‘Delírio a Dois’: Quando ousadia se torna um tiro no escuro

A tentativa de inovar com um musical na sequência de Coringa não trouxe o resultado esperado
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Imagem oficial de "Coringa: Delírio à Dois" - Divulgação/Warner Bros. Pictures
Imagem oficial de “Coringa: Delírio à Dois” – Divulgação/Warner Bros. Pictures

Em 2019, Coringa surpreendeu a todos ao transformar um vilão icônico em protagonista, tendo arrecadado mais de US$ 1 bilhão e deu ao ator Joaquin Phoenix o Oscar de Melhor Ator. Quatro anos depois, a sequência, Coringa: Delírio a Dois, chegou aos cinemas esperado como um grande lançamento, ainda mais com a participação de Lady Gaga como Arlequina. Porém, o filme decepcionou tanto nas bilheteiras quanto nas críticas.

Delírio a Dois optou por uma abordagem um tanto como ousada: o musical. A decisão foi criativa, mas não funcionou bem. Apesar das atuações de Phoenix e Gaga serem muito boas, a mudança para números musicais acabou criando uma desconexão com a essência do primeiro filme, o que resultou na estranheza dos telespectadores.

E nas bilheteiras foi refletida essa decepção. Na semana de estreia, o filme arrecadou somente US$ 39 milhões, um valor bem menor se formos comparar o filme anterior, que teve cerca de US$ 96,2 milhões. E essa queda continuou nas semanas seguintes — e para um filme que custou US$ 190 milhões de produção, sem contar outros gastos como em marketing, esse resultado é bem preocupante.

No CinemaScore, o filme teve recorde negativo ao receber nota “D”, uma das mais baixas para uma obra baseada em quadrinhos. Já no Rotten Tomatoes, a produção tem apenas 33% de aprovação dos críticos e 32% do público, e no Metacritic alcançou a pontuação de 45, deixando claro que não agradou o público. 

A decepcionou em Coringa: Delírio a Dois foi a escolha de transformar o filme em um musical. Pode até ser uma jogada criativa e ousada, mas a forma como foi feita definitivamente não teve o efeito esperado. As mudanças para os musicais pareciam meio forçadas e acabavam quebrando o clima intenso e tenso que foi justamente o que fez o primeiro filme Coringa um sucesso. Em momentos que poderíamos mergulhar na mente caótica de Arthur Fleck, entravamos em cenas que tiraram a carga emocional e deixaram a história meio perdida, acabando com as expectativas. 

A diferença gritante entre essa sequência e o original, enquanto o primeiro filme trouxe o retrato nu e cru da trajetória de Arthur em direção à loucura, Delírio a Dois toma um caminho que não combina com a complexidade do personagem. Mesmo com a atuação incrível do Joaquin Phoenix — que continua impecável — foi capaz de salvar o filme das escolhas questionáveis dos roteiristas e da direção.

E sem o apoio do público, com os números baixos nas bilheteiras e sem o amparo do sucesso do primeiro filme, o Coringa: Delírio a Dois frustrou a todos. Se lá em 2019 o palhaço conquistou, em 2024 o público não riu da piada.

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