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Yasmin Alves

Suzana Meira, profissional que atua na área da comunicação há sete anos, formou-se pelo Centro Universitário Alves Faria e passou por diversas áreas do jornalismo, mas se encontrou no jornalismo de saúde. Um ano e meio antes de finalizar o curso, Suzana estagiou no Hospital Araújo Jorge, onde teve seu primeiro contato com a área da saúde. Logo após essa experiência, seguiu outros caminhos na profissão, atuando como produtora, redatora no Jornal Hoje, comunicadora digital da marca Piracanjuba e na TV UFG.

Atualmente, trabalha como jornalista de saúde no IdTech, e atende como assessora de comunicação no HGG e no Hemocentro de Goiás. No momento, Suzana cursa uma pós-graduação voltada à auditoria em saúde, que, em sua visão, lhe proporcionará uma melhor compreensão geral dos processos de saúde e do SUS.

O que despertou sua curiosidade no jornalismo de saúde?

Sempre fui interessada na área da ciência e do bem-estar. Constantemente, pensava em como era possível tanta tecnologia nos atendimentos médicos, e algo que despertou esse encanto foi o seriado Grey’s Anatomy, que mostra diversas histórias sobre cada paciente. No entanto, não havia em mim a vontade de ser uma profissional da saúde. Porém, quando me inseri nessa área para comunicar sobre saúde e temas relacionados, comecei a me enxergar naquilo que era ficção e viver tudo na prática.

Como jornalista na área da saúde, qual foi sua experiência mais marcante?

Conheci uma jovem que iria realizar um transplante duplo. Quando a conheci, ela estava acompanhada pela mãe, foi então que as convidei para tirar uma foto e saber mais da história dela, as duas estavam muito felizes e emocionadas, era uma história de vida muito bonita, mas de muita luta.

Infelizmente, dois dias após a cirurgia, recebi a notícia que ela veio a falecer. No momento eu não conseguia acreditar, pois tudo tinha dado certo para a realização da cirurgia, e, ainda assim, ela perdeu a vida.

Isso tudo mexeu muito comigo, especialmente ao me lembrar da foto que tirei da paciente com a mãe, que talvez poderia ter sido a última foto delas juntas e eu estava ali, presenciando esse momento.

Essas experiências são as que mais marcam, porque, mesmo pelo o pouco que conhecemos dessas pessoas, quando elas se vão, nós também perdemos algo. 

Pelo seu ponto de vista, o que traz as críticas negativas quando se trata do acesso gratuito à saúde aqui no brasil?

Acredito que essas críticas vêm por conta da má gestão. O sistema transborda de pessoas que precisam de atendimento, falta gerenciamento qualificado do governo para desafogá-lo, com mais médicos e mais unidades de saúde.

Mas também penso que parte das críticas pode existir por falta de informação, afinal, há quem resuma o sistema apenas à demora do atendimento. É um país inteiro para um sistema gratuito, logo a demanda será maior do que a estrutura atual do SUS. Porém, é um sistema que funciona e salva vidas, ele é geral, nacional e disponível a todos, presta serviços a qualquer pessoa que precise de atendimento emergencial. Até mesmo quem possui plano de saúde é socorrido primeiramente pelo SUS.

Na realidade, são muitas camadas, como a falta de investimento e de destinação de recursos a saúde.

O que o jornalismo pode fazer para mudar essa ideia negativa sobre o SUS?

Penso que o jornalismo tira essa máscara de que o SUS é somente sobre coisas ruins quando a mídia passa a divulgar as ações positivas que essas unidades de saúde proporcionam. Por exemplo, no HGG, temos diversas iniciativas mostrando para a imprensa nosso trabalho, estrutura e equipamentos que temos. Mostramos, que, mesmo sendo um hospital estadual, podemos entregar cuidado e qualidade.

O papel do jornalismo é esse, checar, destacar o que é diferencial e trazer a informação clara e objetiva. Isso ajuda na construção de que temos um sistema funcional.

O que mais traz satisfação na sua carreira atualmente?

Minha maior satisfação é ser desafiada e ter condições técnicas e emocionais de resolver determinadas demandas. Fico muito feliz e realizada quando um trabalho no qual me envolvi esta concluído e eficaz.

Como jornalista, tenho um perfil mais voltado por trás das câmeras. Gosto muito mais de produzir, e quando vejo todo o esforço que tive para chegar em um resultado final sendo divulgado, me sinto bem e reconhecida comigo mesma. Sei que aspectos do meu trabalho e minha personalidade fazem a diferença. Me valorizo como jornalista pois embora muitas pessoas não reconheçam a importância da nossa profissão, eu busco entender constantemente meu lugar e como estou atuando para atribuir coisas boas as outras pessoas.

No meu caso de jornalista de saúde, é incrível poder ter a oportunidade de me aproximar, perguntar e questionar e, às vezes até encontrar um paciente na rua e perceber sua melhora, tudo isso é extremamente gratificante.

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