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Em meio à taxação das “blusinhas”, a polêmica do pix e a alta histórica de alimentos que sempre fizeram parte do dia a dia dos brasileiros – como o café, que teve a maior alta em 28 anos –, Lula atingiu em fevereiro a pior aprovação da história de seus mandatos, com apenas 24% dos brasileiros considerando o governo como ótimo/bom, segundo pesquisa da Datafolha. Uma crise que certamente não se limita à comunicação do governo, mas que tem suas raízes lá.
No início deste ano, a Receita Federal anunciou a ampliação da fiscalização sobre transições financeiras. Apesar dessa fiscalização já existir, a medida se tornou um dos mais marcantes episódios do terceiro mandato de Lula. Isso se deu graças a uma narrativa de que haveriam mais taxações e impostos graças à ampliação, incitada por nomes como Nikolas Ferreira, que atingiu 300 milhões de visualizações em um vídeo criticando a medida, apenas 2 dias após sua publicação, fazendo com que a teoria viralize rapidamente em meio ao vácuo de informações oficiais. Enquanto isso, a comunicação do governo falhava em combater esses discursos, o que culminou na revogação da medida, marcando (mais uma) vitória de narrativa para a direita.
É válido ressaltar que o vídeo de Nikolas se apoiou em outra polêmica do governo Lula: a taxação de compras internacionais de até U$50,00. Com o objetivo de nivelar a concorrência de varejistas como a Shein com o mercado brasileiro, a medida também enfrentou críticas e tem sido usada desde então como munição da oposição para enfraquecer o governo. A comunicação oficial de Lula, por sua vez, falhou em apresentar a ação como um incentivo ao mercado brasileiro, favorecendo a desaprovação que agora se vê.
E, se a taxação – real ou metafórica – gerou polêmica, o que dizer do que a população tem enfrentado ao ir aos supermercados? Percebida por 8 em cada 10 brasileiros, a alta no preço dos alimentos é multifatorial. No entanto, mesmo diante do cenário crítico, Lula veio a público pedir aos consumidores que não comprem os produtos que estão caros, o que chamou de “processo educacional” – uma fala que obviamente gerou críticas, especialmente vindo do presidente que, durante sua campanha, teve como principal ponto de seu discurso o combate à fome.
A situação demonstra que o governo precisa assumir, quanto antes, as rédeas da narrativa sobre as próprias ações. Do contrário, a derrota será declarada antes mesmo das eleições de 2026.