniência. Ao citar Donald Trump como exemplo, Bolsonaro insinua que a lei brasileira deveria ser alterada para lhe garantir um futuro político, colocando interesses pessoais acima do princípio básico da Justiça: a igualdade de regras para todos. 

Bolsonaro mais perto da prisão?

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe coloca o ex-presidente no centro de um longo e complexo processo judicial. Enquanto muitos se perguntam se e quando será sua prisão, a realidade é que o caminho até uma condenação definitiva é longo. O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda precisa aceitar a denúncia, tornando Bolsonaro réu. Somente após a fase de depoimentos, coleta de provas e julgamento final, uma pena poderá ser definida. No entanto, há a possibilidade de uma prisão preventiva caso a Justiça entenda que Bolsonaro representa risco ao andamento do processo, algo que já ocorreu com aliados próximos. Mesmo sem uma prisão imediata, as consequências jurídicas começam a pesar.

Lula declara não levar tão a sério baixa aprovação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não leva as pesquisas de aprovação do governo “definitivamente a sério”, mas as utiliza como ferramenta para entender a percepção da população e avaliar possíveis ajustes na gestão. Durante evento no Palácio do Planalto, Lula ressaltou que está satisfeito com seu terceiro mandato e garantiu que governará até 2026, entregando um país melhor do que o prometido. Segundo o Datafolha, a aprovação do governo caiu de 35% para 24%, enquanto a reprovação subiu para 41%, mas o petista afirmou que as mudanças no governo ocorrerão apenas se ele considerar necessário.

Nikolas Ferreira sonhando com o Senado

Em meio às especulações sobre seu futuro político, o deputado federal Nikolas Ferreira reafirmou sua lealdade a Jair Bolsonaro e revelou o desejo de disputar uma vaga no Senado, caso uma PEC que reduz a idade mínima para o cargo seja aprovada. Hoje com 28 anos, o parlamentar bolsonarista depende da proposta do colega Eros Biondini (PL-MG), que sugere diminuir a exigência de 35 para 30 anos. A mudança é vista como um atalho para Nikolas consolidar sua ascensão política, especialmente diante da incerteza sobre a candidatura de Bolsonaro em 2026. Enquanto o deputado insiste que seu único plano é Bolsonaro, a direita busca um novo rosto para liderar o movimento caso o ex-presidente continue inelegível. 

Tarcísio em 2026? Nunes nega, mas bastidores indicam outra história

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, descartou publicamente qualquer intenção do governador Tarcísio de Freitas de disputar a Presidência da República em 2026, afirmando que ele está focado na reeleição ao governo paulista. No entanto, a declaração parece mais uma tentativa de conter especulações. Segundo apuração da CNN, Tarcísio já teria admitido a aliados que pode entrar na corrida presidencial caso Jair Bolsonaro permaneça inelegível. Enquanto Nunes insiste que Bolsonaro será o candidato natural do grupo, a incerteza jurídica sobre o ex-presidente mantém a direita dividida entre a lealdade ao seu líder e a necessidade de encontrar um nome competitivo para 2026.

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