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GABRIEL RODRIGUES
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A 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada no dia  2 de julho,  a primeira de forma presencial desde o início da pandemia, reuniu um mar de gente. A organização disse que foram vendidos um milhão de ingressos, 400 mil a mais do que o previsto.

A BIENAL EM NÚMEROS

Além da aglomeração e da fila quilométrica na porta da Expo Center Norte, havia 182 expositores, representando 500 selos editoriais. Sinal de vigor do mercado livreiro, mas também uma surpresa menor do que se tem falado. Em 2018, antes do coronavírus, a Bienal juntou 700 mil pessoas e 350 expositores com mais de 900 selos editoriais. 

MULTIDÃO DE LEITORES

Na edição atual, houve menos expositores e menos autores famosos convidados. A organização esperava menos gente e não equacionou bem a vontade concentrada dos leitores em tocar papel, aproveitar preço bom e conversar sobre livros. Este, um óbvio fator para a aglomeração, ao contrário da ideia de que o clima ensolarado na cidade engrossou a multidão, coisa que tem pouca relevância para um evento que ocorre em ambiente fechado e com ingressos vendidos antecipadamente.

O YOUTUBER

O momento mais polêmico da Bienal ocorreu justamente devido ao número de pessoas, que estavam ávidas por autógrafos, curiosamente, não do autor de algum best seller, mas sim de um youtuber, cujo público é majoritariamente infantil. Brancoala, que saiu às pressas para a decepção dos pequenos, produz vídeos sobre sua vida como brasileiro em Orlando, nos EUA, além de unboxings de brinquedos, gameplays e… absolutamente nada sobre literatura.

É pessimista e precipitado dizer que a audiência do youtuber (que tem mais de 10 milhões de seguidores) foi a responsável pela aglomeração, mas sua presença certamente teve um impacto no contingente total. Ainda no assunto da fama digital, quem também estava lá era Mario Sergio Cortella que empresta seu título de doutor em filosofia ao motivacionismo mais corporativo. 

AUTORES PRESENTES

Também estavam presentes Maurício de Souza, bem como o grande jornalista-escritor Laurentino Gomes. Conceição Evaristo, grande nome da literatura afro-brasileira, autora de “Olhos d’água”, Itamar Vieira Junior, autor do premiadíssimo “Torto Arado” e Ailton Krenak, poeta, ambientalista, escritor e indígena, autor de “A vida não é útil” e  “O amanhã não está à venda” confirmaram presença, para a esperança geral.  

PARA O ANO QUE VEM…

A bienal trouxe uma importante lição ao mercado de literatura como um todo: não subestimar a vontade de ler das pessoas, apesar de… (qualquer motivo), seja a pandemia, o assassinato institucional da cultura ou a crise econômica. Além disso: tentar fazer multidão trazendo famosos que nada têm a ver com o assunto, além da deselegância de subestimar o interesse pela literatura, pode funcionar terrivelmente bem.

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