- Desmatamento, fogo e seca: as crises ambientais em Goiás - 7 de maio de 2025
Localizado no coração do Cerrado, o estado de Goiás abriga uma das maiores biodiversidades do país. No entanto, esse patrimônio natural vem sendo ameaçado por sucessivas crises ambientais. O avanço do desmatamento, as queimadas frequentes e a crescente poluição dos rios são apenas alguns dos fatores que colocam em risco não apenas o equilíbrio ecológico, mas também a saúde da população. A degradação das áreas de preservação desencadeia uma série de impactos ambientais que ultrapassam os limites do estado, afetando todo o país. Afinal, o Cerrado é um dos biomas mais extensos e estratégicos do Brasil, essencial para a manutenção dos recursos hídricos e da diversidade biológica nacional.
Independentemente da origem, os impactos do desmatamento e da degradação atingem toda a população. De acordo com Elaine Barbosa da Silva, coordenadora do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG) da Universidade Federal de Goiás e doutora em Geografia pela UFG, a consequência mais evidente da degradação ambiental é a escassez de água. A redução das áreas verdes leva à diminuição das chuvas, o que provoca a seca dos rios e, consequentemente, a falta de água nos grandes centros urbanos. Além disso, o aumento das temperaturas, diretamente ligado à perda de cobertura vegetal, afeta a saúde e o cotidiano de milhares de pessoas.
“O desmatamento é a primeira ação antrópica no espaço e no meio, que vai culminar na perda de biodiversidade e, consequentemente, na mudança do clima.”
Afirmou a doutora Elaine Barbosa, sobre uma das principais consequências dessas crises ambientais. São essas mudanças climáticas que colocam diversas cidades em condições de risco. Segundo a Fundação Sagres, no ano de 2021, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) indicou 67 municípios da região Centro-Oeste que estavam em risco de sofrer danos ou perdas devido a processos geológicos. No estado de Goiás, alguns desses municípios são: Nova Gama, Morrinhos, Aparecida de Goiânia, Cavalcante, Goiás, Goiânia, Luziânia, Trindade, Pirenópolis, Planaltina, Jataí, e Nova Roma.
Ela diz ainda que a principal atividade econômica responsável pela degradação do estado são as atividades agropecuárias, tanto por parte da agricultura quanto das pastagens, que são práticas que fazem uso muito intenso desses recursos. As queimadas agrícolas, por exemplo, são apenas uma das principais formas de degradação do meio ambiente por parte desse tipo de atividade. Segundo relatórios do governo baseado em dados acumulados até agosto de 2024, as áreas produtivas que foram queimadas no estado são de quase 102 mil hectares. Os municípios mais afetados foram Itumbiara, Quirinópolis, Gouvelândia, Água Fria de Goiás e Padre Bernardo.
Apesar dos inúmeros desafios ambientais, ainda há territórios que resistem e preservam suas riquezas naturais e culturais. É o caso do quilombo Kalunga, localizado na Chapada dos Veadeiros — o maior território quilombola do Brasil. Segundo Damião Moreira, membro da comunidade, a preservação do meio ambiente e das práticas tradicionais continua firme.
“Acredito que a gente está indo bem na proteção do território, porque hoje a gente tem uma governança interna própria, e ela é respeitada por todas as esferas governamentais”, ele afirma.
Ao mesmo tempo, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados em dezembro de 2024, apontam uma queda de 48,8% no desmatamento em Goiás entre 2022 e 2024 — a maior redução percentual registrada desde 2001. No entanto, outras crises ambientais, como a escassez de água, o aumento das temperaturas e a contaminação dos solos, continuam afetando o estado. Para a pesquisadora Elaine Barbosa, do LAPIG/UFG, enfrentar esses problemas exige uma medida urgente e abrangente:
“A principal ação para melhorar a questão ambiental em Goiás é zerar o desmatamento… tanto legal quanto ilegal.”
A seguir, está o link para o gráfico interativo com dados relevantes sobre o desmatamento em Goiás: