As redes sociais estão influenciando na leitura nacional?

A pirataria de livros se torna cada vez mais comum nos últimos anos.
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Segundo os dados divulgados no 13° Painel do Varejo de Livros no Brasil, pesquisa realizada pela Nielsen Bookscan em parceria com a SNEL, destacam que entre Dezembro de 2021 e Janeiro de 2022 foram comercializados 5,4 milhões de editoriais no país, o que equivale a um crescimento de 14,1% e mostra que há uma grande procura por livros mesmo após a quarentena. Isso pode se dar ao fato que durante a pandemia, com pessoas inclusas dentro de casa o consumo das redes sociais se tornou maior.

Nos últimos anos vem se notando que as redes sociais estão cada vez mais dominando o cotidiano da população, atingindo também na área da leitura nacional, com vídeos curtos de indicação e opinião sobre livros. Dessa forma, trazendo não só visibilidade para os autores nacionais como trazendo de volta à pauta sobre pirataria. Com isso, o aumento das trends virais no mundo literário se tornou algo notável, onde vídeos podem chegar até 1 milhão de visualizações sobre o tema. Assim, diminuindo um pouco mais as dificuldades que autores nacionais tinham em ganhar espaço nesse ambiente.

Stephanne Says, autora do livro “A Escuridão Que Nos Separa”, explica um pouco mais sobre as dificuldades como autora independente no Brasil.

“Houve muita dificuldade! Eu não entendia como funcionava o mercado, não tinham muitas pessoas falando sobre ou dando dicas na internet. Tive que aprender praticamente tudo sozinha, e depois de errar muito. Optei por publicar de forma independente, porque se fosse esperar conseguir um contrato tradicional, talvez estaria até agora sem publicar nada”

Porém, a mesma deixa claro que com as suas próprias divulgações em seus perfis das redes sociais que vê uma grande diferença quando posta divulgando seus livros em questão de números de vendas.

“Eu tenho plena consciência que o sucesso de um livro está diretamente ligado ao quanto você divulga ele. Tem uma diferença gritante no meu número de vendas nos períodos que eu posto mais e nos que eu posto menos. Meu último livro lançado por exemplo vendeu mais em 3 meses do que o meu primeiro que foi lançado há 3 anos, e tenho certeza que tem mais a ver com o fato de que hoje em dia eu sei como fazer o marketing do lançamento”

Imagem retirada do Instragram de Stephanne Says

Entretanto, as milhares de visualizações tiveram consequências. A pirataria de livros nacionais se tornou comum entre leitores, livros transformados em arquivos para não realizar a compra do livro em si.  Isso prejudica os próprios escritores, correndo o risco de não só de terem o conteúdo plagiado como perder a credibilidade de seu trabalho.

Ainda esse ano, a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) junto com a Justiça paulista, decidiram no dia 18 de setembro que o aplicativo Telegram feriu a legislação autoral brasileira e determinou a suspensão de atividades do grupo chamado “Livros PDF”. A liminar foi concedida em 1ª instância pela juíza Larissa Gaspar Tunala, da 38ª Vara Cível de São Paulo.

Mesmo com essa ação, é evidente que a pirataria de livros continua sendo algo do cotidiano. Perante esse fato, a autora Says expõe a sua opinião sobre a questão.

“Eu sinto que a maioria dos leitores são bem conscientes quanto à questão de não piratear livros nacionais. Muitos entendem que ao contrário de autores gringos publicados por editoras grandes, que recebem adiantamento antes de lançar o livro, autores nacionais independentes tiram dinheiro do próprio bolso para pagar a produção da obra, e dependem das vendas para conseguir pelo menos não sair no prejuízo. Existem várias formas de ler livros nacionais independentes sem piratear, uma delas é pegar a assinatura do Kindle Unlimited, que além de ser grátis no primeiro mês, também vive tendo promoção de 3 meses por R$1,99.”

Dessa forma, a autora brinca, dizendo o que faria se um leitor de sua obra pirateasse seu livro: “Pode pelo menos deixar uma avaliação 5 estrelas?”

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