- Renata Costa: trajetória, desafios e ética no fazer jornalístico - 2 de maio de 2025
Com uma carreira consolidada no jornalismo televisivo, Renata Costa é uma profissional que alia técnica, sensibilidade e compromisso ético. Desde a infância, sua vocação pela comunicação se manifestou de forma espontânea, sendo lapidada ao longo dos anos por meio de experiências diversas e coberturas marcantes. Nesta entrevista, Renata compartilha reflexões profundas sobre os caminhos que a conduziram à profissão, os dilemas do jornalismo contemporâneo — como a luta contra a desinformação — e os desafios enfrentados especialmente por mulheres na área. Além disso, discute a importância da formação acadêmica e do exercício da empatia na construção de narrativas socialmente relevantes. Um relato que oferece não apenas um panorama da prática jornalística em Goiás, mas também valiosas contribuições para o debate sobre ética, responsabilidade social e o papel transformador da imprensa.

Eduarda Feitosa: Como começou a sua paixão pelo jornalismo? Algum momento ou pessoa específica que te inspirou?
Renata Costa: Desde pequenininha eu decidi que eu queria fazer jornalismo, então eu tinha 5, 6 anos de idade e eu falava para a família toda que eu seria Jornalista. Lá em Minas é muito comum um “toquinho” de madeira com um preguinho na ponta que a gente usava para poder abrir garrafa. E eu pegava aquele toquinho e desde pequenininha eu saía entrevistando o pessoal da família toda. Então quando tinha alguma coisa na família, eu que falava, né? Eu era a faladeira da turma. Eu sempre gostei muito de jornalismo, eu fazia algumas coisas paralelas que iriam no futuro complementar essa minha profissão.
Eu gostava de teatro, eu me inscrevi num programa de leitura de poemas na Rádio Universitária de Lavras. Eu fazia coisas que, sem querer, eu estava moldando as ferramentas que eu precisaria para me transformar numa jornalista de televisão. Então, quando tinha sarau na escola, eu gostava de ajudar, eu fazia a leitura das apresentações. Sim, eu sempre estive atuante em alguma coisa que lidasse com a fala, com a apresentação, com a desenvoltura, com a disponibilidade de você juntar informação e ter que ser sucinta para dividir com mais alguém. Então, isso foi moldando o que eu gostava de fazer, entendeu?
E, levando em consideração a sua segunda pergunta, uma pessoa me inspirou, eu já estava mais velha, mas eu era encantada com jornalismo de televisão e acompanhei a cobertura da queda do muro de Berlim. Por ocasião, digamos assim, do fim, entre aspas, da Guerra Fria, quando Pedro Bial, do Portão de Brandemburgo, fez uma aparição ao vivo no Jornal Nacional e foi muito emocionante vê-lo pegando um pedacinho do muro de Berlim, o muro que eu não tinha nem muita concepção do que era, porque quando a gente é mais novo, a história chegava para a gente picotada, né?
Hoje eu tenho dimensão do que era aquela separação, do que significava para o mundo aquele símbolo de separação entre o Oriente e o Ocidente. E aquilo me encantou, porque eu olhava para ele e falava: “Gente, ele tá fazendo parte da história. Quando ele estiver lá mais velhinho, lá na frente, ele vai poder contar que ele estava ali naquele momento”. E aquilo me deu uma inspiração muito grande. Eu falei: “Agora eu quero ser jornalista de televisão”.
Eduarda Feitosa: Aproveitando o gancho, você teve alguma reportagem que você considere marcante e que poderá ser lembrada futuramente como um acontecimento importante na sua carreira como jornalista?
Renata Costa: Olha, tem algumas coisas bem bacanas que a gente faz, né? Aqui em Goiânia tem uma série sobre o Césio 137, porque o Césio 137 foi um acontecimento. Ele é o maior acidente radiológico do mundo. E a gente não tem outro registro no mundo de algo parecido com o que aconteceu. Só que acho que a população ainda não se atentou para o que nós vivenciamos. A gente não tinha nada de específico em termos de registro de imagem que pudesse ser consultado, então a gente precisou fazer uma série especial de reportagens para contar o que foi o acidente. E foi muito interessante, porque a gente teve que reviver tudo aquilo novamente e muitas vítimas, ou parentes de vítimas ainda estão vivos, então, eles puderam contar com a gente e nós remontamos um acidente de 30 anos, com as pessoas que estavam lá, que viram a cena e que poderiam estar contando detalhes, assim, que nem foram contados ou falados na época. Porque a repercussão continua até hoje.
E no ensino médio e no fundamental a gente não tem registro disso. Se tiver é uma frase, um parágrafo. Isso que aconteceu foi muito sério. E a gente não pode esquecer o passado porque a gente aprende com ele. Até hoje eu tenho certeza que coisas podem ser mudadas e melhoradas no sentido da gente oferecer uma segurança maior quando você trabalha com radiação, né? Com materiais que podem causar danos. Eles causam benefícios, trazem benefícios, mas, quando não são cuidados da maneira correta, o que acontece? Vira um Césio 137, vira uma Chernobyl da vida. Então, acho que o governo brasileiro não se deu conta da importância disso ainda.
Mas nós fizemos um registro muito bom, uma série que se transformou num programa que tem quase 50 minutos, contando com entrevistas da época, relatos de pessoas que sobreviveram, gente que estava envolvida no acidente que está vivo até hoje. Então a gente tem isso, isso é muito valioso, tá na internet, qualquer um pode procurar e isso é muito, muito importante para que as pessoas não esqueçam o passado. Então tá lá registrado uma série maravilhosa feita a muitas mãos com produtores, editores, cinegrafistas, repórteres e a gente conseguiu fazer um trabalho muito bacana.
Agora, tem uma outra reportagem, só mencionando a título de impacto. Eu contei uma que não causou impacto, mas ela ficou para os canais. Mas a gente tem também aquela que tomou uma proporção gigantesca que foi uma reportagem investigativa a respeito de funcionários fantasmas que estavam lá, recebendo sem trabalhar na Assembleia Legislativa de Goiás. A gente fez essa matéria investigativa em 2016, ela tomou uma proporção gigantesca porque o ato da indignação que me acometeu no dia gerou uma atitude que fez com que as pessoas também caíssem num gracejo, embora respeitassem demais o meu trabalho, acho que acabou se transformando num estereótipo de pessoa que é pega fazendo alguma coisa que não devia, que foi a reportagem do “Senhora Senhora” e todo mundo conhece.
E eu fiquei e sou muito grata porque isso me abriu muitas portas. Em que sentido? Não que eu tenha recebido financeiramente por isso, mas isso é um cartão de visita onde vou hoje, as pessoas sempre se recordam dessa reportagem, acima de qualquer outra que eu tenha feito ou de qualquer outra que tenha sido feita no país. Então, assim, eu já viajei para alguns lugares turísticos, somente a passeio e ali no meio daquelas pessoas todas desconhecidas que ninguém sabia nem a minha origem, de repente alguém me acha lá no meio e começa: “Você não é aquela repórter que fez aquela reportagem que correu atrás da funcionária fantasma?”
Eduarda Feitosa: Qual foi a reportagem mais desafiadora que você já fez?
Renata Costa: Tem algumas coisas assim que depende do contexto. Se for em termos de desafiador para a própria segurança, eu me lembro de no começo da minha profissão ter que fazer uma uma investigação a respeito de uma clínica que fazia hemodiálise lá no interior de São Paulo, onde eu trabalhei. E eu tinha um ano e meio de formada, 2 anos, no máximo. As mortes começaram a acontecer. Então assim, entravam 15, 30, 40 pacientes por dia para fazer hemodiálise lá e 20 morriam. Era uma coisa escandalosa e a gente começou a mexer nessa treta toda. Eu lembro que eu era novata, bem jovem, 20, 22, 23 anos, porque eu me formei muito nova, entrei na faculdade com 17 anos. E eu já recebia ameaças de morte. Ali ou você continuava, porque é cara de pau mesmo, ou voltava para trás.
Um desafio para a segurança em Goiânia foi quando o Parque Oeste Industrial foi desocupado e nós fizemos toda a cobertura. Eu me lembro de estar fazendo um ao vivo em cima do caminhão de transmissão e eu vi alguma coisa passando assim, parecendo uma faísca. O que era isso? Tiro, bala, passando do lado da orelha. Então, a gente desceu do caminhão e continuou fazendo ao vivo.
Já fiz reportagem investigativa em Campinas, São Paulo, quando nós precisamos entrar na maior favela urbanizada do país, que era o Parque Oziel e lá você tinha que pedir permissão para o traficante para poder entrar. E a gente teve que ir para poder subir para entrevistar uma senhora que estava lá precisando de ajuda, ela precisava de uma cirurgia. E se eles não deixam você subir, você não sobe.
Também fui desafiada quando pediram para ser repórter atleta. Tem a caminhada ecológica aqui em Goiás e a minha supervisão disse que gostaria de fazer uma reportagem diferente. Os atletas da caminhada ecológica vão levando uma mensagem de preservação ambiental pelo caminho onde eles passam. E eles andam 360 km em menos de uma semana. Aí me disseram: “Você vai fazer só um trecho”. E eu falei: “Não, tá, eu dou conta”. Já corri 20 km na esteira mesmo. Eram 45 km.
E só não me disseram que era o trecho mais puxado. Eu fiz essa caminhada de 45 km, não subi no carro. Eu realmente caminhei, na verdade é um trote, né? Eles só andam trotando 45 km, eu quase morri, mas eu cheguei. Então, para mim, foi uma das coisas mais emocionantes na vida, porque o corpo falou pelo menos umas quatro, cinco vezes que era para desmaiar e eu falava: “Não, eu vou chegar”.
E foi muito interessante, porque eu fui saudada como se eu fosse uma atleta, eles ficaram muito empolgados com o meu empenho, minha participação. E ali você vê aonde vai o limite humano. Eu acho que não era pela reportagem. Eu tava tão empolgada de estar caminhando com eles e eles tão animados, porque eu tava dando conta de fazer uma coisa inacreditável, uma pessoa que nunca treinou andar 45 km, que era o treino que eu ia fazer, e eu consegui chegar com incentivo, com o apoio deles. Ali não tinha repórter, ali tinha o ser humano Renata, que queria a superação.
Eu queria dar conta de fazer aquilo. E graças a Deus, eu dei. E outras coisas mais que a gente vai lembrando ao longo da vida, são coisas muito bacanas que ajudaram a compor a personalidade que eu tenho. Porque é passando desafio e sufoco que vai te determinar quem você vai ser essa profissional, como que você vai ser, quem você vai ser como pessoa, porque os encontros que a gente vai tendo na vida ao longo do jornalismo foram essenciais para a transição de carreira que eu fiz agora. Foi através de entrevista que moldou essa pessoa que eu sou hoje.
Eduarda Feitosa: O jornalismo regional lida muito também com a proximidade com o público. Como você equilibra imparcialidade e empatia ao contar histórias locais?
Renata Costa: Essa aí é uma pergunta difícil, hein? Nossa, equilibrar. A gente entende esses conceitos e recebe eles de forma acadêmica quando você está na faculdade. E eles são essenciais para sua formação porque não se faz profissional ético sem a academia, sem frequentar os lugares que te levam a uma reflexão do ofício. E onde que a gente consegue isso? Dentro da universidade. Por isso estudar jornalismo é importante. Quem não tem diploma de jornalista – não estou generalizando – mas a tendência é você agir como se o jornalismo fosse um instrumento de julgamento, de condenação e de execução. Porque no jornalismo, discutido na universidade, a gente aprende o quão perigosa pode ser essa ferramenta. E ali você leva uma reflexão dos muitos ambientes onde você pode exercer essa profissão com imparcialidade, com objetividade, né? Só que existe uma coisa natural do ser humano que são os conceitos que são recebidos ao longo da vida. Não tem como dissuadir o que eu sou, a cultura de onde eu venho, o local que me formatou daquela profissional que tem valores. Então, tem coisas que a gente não compactua, então, a gente não vai sebrando nas palavras, se é que você me entende.
Empatia, a gente tenta ter absolutamente com relação a todos os assuntos que nós cobrimos todos os dias. Uma coisa que eu aprendi foi me colocar no lugar do outro. Cuidado com onde você chega com esse microfone, porque muitas vezes você tá agredindo as pessoas que estão ali. Você não está ali para fazer um show. Você não é artista, você não é o político, você não é o responsável do órgão público que vai solucionar o problema de vazamento na no asfalto. Então, você tem que se posicionar no lugar onde você está, dando voz às pessoas, porque muitas vezes eles nos chamam para poder fazer uma reportagem, achando que somos as pessoas que irão solucionar o problema e muitas vezes apanhamos como se nós fossemos responsáveis mesmo. Apanhamos no sentido de que às vezes são grosseiros, nos recebem com pouca empatia. Então, o que é que acontece? Empatia o tempo todo. A gente não é órgão de segurança, nós não somos políticos, a gente não é popstar, tem que se colocar no lugar do jornalista e o jornalista, para ter uma boa história, ele tem que se colocar no lugar da pessoa. Porque senão você não vai ter o sentimento, o sentido que você precisa para passar aquela reportagem e fazer de fato que o objetivo dela é fazer uma transformação social.
Toda a reportagem gera um impacto em alguém. Seja positivo ou seja negativo, vai depender da forma como você for objetiva na escolha das suas palavras. Toda reportagem vai levar uma pessoa a pensar sobre determinado assunto. Ela vai tomar partido ou ela vai ser contra? Você tem que muni-la de uma circunstância onde ela possa escolher o lado dela e não você conduzir o lado dela.
Eduarda Feitosa: Como você vê a evolução do jornalismo em Goiás nos últimos anos? O que mudou na forma de informar?
Renata Costa: O jornalismo tem um contexto de responsabilidade social, mas também um cunho comercial — ele precisa manter uma programação local de qualidade, isenta, objetiva e responsável para conquistar a confiança do público e também o interesse dos anunciantes. As duas coisas precisam andar juntas: um jornalismo sério e um departamento comercial forte. No passado, especialmente em Goiás, existia um clientelismo muito grande, com veículos sustentados por publicidade governamental e ligados ao coronelismo. Durante muito tempo, o jornalismo não atendia ao interesse da população — greves, por exemplo, não eram cobertas, mesmo sendo fatos que impactam a vida das pessoas. Isso acontecia porque não interessava à classe patronal. Com o tempo, houve uma transição: o jornalismo passou a ter uma voz ativa, reflexiva e crítica. Hoje, mesmo que incomode os setores politicamente e economicamente favorecidos, as coberturas são mais comprometidas com a realidade da maioria. Existe uma busca por imparcialidade, isenção e responsabilidade. Fake news não é papel da imprensa, mas de quem não tem formação ética ou legal. Eu vi, sim, uma diferença na cobertura — um jornalista mais combativo, aguerrido, reflexivo, que gera na população a oportunidade de ter senso crítico.
Eduarda Feitosa: Qual você acha que é o maior desafio no jornalismo atualmente? E especificamente para mulheres nesse ramo?
Renata Costa: Eu acho que o maior desafio no jornalismo talvez seja sobreviver a essa avalanche de fazedores de fake news. O jornalismo sempre foi tido como uma forma de referência quando as pessoas queriam se informar, queriam saber se uma coisa era verdade, e a gente via as pessoas procurando na fonte — seja numa rádio, seja num jornal impresso, num plantão de notícias.
Mas hoje uma coisa muito grave aconteceu, que foi a associação da imagem de quem trabalha com os meios de comunicação aos que têm um celular na mão e podem fazer o que quiserem. Infelizmente, a legislação não abarca pessoas que fazem o que querem e muitas vezes destroem reputações, comprometem projetos que são importantes.
Então, a pessoa que uniu isso deixou um débito muito grande com a nossa sociedade, né? A gente ter levado a pecha de pessoas que não fazem as coisas com qualidade e muito menos com seriedade. Há uma diferença muito grande entre o fazedor de fake news e o jornalista. O jornalista vai prevalecer, mas é preciso se reinventar. É simplesmente porque hoje qualquer pessoa monta um jornal no YouTube, na internet, e daqui a pouco pode falar o que quiser — e dificilmente você vai conseguir enquadrá-lo na lei de imprensa para que ele possa responsabilizar-se pelos atos que praticou. Então eu acho que o maior desafio hoje é esse: é a gente continuar firme fazendo o que precisa para que a sociedade seja bem formada. Lembrando que uma sociedade democrática é aquela que respeita o direito do outro, de se posicionar, de falar. Mas é necessário que haja lei separando, né, o joio do trigo. Jornalista profissional é uma coisa, fazedor de fake news é outra. E o segundo compromete demais o trabalho do primeiro.
Para as mulheres, eu vejo uma ascensão cada vez maior ao mercado do jornalismo. Mas infelizmente existe uma segunda corrente que compromete essa envergadura feminina. Muitas pessoas acabam confundindo o jornalismo com as redes sociais, no sentido de se autopromover. Eu sou do princípio de que o jornalista vai atrás da matéria e passa um olhar para que todos fiquem sabendo aquilo que é necessário divulgar para a sociedade. Só que hoje, muitos — inclusive formados — estão entendendo o jornalismo como um caminho para o “pote de ouro”, se fazendo propagadores de notícias nas redes sociais, mas dando mais ênfase à própria vida pessoal do que à cobertura de reportagens. A gente tem grandes profissionais, com blogs e perfis sérios que contribuem demais para a sociedade. Mas também há uma turma que acha que vai ficar famosa levando a rotina de jornalista para a rede social, e ela acaba sendo maior do que a própria notícia. Isso acontece muito com o público feminino. Não importa a notícia que está sendo dada, desde que a pessoa apareça na tela, que o nome dela esteja sendo publicizado. Estão confundindo com os personal influencers. Existe uma diferença muito grande entre ser colunista social — que muitos fazem hoje, valorizados pelas redes — e fazer jornalismo puro, hard, que descreve os fatos da vida.
As redes sociais estão sendo usadas como plataforma para catapultar o próprio sucesso, e o jornalista fica em segundo plano. Isso, para mim, não é jornalista. Acho que vamos ter que criar uma nova categoria para colocar esse pessoal.
Eduarda Feitosa: Agora, para finalizar, se pudesse dar um conselho para um jovem jornalista que está começando na profissão, qual seria?
Renata Costa: Eu acho que não é nenhum conselho, é vivência. Eu nunca falei sobre essa composição que vou te dizer agora, mas acredito que, sobretudo, o jornalista precisa estudar ética. Para nos tornarmos pessoas que agregam à sociedade, temos que entender que não somos, primeiramente, a matéria-prima do nosso ofício. Nós não somos a informação. Nós não somos o fazedor da informação. Nós só a reproduzimos. E para reproduzir essa informação, dando ao telespectador, ao ouvinte, ao leitor e ao internauta a oportunidade de se posicionar de maneira mais crítica, precisamos fazer valer os valores que estamos vendo se perder na sociedade: ética, moral, respeito, empatia. O que sugiro hoje é que os cursos de jornalismo possam provocar mais reflexão sobre isso, que mergulhem na ética, nos princípios éticos dos valores gregos, como os de Aristóteles, Epicuro, e outros filósofos da antiguidade. Esses valores foram passados por Michel Foucault e outros nomes da filosofia moderna. Precisamos remontar esses valores éticos para não nos perdermos no que a sociedade tem vivenciado, que é algo volátil, substituído, fragmentado. A gente se perde no que precisamos fazer. Não podemos desviar da nossa linha: o que é certo é certo, o que é errado é errado. Se o jornalista compactua com o que é errado, ele não pode se ver como alguém que está informando a sociedade para ajudá-la a ter senso crítico. Não podemos fazer simplesmente o que queremos com a informação. Temos que ter ética, moral e respeito. Com a onda de fake news, muitos acham que vale fazer qualquer coisa, mas não pode ser assim. Então, sugiro que as pessoas que estão focadas em trazer um jornalismo com responsabilidade social e que faça transformação positiva na sociedade, precisam dominar a ética, saber sobre respeito e valores. E nada melhor do que imergir nesse mundo para concretizar valores firmes e não ser corrompido quando entrar numa redação.