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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) surgiu em meados da década de 1980 com o propósito de mobilizar ações junto a trabalhadores e trabalhadoras rurais na busca pela Reforma Agrária, objetivando garantir comida na mesa, alimentação saudável à população e uma distribuição de terras mais justa e igualitária. Desde o início, são incontáveis as tentativas de governos, tanto no âmbito nacional quanto nos estados brasileiros, de repressão a este movimento. Mas, de fato, estas pessoas são criminosas?

Integrantes do MST no Acampamento Cícero Guedes (RJ) – Foto: Clarice Lissovsky

O MST é alvo constante de ataques e matérias tendenciosas por parte da grande mídia brasileira. É mais do que comum encontrar manchetes sobre ações do movimento atreladas a termos como “invasores”, “terror” e “baderna“. Em veículos acessados pela maioria dos brasileiros, fazer a utilização destas palavras é frisar ainda mais a ideia de violência e a ilegalidade do MST. 

Essas palavras não são escolhidas despretensiosamente. Parte da grande mídia insiste em alimentar o ódio a esse movimento social, principalmente porque são patrocinadas por grandes latifundiários. No Brasil, é muito mais vantajoso se colocar na foto ao lado dos poderosos, do que ajudar na luta pela igualdade e justiça social. Já passou da hora das pessoas se questionarem sobre o que, de fato, é este movimento e como ele atua no país.

A desinformação cumpre um papel estratégico, ardiloso e astucioso no processo de criminalização do MST. Além de gerar lucro e servir como aliado a diversas campanhas políticas, influencia de maneira totalmente proposital as discussões sociais sobre a atuação do movimento no Brasil. Isto ficou claro principalmente durante o governo Bolsonaro, onde o país estava totalmente polarizado e diversos grupos minoritários foram menosprezados. 

A construção da ideia de que os integrantes do MST são criminosos reproduz friamente como funciona a estrutura da sociedade brasileira, que insiste em banalizar os socialmente excluídos e dão total apoio e imunidade aos mais poderosos, como as instituições que compõem o Estado e os latifundiários.

Enquanto a mídia não ingressar na luta junto às comunidades menos favorecidas, expondo a realidade tal qual ela é e a clara negligência do Estado ao garantir direitos básicos resguardados pela Constituição Federal, continuaremos a ver a criminalização de vítimas das circunstâncias e da omissão dos órgãos competentes. Ao escolher um lado, a grande mídia se torna cúmplice de tal ato. É preciso trabalhar para deixar de adjetivar negativamente o MST e seus integrantes e parar de desinformar a população em geral, mesmo que num processo lento e complexo.

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