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Dólar – No início do mês de abril (2), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um novo pacote de tarifas para produtos importados. Desde então, o cenário geopolítico econômico têm passado por turbulências no agravamento de uma verdadeira Guerra de Tarifas.
De um lado, os EUA de Trump mantém as “Tarifas Recíprocas” como uma forma de diminuir o déficit comercial do país. Do outro lado, a China sofre fortes retaliações ao aplicar a mesma política de reciprocidade em relação aos produtos estadunidenses.
Após aquecidos momentos de aumento tarifário, a situação atual é de uma alíquota total de 145% em cima de produtos chineses, e de 125% nas importações americanas. Pequim e Washington ainda podem protagonizar mais episódios na disputa econômica. No entanto, um dos fatores que impacta o Brasil diretamente é a variação do dólar.
Para explicar de forma didática, o Lab montou um quadro com as datas, valores e variações da moeda, assim como a relação das mudanças com os anúncios do tarifaço estadunidense.
Análise do Dólar e Impacto dos Anúncios de Trump
Variação cambial e comentários sobre os efeitos das políticas comerciais – Abril 2025
Data | Valor (R$) | Variação | Anúncio Trump? | Anúncio | Efeito no Dólar |
---|---|---|---|---|---|
01/04/2025 | 5.7045 | – | Não | – | – |
02/04/2025 | 5.6918 | 0.22% | Sim | Trump anuncia o ‘Dia da Libertação’ e novas tarifas amplas de 10% com foco na China | O dólar caiu levemente (-0.22%), refletindo a incerteza inicial sobre o impacto econômico das tarifas. |
03/04/2025 | 5.6062 | 1.50% | Não | – | – |
04/04/2025 | 5.7771 | 3.05% | Não | – | – |
07/04/2025 | 5.8871 | 1.91% | Sim | Trump ameaça tarifas adicionais de 50% caso a China não retire retaliações de 34% até o dia seguinte. | O dólar subiu (+1.91%), indicando maior demanda por ativos em dólares devido ao aumento da percepção de risco global. |
08/04/2025 | 5.9362 | 0.83% | Sim | China rejeita ameaças e mantém tarifas retaliatórias de 34%, afirmando que “não aceitará intimidações”. | O dólar continuou subindo (+0.83%), impulsionado pela escalada da disputa comercial e pela busca por segurança nos mercados. |
09/04/2025 | 6.0599 | 2.09% | Sim | Trump eleva tarifas sobre produtos chineses para 145%, incluindo punições por fentanil. | O dólar disparou (+2.09%) devido à escalada significativa na guerra comercial, aumentando a aversão ao risco global. |
10/04/2025 | 5.9109 | 2.46% | Sim | Trump admite “problemas de transição” causados pelas tarifas, mas reforça sua política. | O dólar caiu (-2.46%) após declarações que sugeriram dificuldades econômicas nos EUA devido às políticas tarifárias agressivas. |
11/04/2025 | 5.8731 | 0.64% | Não | ONU alerta para impacto global das tarifas EUA-China, com potencial colapso no comércio internacional. | O dólar caiu novamente (-0.64%), refletindo preocupações com os impactos econômicos globais das tensões comerciais prolongadas. |
Qual a relação entre o tarifaço e o dólar?
Toda vez que um anúncio forte é feito no âmbito econômico, principalmente envolvendo questões geopolíticas, o cenário fica instável. No dia 2 de abril, Trump realizou o “Dia da Libertação” ao lançar as Tarifas Recíprocas. Isso desequilibrou o mercado volátil, que não recebeu bem a notícia. As consequências do novo pacote de taxas se repercutiram negativamente no dólar, que caiu 0,22% no dia do anúncio, e seguiu em queda de 1,5% no dia seguinte.
As novas alíquotas são uma forma dos EUA diminuírem o déficit comercial em relação às trocas internacionais. Para calcular a taxa, o governo dividiu o déficit comercial com x país pelo total de importações vindas desse mesmo país. Com o resultado obtido, basta dividir o valor por dois.
Até o momento, o valor da China foi o maior: o total de tarifas era de 34%. Em retaliação, a China aplicou a mesma alíquota a importações americanas. Isso não agradou Trump, que anunciou segunda-feira (7) aumento na alíquota sob produtos chineses em 50%.
A Casa Branca deu ao governo chinês um ultimato: caso a retaliação não fosse suspensa, o novo valor vigente seria de 84%. A China não mudou de opinião e o valor continuou – então, na quarta-feira (09), Trump publicou em seu perfil na rede social Truth Social que o aumento total sobre produtos chineses agora seria de 125%, de efetivação imediata.
Esse valor se uniu aos 20% de alíquota que já estava sendo cobrada sob importações do país asiático, devido a alegações de que a China seria suposta fornecedora de fentanil nos EUA. Com isso, o valor final da tarifa é de 145%.
O que o tarifaço tem a ver com o aumento do dólar entre os dias 7 e 9 de abril?
O dólar é como o ouro era nos séculos passados – uma garantia. Com os EUA aumentando as tarifas, a ideia é fortalecer a economia americana e, consequentemente, a moeda do país. Dessa forma, o dólar é visto como um tipo de seguro ativo para o futuro. Se tudo der errado, assim como você poderia vender ouro, hoje compram-se dólares, mas em uma escala comercial e empresarial gigantesca.
Porém, o quadro também mostra a retração de 2,46% da moeda na quinta-feira (10). Com o anúncio da dificuldade de adaptação ao tarifaço, a economia estadunidense é percebida como não tão confiável pelo mercado, reduzindo o que podemos chamar de “segurança do dólar“. Esse efeito explica a queda de 0,64% observada na sexta-feira (11) após a ONU alertar sobre impactos das Tarifas Recíprocas em países emergentes.
“Haverá um custo e problemas de transição. Mas no fim vai ser algo belo”, afirmou o presidente dos EUA em reunião de gabinete na Casa Branca.
Como a China reagiu ao aumento das tarifas
O governo chinês retaliou – atuando quase em base bíblica ao adotar a estratégia de olho por olho, dente por dente, Pequim aumentou para 125% a tarifa sob importações estadunidenses, que entram em vigor a partir de sábado (12). Até o momento, o porta-voz do Ministério do Comércio da China, He Yongqian, afirmou estar aberto ao diálogo, mas “com base no respeito mútuo.”
Previsão do dólar
Com o mercado em situação delicada, o dólar não está seguindo uma linha fixa. Como observado, a cada anúncio e retaliação, tanto dos EUA quanto da China, a moeda sentiu as repercussões, e isso afeta todo o cenário financeiro internacional.
Para o Brasil, a briga entre o governo estadunidense e o governo chinês pode significar um momento de destaque nos mercados americanos, já que as exportações nacionais enfrentam uma alíquota de 10%, valor expressivamente menor em comparação aos produtos chineses. Entretanto, a valorização do dólar recai em importações mais caras para o país, e reflete diretamente no preço da gasolina, uma vez que o valor do barril de petróleo é negociado na moeda americana.
Até o momento, o governo brasileiro não reagiu às tarifas impostas.
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