Na tarde de hoje (26/03), o ex-presidente Jair Bolsonaro se tornou réu após decisão unânime da Primeira Turma de ministros do Supremo Tribunal Federal. Além dele, outras sete pessoas serão julgadas pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Esse é um momento histórico para o Brasil, sendo a primeira vez que um ex-presidente vai a julgamento por tentativa de golpe de Estado. Por um lado, mostra a força e resistência dos órgãos democráticos do país. Por outro, mostra a fragilidade da política brasileira, uma vez que esse foi o segundo candidato mais votado das últimas eleições.
Porém, o evento entra em boa hora para Lula, que desvia a atenção negativa dele para seu maior oponente. O atual presidente vem recebendo chuvas de críticas pelas atitudes da primeira-dama, Janja, e por suas falas cada vez mais desastrosas – na última, insinuou que colocou “essa mulher bonita [Gleisi Hoffmann]” para ser ministra das Relações Institucionais, para aproximá-lo da Câmara e do Senado. É claro que ele não quis dizer que usou uma mulher bonita para se aproximar de ambientes compostos majoritariamente por homens, certo? É o que esperamos.
De qualquer forma, a questão que fica, levando em conta o ano eleitoral de 2026, é: quem está ganhando na política brasileira agora que Lula e Bolsonaro estão caídos? Bom, todos ou ninguém.
Nesse momento de instabilidade dos dois polos políticos, é o momento perfeito para o alavancamento das “terceiras-vias”.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), confirmou o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República, marcado para 4 de abril em Salvador, mesmo com pressão de aliados – e do prórpio partido – para desistir. Isso acontece como estratégia de ampliar sua visibilidade – ainda pequena fora do Centro-Oeste – no Nordeste, reduto eleitoral de Lula, posicionando-se como opositor ao governo do PT.
Já Tarcísio Freitas, governador de São Paulo e outro nome sondado quando se fala de eleição, ainda não confirmou uma candidatura presidencial para 2026, mas seus discursos e publicações nas redes sociais têm sido vistos como sinais de interesse. Além disso, aparenta estar cada vez mais próximo de Bolsonaro, mesmo no momento mais turbulento da carreira política.
A situação de Tarcísio é um pouco complicada, já que tenta equilibrar sua relação entre Gilberto Kassab – presidente do PSD e seu secretário de Governo – e Bolsonaro – de quem precisa da benção política para se candidatar ao maior cargo do executivo. A famosa e perigosa berlinda entre os eventos bolsonaristas e os elogios às urnas eletrônicas.
Além dos dois, candidatos como Romeu Zema e Ratinho Júnior também são cotados para a presidência, mas nada firmado ainda. Todos da direita.
A especularização ainda é muita, mas o que parece é que 2026 será uma corrida contra Lula e todos que o apoiam.
Apesar da baixa aprovação, o petista ainda pode se reerguer, dependendo de fatores como a queda do dólar e melhorias econômicas. Mas as coisas não parecem caminhar para esse lado.