- Brasil no comércio exterior: a corrida para se manter competitivo - 28 de outubro de 2024
- Inscrições do TrilhaTech 2024 prorrogadas até 9 de maio - 3 de maio de 2024
- Brazilian Storm: o fenômeno que domina o surfe mundial - 11 de agosto de 2023
Gabriel Medina, Filipe Toledo, Italo Ferreira: estes são apenas alguns dos nomes conhecidos da Brazilian Storm, tempestade brasileira, termo internacional usado para se referir à geração atual de surfistas brasileiros que conquistam o topo dos rankings mundiais no esporte.
Ainda sim, há diversos outros brasileiros na briga pelo campeonato mundial. O sistema atual da Liga Mundial de Surfe (WSL) define que, no meio da temporada, metade dos atletas competindo serão cortados do evento, elitizando ainda mais o seleto grupo que segue em busca do troféu de campeão.
Quatro brasileiros não conseguiram se classificar: Jadson André, que se lesionou; Michael Rodrigues, Samuel Pupo e Miguel Pupo, que ganhou seu primeiro evento no Tahiti no ano passado, em vitória que se popularizou com o trocadilho “Teahupupo”.
Com a última etapa do Circuito Mundial começando nesta sexta-feira (11), o ranking para quem vai concorrer às finais da WSL se define de vez, e no momento, três das cinco vagas masculinas são ocupadas por surfistas da nação verde-amarela: Filipe Toledo, João Chianca e Yago Dora.
Apesar de ter surgido no Havaí, o esporte de surfar em ondas chegou no Brasil, e de pouco a pouco o país foi tomando lugar no cenário mundial, recebendo etapas do campeonato de surfe mais concorrido no mundo em terras nacionais.
No entanto, o Brasil tem se tornado cada vez mais um risco aos gringos. Nos últimos dez anos, seis títulos mundiais pertenceram à Brazilian Storm, e o começo da “dominação mundial” no surfe começou em 2014, com Gabriel Medina.
Gabriel Medina, o primeiro campeão brasileiro da Brazilian Storm
Gabriel Medina é um dos nomes mais famosos no mundo do surfe, tanto no cenário nacional quanto internacional. O brasileiro foi o primeiro atleta profissional do país a vencer o Circuito Mundial da WSL e conquistar o título de melhor surfista do mundo, em 2014, quando a Liga se chamava Associação Profissional de Surfe – ASP.
Um dos momentos mais especiais foi quando Medina conseguiu a vitória em cima de Kelly Slater, porém o título foi conquistado em Pipeline, na última etapa do circuito na época.
Medina em 2014 e a vitória em Teahupo’o
Em 2014, Gabriel Medina tinha apenas 20 anos e era um dos surfistas mais novos do Tour. Na etapa de Teahupo’o, em decisão para manter a liderança no ranking do Circuito Mundial do ano, o brasileiro enfrentou a maior lenda do surfe: Kelly Slater. O estadunidense de então 42 anos já era 11 vezes campeão, o maior da história, e o desafio de Medina não era pouco.
Ainda sim, Gabriel não se acovardou e enfrentou três coisas: Slater, o nervosismo e as ondas tubulares pesadas e lendárias de Teahupo’o, no Tahiti. Confira abaixo um trecho de uma das baterias mais icônicas da carreira de Medina.
Depois de Medina, 2015 contou com outro brasileiro no pódio: Adriano de Souza, o capitão, também conhecido como mineirinho, mesmo tendo nascido em Guarujá, interior de São Paulo. O surfista já se aposentou do Circuito de Elite, em 2021, no mesmo pico onde surfou em 2004, no início da sua carreira: Punta Roca, no México.
Entre o título de Adriano e o próximo de Medina, apenas dois anos se passaram, e o havaiano John John Florence dominou o circuito, mas 2018 deu Brasil de novo, o bicampeonato de Gabriel. A partir de então, todos os outros títulos foram a cargo da Brazilian Storm.
O último título de Gabriel foi em 2021, quando ganhou a WSL Finals contra Filipe Toledo, que em 2022 não ficou para trás e recebeu a honra de levantar o troféu de melhor do mundo.
Thiago Felipe, jornalista de surfe do Esportelândia e administrador da SurfNewsBr, indicou Toledo como um dos destaques do país. “Eu acho que a Brazilian Storm vem muito bem, principalmente o Filipe Toledo. O cara vem mantendo o nível e sendo um dos grandes destaques”, disse o profissional.
Medina passou por altos e baixos, se lesionou em 2022 e fez sua re-estreia no Challenger de Saquarema. No entanto, ainda não conseguiu retomar uma vaga no TOP 5, que hoje conta com três brasileiros: Filipe Toledo, Yago Dora e o estreante João Chianca.
Chumbinho, como Chianca é apelidado, se classificou para o Circuito após não ter sobrevivido ao corte em 2022, e na edição atual do torneio, o brasileiro já usou a jersey amarela e tem boas chances de vencer o duelo.
O que é a jersey amarela?
A palavra jersey se refere à camisa de competição que os atletas usam na água. A cada etapa da competição, por edição, existe um design e estilização específico para o evento, e a camisa amarela é usada e feita para o líder do ranking após a última etapa.
No momento, Filipe Toledo é o líder, com 54,980 pontos corridos. Chumbinho aparece em quarto lugar, com 42,960, seguido por Yago Dora, com 36,865. Medina pode não estar segurando uma das vagas para as finais, mas com 35,440 pontos, a diferença para ocupar a posição logo acima é de apenas 1,425 pontos, na sexta colocação.
Com a edição de 2023 do Outerknown Tahiti Pro com data de abertura para esta sexta-feira (11), Ethan Ewing (AUS), o segundo colocado no ranking, acabou se acidentando e não participará. O atleta quebrou duas vértebras em uma seção de freesurf em Teahupo’o, e caso não se recupere, sua vaga já confirmada na WSL Finals receberá critério de W.O. (ausente).
Filipe Toledo e Griffin Colapinto já estão com presença confirmada, enquanto Chianca está bem perto de se classificar. A quarta e última vaga será uma disputa entre Yago Dora e Gabriel Medina (BRA), assim como John John Florence (HAV) e Jack Robinson (AUS).
Outerknown Tahiti Pro: o último degrau antes da decisão final para a Brazilian Storm
Teahupo’o, na Polinésia Francesa, é um dos picos mais célebres do mundo, com tubos enormes e pesados no estilo de Pipeline, no Havaí. Assim como a beleza, os riscos também são altos: com um fundo de coral, o acidente de Ewing é um exemplo dos perigos da bancada viva.
O que é o fundo de coral?
No surfe, há três tipos de fundo no pico: o fundo de areia, chamado de beach break; o fundo de pedras, que leva o nome de point break; e por fim, o fundo de coral, o reef break, como é o caso de Teahupo’o.
Com um fundo de coral vivo, os surfistas que caem na onda podem lidar com ferimentos propícios à infecções. A limpeza imediata com vinagre deve ser feita para retirar pedaços de coral que podem estar presos nos cortes. No entanto, a tradição na Polinésia Francesa é passar limão nas feridas.
Alexandre Sasaki, ex-surfista profissional da WSL e atual juiz de competição de surfe, reafirma o nível de dificuldade da onda: “Teahupo’o é um evento para os atletas que tem um surfe de alto nível, é uma onda muito difícil e pesada e, apesar de perigosa, é um show para quem vê e também para os atletas que participam da competição”.
Filipe Toledo já se machucou com a bancada, e você pode ver mais sobre isso aqui, junto de uma foto.
Porém, os 23 surfistas que ainda estão classificados para a competição, estão em busca de uma ótima colocação. Alguns, como, Medina, JJ Florence e Jack Robinson disputam a maior chance de conseguir a quarta vaga do top 5, enquanto Chumbinho e Dora tentam manter.
Mas em 2024 serão realizadas as Olímpiadas de Paris, e o pico que receberá a competição de surfe é o da Polinésia Francesa. Atletas que estão na posição do indonésio Rio Waida, que não tem chance de ir às finais do Circuito, mas está no time para representar seu país, podem usar da oportunidade para pegar ondas em Teahupo’o, além de terminar em uma colocação melhor na temporada 2023.
Os preferidos para a vitória na etapa incluem os nomes de Medina, Chumbinho e John John Florence. Anderson Veiga, surfista amador e amante de surf há 25 anos reforça o palpite em Medina.
“O Gabriel Medina é muito favorito nessa etapa até por já ter ganhado duas vezes. Ele é um dos favoritos para etapa, para chegar ao menos na final. Porém é bom ficarmos de olho no John Jonh, que é muito perigoso nessa onda de Teahupo’o”, afirmou Anderson.
Já Thiago Felipe também concordou que Medina pode ser um provável campeão do evento: “Acho que o Medina tem chances sim, a previsão pra Teahupo’o não está clássica, porém o Gabriel é muito completo, ele pode conseguir resultado em qualquer tipo de condições. Acredito que ele vai ir bem e também acho que vai conseguir chegar na WSL Finals”
O tricampeão brasileiro que ganhou em 2014 e 2018 terminou em segundo lugar em 2017 e em 2019, na penúltima edição do evento, uma vez que a mais recente contou com a vitória de Miguel Pupo. No entanto, Medina pode encontrar outro concorrente de alto nível: João Chianca.
O rookie é um dos talentos da nova geração da Brazilian Storm que continua colocando o Brasil como uma fábrica de surfistas de qualidade mundial. Uma das apostas de Anderson é em Chumbinho. “A Brazilian Storm vem dominando o circuito mundial por muitos anos, e acredito que iremos continuar levando muitos títulos mundiais nos próximos quatro ou cinco anos. Depois teremos que observar a nossa renovação, mas estou confiante que vão aparecer novos surfistas bons masculinos, como o caso agora do Chumbinho”.
Confira abaixo mais informações sobre o Outerknown Tahiti Pro e como acompanhar a Brazilian Storm no evento.
[…] atletas começaram a despontar nas competições internacionais. Foi a partir de 2011 que o termo “Brazilian Storm” começou a ser usado para descrever a forte presença dos brasileiros no cenário competitivo […]