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Introdução

Lucas Gabriel, universitário, desenvolveu tosse persistente após se recuperar da Covid-19, um sintoma da Covid longa. Como ele, cerca de 4 milhões de brasileiros enfrentam sequelas pós-infecção, como fadiga, problemas respiratórios, neurológicos e mentais. A falta de diagnóstico preciso e soluções médicas é um desafio.

Panorama

Nem todos os infectados pela Covid-19 desenvolvem sequelas, mas estima-se que 10% a 20% tenham sintomas prolongados. Pessoas com sistema imunológico mais fraco, lesões pulmonares ou resposta imune desregulada são mais vulneráveis. O vírus ataca principalmente os pulmões, mas também afeta sistemas neurológico, cardiovascular e muscular.

Medicina

Idosos, pessoas com comorbidades e imunodeprimidos são os mais afetados pela Covid longa. A medicina ainda busca entender as sequelas, mas o foco atual é no controle dos sintomas. Vacinas, máscaras e distanciamento foram cruciais na prevenção. Apesar dos avanços, ainda há muitas incógnitas sobre os efeitos a longo prazo.

Campo de Pesquisa

Estudos destacam a importância da vacinação para reduzir casos de Covid longa, mas não há tratamentos específicos. O monitoramento de variantes é essencial, pois o vírus sofre mutações rápidas. No Brasil, a pesquisa enfrenta atrasos por falta de investimento em ciência e tecnologia, diferentemente de países desenvolvidos, que responderam mais rápido à pandemia.

*Aplicação gerada pelo DeepSeek - A 'função' interativa de resumo foi criada através das funcionalidades do DeepSeek, portanto a aplicação foi feita em código .html por meio de uso de IA (DeepSeek).

Lucas Gabriel, estudante universitário, meses após ter diagnosticado positivo para Covid-19 e ter se recuperado, começou a apresentar episódios de tosses esporádicas, que com o passar do tempo se tornaram ocorrências mais frequentes e preocupantes. Com seu bem-estar e cotidiano comprometidos, o universitário procurou por auxílio médico para sanar suas dúvidas a respeito daquela prerrogativa, assim como uma possível solução. “Por causa dessa tosse pesada que eu estava tendo, procurei vários médicos para tentar resolver meu problema, e em todos que eu fui não obtive nenhuma solução aparente.” 

Assim como ele, estima-se que nos últimos cinco anos houveram cerca de 4 milhões de brasileiros afetados por casos de Covid longa no Brasil1. Um dos principais desafios dos afligidos pelos sintomas da Covid longa são seus sintomas, muitas vezes confundidos como indicativos de outros enfermos. Dentre os sintomas mais relatados2 são problemas associados a questões mentais como ansiedade e perda de memória, físicas em geral como fadiga excessiva, dores nas articulações, insônia e queda de cabelo, além de dificuldades nas atividades respiratórias, como imbróglios na respiração, tosses, dores no peito e a perda parcial das capacidades olfativas.  

Sintomas Pós-COVID

Sintomas Pós-COVID por Categoria

Fonte/Dados: Caderno de saúde pública de 2024 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) - Imagem: gerada pelo DeepSeek - O Gráfico e as funções interativas foram criadas através das funcionalidades do DeepSeek, portanto a aplicação foi feita em código .html por meio de uso de IA (DeepSeek).

Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 3no Brasil foram reportados cerca de 37 milhões de casos de covid, tendo quase 708 mil dessas ocorrências resultado em óbitos. Pesquisas realizadas em âmbito brasileiro, como os estudos hospitalares realizados por pesquisadoras no Mato Grosso4, apontaram pacientes com idade mais avançada, menor renda financeira, e portadores de  comorbidades como a parcela mais fragilizada diante das sequelas do pós-covid. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim do estado emergencial de saúde do Covid-19 em maio de 2023, quando a cobertura vacinal havia contemplado grande parte da população mundial e concomitantemente havia registrado uma redução dos números de casos agudos e de óbitos, entretanto ainda é necessário oferecer um respaldo aos resquícios da Covid-19, na forma da Covid longa, especialmente pelo seu impacto remanescente, sobretudo pelo caráter ainda recente da pandemia, e no Brasil, em especial, por não haver campanhas ou uma tentativa das autoridades na busca de informações e cobertura sobre este fenômeno.

Panorama

Dentre os mais variados casos de Covid-19, não são todos eles que irão deixar resquícios posteriores aos contaminados com o agente infeccioso. Segundo dados levantados pela OMS5, aproximadamente 10% a 20% dos pacientes que contraíram a doença, apresentam uma gama variada de sintomas (de curta/média duração e efeitos adversos) mesmo após a recuperação do contágio inicial. Segundo o professor Rui Gilberto Ferreira, docente da Faculdade de Medicina da UFG, uma grande parcela dos contaminados com o vírus não desenvolvem lesões ou sequelas devido ao próprio status imunitário da pessoa, assim como o quão bem um determinado paciente enfrentou os sintomas de infecção.

Contudo, há também aqueles que sofreram lesões mais sérias no tecido pulmonar, ou sofreram comprometimentos musculares, quadros neurológicos, possuindo alterações sistêmicas em seus corpos e consequentemente estarão mais vulnerabilizados. Outra observação relativa às sequelas deixadas pela contaminação inicial, estão intimamente ligados com a resposta do sistema imune, que em muitos casos pode ser uma reação exacerbada ou mesmo tardia do sistema adaptativo, e quando essa resposta chega, o quadro inflamatório pode ser pior.

O vírus age de forma sistêmica, possuindo um tropismo maior pelo parênquima pulmonar, isto é, seu principal meio de entrada é pela via respiratória, que é muito atingido justamente porque ao encontrar as células, se replica e causa inflamação. Entretanto, o patógeno também agride o organismo de uma forma geral, como o sistema neurológico, muscular e cardiovascular. Um dos principais receptores utilizados, o S2, é essencial fisiologicamente para o corpo no controle da vasopressina, e este receptor se encontra espalhado nos mais diversos órgãos do corpo humano, e com a possibilidade do agente patogênico se reproduzir e disseminar rapidamente, esta é umas das explicações para a vasta lista de sequelas atualmente atreladas a Covid longa.

Medicina 

Uma atenção especial é sempre dada à parcela mais vulnerável da sociedade frente ao Sars-Cov-2, especialmente porque é a parcela dos mais fragilizados que compõem em maior grau os números de afetados pelo micro-organismo viral. Alguns apontamentos indicam que idosos, portadores de comorbidades em geral e pacientes imunodeprimidos são os mais propensos a desenvolverem quadros mais graves, tanto na infecção aguda quanto em suas sequelas. Comorbidades em geral, muitas vezes estão conectadas com aspectos genéticos, porém premissas nesse sentido ainda são prematuras do ponto de vista científico. 

Alguns trabalhos recentes pendem para esta conclusão, como associação de tipos sanguíneos com uma maior predisposição à infecção. Quando se fala em vírus, leva-se em consideração também fatores individuais, como o sistema HLA, componente importante do sistema imunológico do corpo, e características mais específicas de cada indivíduo ou população, mas há desenvolvimentos neste sentido que estão tentando realizar essas associações da genética com a atuação de vírus no corpo.

Entretanto, quando se refere a Covid longa, suas características e especialmente suas sequelas, a Medicina ainda caminha de forma vagarosa e com cautela. O principal enfoque nesse sentido, se dá a partir de conhecimentos já estabelecidos, e o consenso em torno das questões que estão relacionadas com as sequelas é a preeminência do controle e atenuação da situação, como a melhor abordagem. As medidas sanitárias impostas no período da pandemia como distanciamento ao apresentar um quadro infeccioso, álcool 70, máscaras, e em especial a imunização, foram imperial na execução deste plano, fazendo valer aquele velho ditado popular, “melhor prevenir do que remediar.

A medicina de uma forma geral, desconhece várias questões e busca elucidar-se em muitos aspectos que desrespeitam o panorama das consequências da doença no Brasil. “Já fizemos a ampla vacinação no Brasil, e isto melhorou muito, acho que alguns tempos atrás estava mais fora do controle, mas houve um grande número de infectados, com uma prevalência de casos nos últimos tempos e também um grande número de mortes, contudo na medida que novas vacinas vão surgindo, a medicina vai dando respostas bem rápidas neste ponto.” completa Prof. Rui sobre o quadro geral de Covid no Brasil.

Contudo, quando se trata desta temática, muito ainda precisa ser estudado. O professor ainda reitera os meandros do Pós-pandemia: “Em termos de sequelas, nós vamos ter que observar e analisar, o fato é que nós pensávamos que havia a doença aguda e quando se tratava, resolvia a situação, mas parece que não, vai deixar um legado, especialmente nas pessoas que tiveram a forma mais grave.”

No campo da pesquisa

O campo científico também não poupa esforços para obter respostas e soluções para essa questão. A pesquisa é realizada a partir de critérios e avaliações clínicas, exames e a própria queixa do paciente, e a partir disso é realizada análises e desdobramentos dos dados recolhidos. Menira Borges de Lima Dias e Souza, Professora e pesquisadora de virologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), reitera a importância da vacina, com o foco na imunização da grande parcela da sociedade sendo de suma importância, pois o reforço é essencial para atuar como uma resposta primária contra o vírus em caso de recontaminação e infecção.

A vacina é preventiva no sentido de oferecer ao sistema imune uma possibilidade de melhor reação frente ao contágio. Segundo pesquisas americanas de estudo de base populacional6, existe uma redução na manifestação da Covid longa em indivíduos imunizados pela vacina, mas não existem tratamentos ou medicamentos específicos para tratar as consequências deixadas, e a recomendação é a procura de um atendimento incisivo ao médico especializado em relação ao enfermo.  

Outra questão importante dentro do campo de pesquisa é o monitoramento epidemiológico, pois é natural da constituição de todo vírus de RNA, mutar-se constantemente, seja pela própria questão inerente do processo de replicação, em que há erros nessa configuração de nucleotídeos ou estando sobre pressão evolutiva, sendo atacado por anticorpos. Menira também ressalta o valor de se manter atualizado com o andamento dos processos: “Quando surge uma nova variante, faz-se o sequenciamento genômico e o monitoramento epidemiológico, e por isso este acompanhamento por sequenciamento é muito importante, pois assim se entende o que está circulando e aí vão se descobrindo novas variantes”.

Esse rastreamento é fundamental, pois é assim que descobrisse novas capacidades atreladas às mutações, como maior facilidade de adentrar nas células, capacidade de neutralizar o sistema de defesa e nos alertar em casos que a mudança alcance um patamar tão elevado, que os métodos mais atuais de diagnóstico, tratamento e as vacinas não contemplam mais a cobertura de atuação desse patógeno. 

A virologista conclui que o cenário de pesquisa no Brasil ainda se encontra atrasado em relação ao resto do mundo em termos de estrutura, tempo de resposta e recursos em geral. “A gente viu isso com a questão das vacinas, em menos de 1 ano outros lugares já tinham duas vacinas para uso emergencial, e em países desenvolvidos que investem mais em ciência e que possuem os parques vacinais, eles utilizaram tecnologias de outros estudos de doenças para acelerar as pesquisas da vacina do Coronavírus, e aqui no Brasil, quando aconteceu a emergência, a pandemia, nós demoramos e tivemos que transferir tecnologias para depois começar a atuar.

Você está a par das vacinas atualmente aprovadas da Covid no Brasil ? Senão da uma olhada:

Vacinas COVID-19 Aprovadas no Brasil

Comirnaty

Pfizer/Wyeth

🧬 Tecnologia

RNA mensageiro sintético

👶 Faixa etária

A partir de 6 meses de idade

💉 Esquema de doses

  • ≥ 5 anos: Dose única (independente do estágio de vacinação), após ≥3 meses da última dose
  • 6 meses a 4 anos (não vacinados): 3 doses (2 primeiras com 3 semanas de intervalo; 3ª dose após 8 semanas)
  • 6 meses a 4 anos (já vacinados): 1 dose de reforço após ≥3 meses da última dose

Comirnaty Bivalente

Pfizer (BA.4/BA.5)

🧬 Tecnologia

RNA mensageiro sintético (bivalente)

👶 Faixa etária

A partir de 6 meses de idade

💉 Indicação e doses

  • Indicação: Reforço para variantes Ômicron (BA.4/BA.5)
  • Dose única de reforço, aplicada ≥3 meses após série primária ou reforço anterior

Vacina Covid-19

Fiocruz (AstraZeneca)

🧬 Tecnologia

Vetor adenovírus recombinante

👨 Faixa etária

A partir de 18 anos

💉 Esquema de doses

  • Primária: 2 doses com intervalo de 4-12 semanas
  • Reforço: 1 dose (≥6 meses após esquema primário)

Spikevax

Moderna/Adium

🧬 Tecnologia

RNA mensageiro

👶 Faixa etária e doses

  • 6 meses a 4 anos (não vacinados): 2 doses de 0.25mL (intervalo de 28 dias)
  • 6 meses a 4 anos (já vacinados): 1 dose de 0.25mL (≥3 meses após última dose)
  • 5-11 anos: 1 dose de 0.25mL
  • ≥12 anos: 1 dose de 0.5mL
  • ≥65 anos: 1 dose de 0.5mL, com possível dose adicional após ≥3 meses

Vacina Covid-19

Zalika (Instituto Butantan)

🧬 Tecnologia

Proteína S (spike) recombinante + adjuvante

🧑 Faixa etária

Acima de 12 anos

💉 Esquema de doses

  • Primária: 2 doses com intervalo de 21 dias
  • Reforço: 1 dose (≥2 meses após imunização primária)
Fonte/Dados: Ministério da Saúde (Gov.br)7 - Imagem: gerada pelo DeepSeek - O Gráfico e as funções interativas foram criadas através das funcionalidades do DeepSeek, portanto a aplicação foi feita em código .html por meio de uso de IA (DeepSeek).

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Referências Bibliográficas
  1. RAMOS JR, Alberto Novaes. Desafios da COVID longa no Brasil: uma agenda inacabada para o Sistema Único de Saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 40, p. e00008724, 2024. – Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/xvVfjNQxX4c5MqmRbZDxSRz/?lang=pt#:~:text=Com%20base%20em%20uma%20estimativa,-12%25%2016%2C%2018. ↩︎
  2. Informações obtidas a paritr do site da OMS – Disponível em: https://www-who-int.translate.goog/news-room/fact-sheets/detail/post-covid-19-condition-(long-covid)?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc
    ↩︎
  3.  BATISTA, Karina Barros Calife et al. Panorama da COVID longa no Brasil: análise preliminar de um inquérito para pensar políticas de saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 40, p. e00094623, 2024. – Disponível em: https://cadernos.ensp.fiocruz.br/ojs/index.php/csp/article/view/8580/19296#content/citation_reference_2
    ↩︎
  4. ROCHA, Roseany Patricia Silva et al. Post-COVID-19 syndrome among hospitalized COVID-19 patients: a cohort study assessing patients 6 and 12 months after hospital discharge. Cadernos de Saúde Pública, v. 40, p. e00027423, 2024. – Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/zhmLzYby56mjgxdnXYbC7dc/?lang=en&format=pdf
    ↩︎
  5. Informações obtidas a partir do site da OMS – Disponível em: https://www-who-int.translate.goog/europe/news-room/fact-sheets/item/post-covid-19-condition?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc ↩︎
  6. DE DOMENICO, Manlio. Prevalence of long COVID decreases for increasing COVID-19 vaccine uptake. PLOS Global Public Health, v. 3, n. 6, p. e0001917, 2023. – Disponível em: https://journals.plos.org/globalpublichealth/article?id=10.1371/journal.pgph.0001917
    ↩︎
  7. Informações obtidas a partir do site do Ministério da Saúde (Gov.br) – Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/campanhas/coronavirus/vacinas ↩︎

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