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A produção mais recente dos estúdios Pixar e Disney, “Lightyear”, já está disponível aos assinantes do streaming Disney Plus. A animação, lançada em 16 de junho nos cinemas, conta as origens do brinquedo Buzz Lightyear, personagem da série de filmes “Toy Story”, iniciada em 1995.
O longa-metragem dirigido por Angus MacLane, também animador de Toy Story 2 e 3, pode ser caracterizado como um fanservice, um “presente aos fãs”. Além de contar o surgimento do brinquedo astronauta, o desenho leva a compreender o entusiasmo do garotinho Andy, em Toy Story.
No primeiro filme da série, o menino fantasiado de cowboy, dono de vários brinquedos, ganha de presente o boneco do personagem principal do filme favorito dele: “Lightyear”. E é assim que se inicia a nova animação, contando que estamos vendo o mesmo longa que Andy assistiu, e nos situando de um pedaço da história que não havia sido explicado.
A atual narrativa conta como o patrulheiro intergaláctico Buzz, devido a uma escolha (talvez) precipitada, acaba ficando preso, junto com a tripulação, em um planeta hostil e aparentemente inóspito. Para consertar a espaçonave e se redimir do erro cometido, o astronauta realiza diversas viagens no espaço-tempo para testar a fusão do cristal, combustível da nave.
O que Lightyear não imagina é que ao fazer esses testes, o tempo está passando de uma forma diferente para ele. Enquanto a comandante Alisha Hawthorne, amiga do astronauta, envelhece anos, Buzz sente que se passaram apenas alguns minutos. E isso é perceptível para o espectador que observa a vida de Alisha passar por meio de uma fresta da porta.
Com jovens patrulheiros e o robô-gato Sox, Lightyear vai enfrentar o vilão Zurg, que tem a primeira aparição em “Toy Story 2” (1999). Na trama, a verdadeira relação entre Buzz e o arqui-inimigo será revelada e não será apenas a cópia da fala mais aclamada de “Star Wars”, como no segundo filme da franquia.
E nesta nova aventura de Buzz novos questionamentos profundos são feitos. Em “Toy Story” vemos o brinquedo-astronauta ter uma verdadeira crise existencial e perceber que é apenas mais um boneco, e não um patrulheiro do Comando Estelar. Já no filme “Lightyear”, a reflexão que fica é quanto vale a pena se remoer e gastar energias por um erro cometido.
“Lightyear” está atrelado ao gênero de ficção científica e traz enredos já antes abordados em filmes da categoria. A animação foi inspirada em longas dos anos 80 como “Star Wars” (1977) e “Indiana Jones e a Arcada Perdida”(1981) que exploravam a temática intergaláctica e o espírito aventureiro e desbravador. O filme também traz uma temática atual: o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ao retratar o relacionamento de Alisha.
A animação é um presente para os fãs da franquia “Toy Story” que veem frases ditas pelo boneco Buzz serem reproduzidas pelo, agora, patrulheiro espacial Lightyear e podem se esbaldar com easter eggs inimagináveis antes. Mas além daqueles que acompanham a saga do astronauta e do cowboy Woody, a obra busca cativar a nova geração infanto-juvenil com uma aventura que, apesar de estar alinhada com os outros longas, se destoa do universo deles.
O bordão memorável “Ao infinito e além”, apresentado na saga “Toy Story”, não está tão distante desta nova abordagem, que busca dar um novo fôlego ao personagem, mas sem perder a essência do mesmo.