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A criadora de conteúdo, Dora Weigand, compartilhou um vídeo no Tik Tok – agora já apagado – contando que leu um livro de 300 páginas em 1 hora e 45 minutos.
Isso pode parecer impossível, para um não leitor, ou até mesmo para um leitor assíduo. Porém aí está a pegadinha – ou técnica – onde, Dora afirma ter feito isso usando a leitura dinâmica.
Mas o que é “Leitura Dinâmica”?
É uma leitura agilizada onde você pula palavras e lê as ‘mais importantes’, cruciais para a compreensão da história, ou dos diálogos, por exemplo.
Levando esse conceito em consideração, um ponto importante foi levantado nas redes sociais: E isso é leitura?
Sim e não. O cérebro humano não foi feito para leitura, você tem que aprender a ler. De acordo com a pesquisadora Maryanne Wolf, a capacidade de conseguir ler é uma das conquistas mais importantes de, nós, humanos. Ler é aprender a decodificar símbolos e associá-los a significados, todo esse processo envolve diversas partes do cérebro, é muito complexo.
Já Rildon Cosson, doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirma em seu livro ‘Círculos de leitura e letramento literário’ que a leitura é analisar o texto. “O texto, nas suas linhas e entrelinhas, é o que interessa no processo de leitura” afirma o pesquisador.
Sendo assim, pensando que ler é um conjunto de ações que abrangem da visão até a memória, e para compreensão de fato, do ato, é preciso ler tudo e analisar. Uma leitura “dinâmica” onde você pula palavras que julga não importantes e deixa lacunas para sua imaginação preencher não pode, cientificamente, ser considerado leitura.
Mas ler para cada um, pode ser um conceito subjetivo, sendo só ele, o leitor, capaz de caracterizar como válida ou não. Ou seja, talvez para alguém, ler metade do livro e imaginar o resto é leitura.
Só que se ler é o seu passatempo, para que a pressa?
Por que a leitura tem que ser rápida? Literatura é arte. Você pode escolher um autor e se deliciar com as palavras, cabe a você, o leitor, analisar e, assim verdadeiramente “ver” o texto.
Recomendações confiáveis?
Com o fenômeno do “booktok” – onde os livros ganharam espaço nos últimos anos – esses criadores de conteúdo, como a Dora, são os ‘ditadores de tendências’, o novo centro de recomendações. E cá entre nós, você confiaria em uma recomendação de uma pessoa que “passou o olho” nas palavras do livro?
Nesse combo de recomendações duvidosas, esse influenciadores também conseguiram transformar o hobby de ler em um jogo. Isso mesmo, uma competição de quem lê mais em menos tempo.
Você pode encontrar desde vídeos de “lidos do mês”, que podem ser de até 20 livros por mês, até dicas sobre como ler mais. Porém porque sempre mais e nunca melhor?
Ler mais em menos tempo: esse é o lado controverso do booktok. Muitas recomendações, muitos livros, mas pouco tempo para ler.
Porém há outros lados em oposição a essa competição que ninguém vence. Criadores de conteúdo como
Dyllan Johnny, estudante de psicologia que tem um conteúdo focado em literatura clássica e não faz livros de lidos do mês.