Necessidade de trabalhar é principal motivo de abandono escolar

Cerca de 52 milhões de pessoas no país, de 14 a 29 anos, não completaram ensino médio
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Bruna Aquino de Amorim

Segundo dados divulgados pelo censo de 2022, um dos principais motivos para o abandono escolar é a necessidade dos jovens de trabalhar. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 52 milhões de pessoas, de 14 a 29 anos no país, em torno de 18%, não completaram o ensino médio por terem abandonado antes do término ou por nunca terem frequentado a escola.

A coordenadora do curso de pedagogia na Faculdade Sul-americana (UNIFASAM), Luana Ferreira Borges, em entrevista, lista alguns dos motivos para o abandono escolar. “Pode ser causado por uma mudança constante dos pais, pela distância da sua residência até a escola, a instituição de ensino, por dificuldades de aprendizagem, porque algumas crianças jovens que vão para o trabalho vulnerável no intuito de contribuir com a renda familiar. O abandono escolar pode ser causado por um desses motivos”.

No Brasil, cerca de 60,3% das pessoas completam o ciclo escolar até os 24 anos. Entre os mais pobres, o número dos que concluem o ensino médio é de 46% contra 94% dos estudantes mais ricos.

Ter que parar os estudos para ajudar no sustento da família é a história da atendente Ana Carolina Pereira, 18 anos. Ela estudou até o 1º ano do ensino médio, mas em 2020 precisou parar os estudos por causa da pandemia, para trabalhar e ajudar em casa.

Ana estudava no Colégio Estadual Nova Cidade, em Aparecida de Goiânia. Ela relata que a mãe tentou a convencer a voltar a estudar por diversas vezes. A jovem comenta que deseja voltar à escola no próximo ano, em uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA), já que ela deseja fazer uma faculdade.

Segundo a pesquisa do Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), o segundo motivo mais apontado pelos jovens que saíram da escola foi não conseguir acompanhar as atividades (30%) e porque as aulas presenciais ainda não tinham sido retomadas (29%).

Motivos

Em pesquisa, quando os jovens foram perguntados sobre o principal motivo por trás da desistência, 40,2% desses apontaram a necessidade de trabalhar. O percentual ficou praticamente estável em relação a 2019 (40,1%).  A necessidade de trabalhar, na avaliação de Luana, pode influenciar nesse abandono. “No intuito de ajudá-los na renda familiar, com o objetivo também de construir algo que prioriza, no momento, como, manter uma família e na compra de algum imóvel. Ele precisa se dedicar à mão de obra, ao trabalho, e acaba não conseguindo fazer uma conciliação com o horário do estudo”.

Outro elemento, segundo a coordenadora, é a questão financeira. “Muitos que pretendem cursar o ensino superior por questões financeiras não conseguem manter e não conseguem ter acesso à Universidade Pública. Isso também é um outro requisito que provoca o abandono das atividades escolares”, comenta.

De acordo com a pesquisa realizada pelo IBGE, a falta de interesse em estudar (24,7%), outros motivos (14,5%), gravidez (9,2%), afazeres domésticos (4,6%), problemas de saúde (3,6%) e ausência de escola na localidade, vaga ou turno desejado (3,2%) completam a lista de justificativas. O percentual de abandono entre os homens de 14 a 29 anos em razão da necessidade de trabalhar é de 51,6% em 2022, seguido pela falta de interesse em estudar com (26,9%).

Já entre as mulheres, o principal motivo é a necessidade de trabalhar com (24%), em seguida vem a gravidez com (22,4%) e a falta de interesse em estudar com (21,5%). O IBGE destaca que 10,3% das mulheres indicaram afazeres domésticos ou cuidado de pessoas como o principal motivo de terem abandonado ou de nunca terem frequentado a escola.  Já para os homens, esse percentual é de (0,6%).

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