- Rap goianiense: A Conquista de Espaço nas Ruas de Goiânia - 10 de maio de 2025
Imagem gerada com inteligência artificial
Nos últimos anos, o Rap, movimento que surgiu na Jamaica na década de 1960 e se popularizou nos bairros mais pobres dos Estados Unidos nos anos 70, tem ganhado grande influência em todo o mundo, e as ruas brasileiras não ficaram de fora desse significativo avanço cultural. São Paulo e Rio de Janeiro são reconhecidos como o “eixo”, capitais que exploram as diversas expressões do hip hop e disseminam a identidade e a grandeza inerentes a esse movimento popular.
Embora as duas capitais detenham o principal reconhecimento pelo trabalho expressivo e pela influência do Rap na cultura brasileira, por terem sido berços de grandes nomes do hip hop como Racionais MC’s, Emicida, Sabotage e Criolo, entre muitos outros, isso não significa que sejam os únicos estados a desenvolver um trabalho cultural forte e notável no país.
Pelo contrário, desde os anos 1980, Goiânia vem desempenhando um papel expressivo e de peso, conquistando a cada ano mais espaço e reconhecimento por esses esforços. Hoje, a metrópole valoriza a diversidade cultural, sedia festivais de Rap e é palco de artistas influentes como Calango Nego, Kaemy e Yung GB. Confira abaixo uma linha do tempo interativa que revelará os principais acontecimentos da história do Rap em Goiânia nos últimos anos:
O hip hop se manifesta de forma crítica e política, buscando transmitir mensagens que abordam o cotidiano e os conflitos enfrentados por um público majoritariamente preto e periférico. Esse fator pode ser considerado o principal desafio para a disseminação de ideias e valores, tendo que lidar com a descredibilização e o preconceito criados em torno dos MCs, rappers, b-boys e grafiteiros que buscam profissionalizar sua arte.
Luciano Cachimbo, rapper, diretor de Arte e mestrando em Artes da Cena pela UFG, comentou a respeito da valorização do movimento nas ruas da capital goiana e afirmou: “Hoje, a cena se espraiou para diversos lugares. Se existe uma caixa de som, um celular com beats e um grupo de pessoas que ama a cultura, a magia acontece. Muita gente percebeu isso também, o que me leva a crer que, seja pelo entendimento e aceitação da cultura ou pelo simples consumo do que ela produz, cada vez mais olhos e ouvidos se abrirão.”
A cena do Rap tem ganhado cada vez mais espaço de manifestação dentro e fora da capital goiana. Um exemplo disso foi a participação da MC goiana Kaemy na maior competição de batalhas de rimas do país em 2023, na qual foi vencedora, superando os melhores MCs do Brasil e recebendo o título de maior MC brasileira.
As batalhas de rimas são pontos de partida importantes para os jovens que se interessam pela arte e buscam participar e estar em contato contínuo com a cultura. Luciano menciona que esse espaço contribui para a união das minorias, reforçando a representatividade social desses grupos e a convergência de pensamentos críticos: “Faz com que o rap de Goiás vá se transformando em um palco de debates sobre a existência humana no planeta, as relações interpessoais e com outros elementos presentes na Terra.”
Em 2022, o Rap em Goiânia passou a ocupar um importante espaço na sociedade. Na busca de preservar a história do movimento em Goiás e eternizar a identidade cultural construída, a capital tornou o hip hop um patrimônio imaterial por meio da lei municipal nº 10.805, de 19 de julho de 2022. Esse evento cultural reforçou o espaço conquistado pelo movimento e serviu como incentivo para as oportunidades e a participação social nos eventos e encontros promovidos pela cultura hip hop em Goiás.
A cena do Rap continuou seu avanço nas ruas da capital goiana e abriu as portas para diversos eventos e festivais focados na manifestação brasileira de hip hop. Entre eles, destacam-se o Rap In Cena Festival, RapGround Festival, Rap Game e OFF Festival, que receberam artistas de todo o Brasil e proporcionaram uma experiência única baseada na essência do Rap.
O professor e mestre em História pela UFG Allysson Fernandes, que desenvolve há 20 anos pesquisas a respeito do hip hop, música e história cultural, afirmou em entrevista que as parcerias entre artistas, as relações virtuais, os produtores e a participação em eventos facilitam as conexões. A partir disso, hoje é possível notar assuntos “globalizados” na cena. Ele acrescentou: “Os jovens se apropriam do rap para poder se expressar. Em uma sociedade racista e desigual como a brasileira, o rap é uma possibilidade criativa para ‘sobreviver no inferno’.”
A história de resistência e conquistas do Rap na capital goiana continua sendo escrita. Enfrentando os desafios de sobreviver às questões sociais, o hip hop segue exercendo sua forte influência cultural e hoje já ocupa diversos espaços públicos. Logo abaixo, você terá acesso a um mapa interativo que revela alguns desses ambientes dominados pelo hip hop em Goiânia:
https://timely-eclair-1a981e.netlify.app/: Rap goianiense: A Conquista de Espaço nas Ruas de GoiâniaO Rap regional busca democratizar a cultura e a arte, impulsionar os artistas locais e incentivar o compartilhamento de vivências e princípios, ressaltando o hip hop como uma força de união, luta e transformação social em todo o estado. Assim como o Professor Allysson Fernandes, o diretor de Arte Luciano Cachimbo acredita na evolução, no compromisso e no futuro do movimento cultural em Goiânia: “O Hip Hop é muito mais que mercado, é compromisso com um mundo mais justo e equânime.”