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Já imaginou alguém se tornar o Rei do Rock, um artista mundialmente conhecido e atemporal, sendo referência em diversos âmbitos da cultura, sem sequer ter saído das fronteiras do seu país? Incrível, não é mesmo? E é exatamente assim que o público de Elvis sai das salas de cinema após acompanhar a cinebiografia.
Dirigido por Baz Luhrmann e lançado em julho deste ano, o filme ora está sendo ovacionado pelo público, ora está dividindo opiniões dos críticos, mas de uma coisa se tem certeza: está um grande espetáculo! Carregado de muito brilho, cassinos, luzes, fantasias e muita história, o filme realmente nos leva ao passado e ao mesmo tempo é como se estivéssemos assistindo a uma peça de teatro.
Ardendo em euforia e derramando suor no topete meio desarrumado, logo no início, o filme já mostra a primeira performance de Austin Butler no palco de um circo. Enquanto canta “Trouble”, o protagonista se entregou ao papel, de corpo e alma (e claro, com um bom requebrado). No filme, a cena marcante em que ele canta, com o rosto a pouco centímetros da plateia, que “não aceita ordem de nenhum tipo de homem” é de arrepiar!
Obviamente é impossível não perceber que Elvis só quer mostrar uma coisa: a euforia, hipnotismo e idolatria que Elvis Presley provocava no público. Uma sensualidade, misturada com rebeldia, ritmo, maquiagens e carisma que mexia com os fãs. A todo tempo batia na telona do cinema, reproduzida nos pixels de algum aparelho digital, uma luz estrondosa, criando a metáfora como se Elvis Presley fosse a iluminação a ser descoberta e que nos traria a revolução, mudança e quebras de tabus, como a maquiagem e roupas extravagantes em homens e o rebolado inconfundível, que até o deu o apelido de “Elvis The Pelvis”, contrariando as famílias conservadoras da época.
Até os não simpatizantes com o trabalho de Luhrmann não conseguem negar que o diretor fez uma produção genial e muito emocionante. Elvis consegue, indiscutivelmente, mostrar como Elvis Presley (ou E. P.) conseguiu sacudir a cultura norte-americana, desde em ações sociais, racismo, conservadorismo e, simultaneamente, arrastar uma legião de fãs brancos que queria ver aquela dança e Rock and Roll de pessoas de cor, como eram chamados os negros daquela época.
Para quem não conhecia a história, assistir ao filme foi uma completa imersão na significância do artista no universo musical e crescimento do rock nos Estados Unidos. Elvis mostra as idas e vindas do Rei aos palcos e toda depreciação que sofreu por fazer um “branqueamento” do rock, gênero antes só visto nas periferias e baladas de pretos. Elvis Presley foi um símbolo de transformação moral em momentos de virada importantes nos EUA do século XX.
Inicialmente, o filme traz o cantor como um super-herói, que cresceu em comunidades de pessoas de cor, ouvindo gospel e jazz, até que ele consegue levar esse gingado para os palcos teatrais da elite branca norte-americana. Todo esse combo artístico veio acompanhado de muito brilho e luzes, fazendo o espectador se imergir em uma peça teatral. Mas logo o grande herói da trama tem sua capa retirada ao conhecer seu maquiavélico empresário, o Coronel Tom Parker, interpretado por Tom Hanks (e que interpretação!).
O maldoso homem, dito por alguns o grande direcionador da morte de E. P., é o narrador da biografia e de forma contraditória consegue trazer o homem Elvis Presley, sua comoção com a morte de personalidades e de sua mãe, seu amor pela família e anseio de dançar no palco, beijar suas fãs e derramar suor por toda Las Vegas.
Genuinamente, o Coronel entrega para os Estados Unidos o ritmo inconfundível de Elvis Presley associando a suas características humanas, ora de cortinas abertas, ora por detrás dos palcos. Consegue também mostrar como em 40 anos de vida o artista arrastou multidões, se entregou às drogas e agiu com rebeldia, apresentando para o mundo que a música e a dança não têm cor de pele, nem conta bancária.
Em entrevistas, o diretor não trata Elvis como uma cinematografia. Ao invés disso, diz que se trata da produção da história de um herói estadunidense, que lado a lado dos ícones da Marvel vem para salvar a pátria. E claramente é por isso que os fãs não se incomodam com algumas distorções com a história real do artista. Por exemplo, quando no filme o Rei descobre as malandragens de seu empresário e o expõe abertamente em um show, sendo que na realidade, E. P. faleceu sem saber que foi passado para trás.
Mas uma coisa Elvis e Elvis Presley têm em comum: ambos se rendem aos prazeres que a vida oferece, e mesmo agindo com loucuras, não fazem questão de se explicar para outras pessoas para ter que caber em qualquer palco.
O filme encerra com Elvis afirmando não querer morrer sem produzir algo que o tornasse imortal, no entanto, dias depois foi encontrado morto em um quarto de hotel e sem saber, se tornou eterno para o mundo todo. Assim, E. P. até hoje é um mito, ícone e um símbolo mundialmente conhecido e celebrado, que inclusive é o artista solo que mais vendeu discos na história da música, mas que infelizmente teve as cortinas fechadas cedo demais, sem ver todos os aplausos do público.
Assista ao trailer: