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Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), conhecida popularmente como enfisema pulmonar é a quarta maior causa de mortes em todo mundo, chegando a 3.5 milhões de mortes em 2021, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), devido à sua alta gravidade, foi criado em 2002 o dia mundial da doença, onde mais de 50 países realizam campanhas para aumento do conhecimento e prevenção da enfermidade, sempre na terceira (3ª) quarta-feira de novembro.

Segundo Relatório para Sociedade nº479, de maio desse ano, realizado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), a doença representa a quinta causa de morte em todas as idades, entre 2010 a 2018, com uma taxa de mortalidade anual de 51,5 a cada 100 mil habitantes no Brasil.

Apesar disso, e do fato de a doença ter aparecido como tema de debate, e campanha em outras datas como o Dia do Pulmão, a reportagem não encontrou nenhuma informação sobre campanha ou participação do Brasil, na mobilização que deve ocorrer no dia 20 de novembro, e que tem como tema esse ano “Conheça a Função de seu Pulmão”. O tema todo ano é escolhido pela Iniciativa Global da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (GOLD)

Segundo o artigo Classificação e manejo terapêutico da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, DPOC é uma doença respiratória que age de maneira progressiva e debilitante, interferindo no fluxo de ar que entra e sai dos pulmões, graças a inflamações causadas pela exposição a partículas inaláveis, principalmente o tabaco.

Além das inflamações podem ocorrer mudanças estruturais nos pulmões, como a destruição progressiva dos alvéolos pulmonares, o enfisema, que leva à redução da superfície gasosa e a perda da elasticidade pulmonar.

O fluxo de ar também é prejudicado pelo aumento no muco causado pelas inflamações, o que impede o pulmão de trabalhar normalmente.

Os sintomas característicos são dispneia (falta de ar), tosse crônica e produção de catarro. Pacientes com esses sintomas que tenham histórico de exposição a fatores de risco, que incluem: tabagismo, poluição do ar, ou exposição ocupacional de agentes como pesticidas, precisam passar por exames de imagens e que testem a capacidade pulmonar.

Além do uso de medicamentos, as fisioterapias pulmonares, nutrição e principalmente a não exposição a esses agentes causadores da doença são de extrema importância, como no caso de Eleozina Vitória de Jesus Santos, também conhecida como Dona Dinga, de 82 anos, parar de fumar o cachimbo foi o que ajudou na melhoria do quadro da doença.

“Eu comecei a fumar cachimbo com 13 anos, eu via minha mãe fumar, todo mundo fumava, era costume. Mas eu estava passando muito mal, todo fim de semana tinha que ir no médico, então larguei, graças a Deus, já tem 45 anos que não fumo. E hoje quase não sinto nada”

Dona Dinga

Usando a medicação uma vez por dia, e longe do fumo, sente dores apenas quando se esforça bastante, e quase nunca tosse, mas o custo de seus remédios, tanto para o enfisema como para outros problemas, como a osteoporose, custam quase 900 reais por mês, conta ela, que compra a medicação, já que para pegar os medicamentos de forma gratuita é muito burocrático, e por conta da idade ela precisa da ajuda dos filhos que, por sua vez, por conta do trabalho, não conseguem abrir o processo todo mês.

Apesar de a doença ter um histórico de atingir majoritariamente pessoas mais velhas, revisão abrangente de estudos sobre o uso de vapes e cigarros eletrônicos, publicada na revista “Annals of the American Thoracic Society“, acende alerta para o uso destes produtos, que inicialmente tinham a intenção de substituir o tabaco, como uma opção menos prejudicial, porém causam efeitos devastadores para os pulmões em um curto período de tempo, principalmente por jovens.

Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) revela que 16,8% dos estudantes entre 13 e 17 anos já haviam experimentado os cigarros eletrônicos, cujo uso contínuo pode diminuir a faixa etária do surgimento da DPOC.

Projeto de lei, de autoria da deputada federal Flávia Morais (PDT/GO), traz esperanças da criação de campanhas para disseminação do conhecimento, prevenção e tratamento da doença, já que ações como essas se encontram escassas na rede pública de saúde.

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