Carnaval 2023: Bloco do Mancha retorna para animar as ruas de Goiânia

Com o retorno das festividades de Carnaval pós-pandemia, entrevistamos Daniel Atassio, dono da Ambiente, loja que organiza um dos bloquinhos mais famosos de Goiânia: o Bloco do Mancha
fev 2, 2023 , ,
Tempo de leitura: 8 min
Tayná Freitas
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Foto: acervo pessoal de Roger Furão.

Com menos de um mês faltando para o início do feriado de Carnaval, as festividades em Goiânia irão retornar e esse ano volta também um dos blocos mais famosos e esperados: o Bloco do Mancha. Organizado pela Ambiente Skate Shop, o Bloco é uma presença marcante desde 2018, quando surgiu nas ruas goianas. Para falar mais sobre isso, entrevistamos Daniel Atassio, um dos criadores e atual proprietário da Ambiente.

LN: Daniel, quando surgiu o bloquinho da Ambiente e de onde veio a ideia de começar o bloco?

Daniel: O Bloco do Mancha surgiu em 2018 e a ideia veio porque a gente sempre fez muita festa, muito show ali na loja. A gente fazia umas festas de ressaca de carnaval e sempre tivemos vontade de fazer um bloco. E aí em 2018, a gente resolveu encarar essa ideia. Fizemos um bloco bem simples, bem básico, e levamos bastante gente pra rua. Acho que tinha umas dez mil pessoas na rua em 2018, em determinado momento.

LN: Qual é o impacto do bloquinho, como objetivo e mensagem deixada para a comunidade?

Daniel: A gente faz muito evento, estamos no mercado há 20 anos, e eu acho que os eventos que fazemos pela cidade impactam bastante na cultura jovem, né? E eu vejo que o Bloco do Mancha é o mais impactante, sabe?

Primeiro porque mobiliza muita gente. As pessoas gostam de festa de rua, gostam de estar na rua, gostam do carnaval, e a gente aproveitou uma brecha sem querer. Não tivemos estratégia para isso, mas tinha uma demanda reprimida e conseguimos atender essa demanda.

Foto: Ravy Marmor/Ambiente.

As pessoas já queriam bloquinho de carnaval em Goiânia e a gente fez o Bloco do Mancha em 2018. Até onde eu sei, era o único bloco assim maior e bombou por conta disso. Sempre deixamos o impacto positivo, né? Por exemplo, temos uma política de lixo zero. A gente [organizadores e frequentadores do bloco] não deixa lixo nenhum na rua. Temos um pelotão que sai catando lixo. As pessoas que frequentam o bloco não costumam jogar lixo no chão, então já existe uma consciência em relação à isso. Temos uma parceria com cooperativas, aí deixam as sacolas de coleta de lixo com a gente e depois pegam e levam para reciclagem.

Temos uma política também de conscientização em relação à diversidade, à tolerância e ao respeito, que também funciona muito bem. Eu vejo isso porque em 2019 a gente levou trinta mil pessoas para rua e eu não fiquei sabendo de nenhum incidente, assédio, briga, nada disso. Até hoje, nunca aconteceu e esperamos que continue não acontecendo porque a nossa energia é muito direcionada pra isso, pra respeito, pra diversidade, pra união. Tá todo mundo ali, numa boa, se divertindo sem incomodar o outro. Acho que conseguimos deixar um impacto positivo na comunidade.

LN: Como foi a última vez que a Ambiente participou do carnaval goiano?

Daniel: Em 2020, a gente fez o Bloco do Mancha, um bloco parado para três mil pessoas, e aí veio a pandemia em março de 2020. A gente não fez bloco em 2021. E aí em 2022, ano passado, o prefeito autorizou o Carnaval com um pouco menos de um mês antes e a gente não conseguia fazer nada muito grande. Fizemos uma festa, a Festa do Mancha, que foi muito legal. Colocamos bastante gente lá na loja. Acho que 800 pessoas, era o que cabia, e foi muito interessante. Então, desde 2018, sempre que pode fazer alguma coisa no Carnaval, a gente faz. Só não fizemos em 2021 realmente por conta da pandemia.

https://twitter.com/g_napoliss/status/1518243835717074944?s=20&t=jvk7PiL5eUrcVqX7cifrvA

Como a pandemia impactou o Bloco e a Ambiente nesse sentido do Carnaval?

Não tinha a menor condição de fazer em 2021 e eu acho que o impacto na cultura de uma forma geral foi muito grande, tanto é que vieram leis de incentivo, leis para proteger o setor da cultura. Não entramos em nenhum tipo de incentivo, temos outra fonte de renda, né? As lojas. Trabalhamos com comércio além de fazer evento. Então não fizemos uso desse tipo de instrumento, mas , maior parte das pessoas que trabalham com cultura precisou desses auxílios, né?

A gente pensou em fazer um Bloco de Mancha remoto via live em 2021, mas desistimos da ideia. Achamos que não ia funcionar muito bem, então acho que a pandemia teve um impacto forte. Mas agora passou espero, quer dizer, passou de certa forma, né? Esperamos que as coisas continuem controladas e possamos realmente retomar os bloquinhos de carnaval e as festas de rua como estamos pretendendo.

LN: Como o público reagiu com a falta do bloquinho durante a época de carnaval cancelada por conta da pandemia?

Daniel: Assim, as pessoas sempre perguntam muito [sobre] o Bloco do Mancha, ele repercutiu muito bem. Esse ano de 2023 vamos para a rua de novo. A última vez foi o pré-carnaval em dezembro de 2019. A gente espera que seja bem, bem legal, bem massa, bem alegre e tranquilo, paz. A gente quer é paz também, paz nas ruas.

LN: Como estão sendo os preparativos para o carnaval de 2023?

Em relação aos preparativos, ficamos quatro, cinco meses tentando captar patrocínio. Infelizmente não conseguimos captar o que gostaríamos, a gente tinha um plano bem audacioso com esse carnaval, mas ele dependia de patrocínio. Mas captamos legal com a Cerveja Astúria e The Buena. Temos um patrocínio pequeno, mas que viabiliza o bloco de rua e a estamos preparando uma festa de rua bem legal, mas com todas as limitações que o nosso orçamento impõe. Não vamos conseguir fazer uma festa que atenda dez, vinte mil pessoas.

Vamos fazer uma festa para cinco mil pessoas e se vier dez, vinte, trinta mil pessoas como já aconteceu, infelizmente não vai dar para todo mundo ouvir o som. É um som profissional, mas não é um trio elétrico, a nossa ideia não é ter um trio elétrico. Nossa ideia é um bloco para cinco mil pessoas bem focado, com uma identidade musical própria, com identidade visual própria, com identidade de comunicação própria também, então os preparativos têm acontecido em função disso, de preparar um bloco para cinco mil pessoas.

E vamos ver o que que acontece, né? É uma surpresa, sempre é uma surpresa.

LN: Quais as expectativas dos envolvidos e do público para o Bloco do Mancha?

Daniel: Não conseguimos muito bem saber o que esperar porque tudo pode acontecer na festa de rua. Já entendemos que festa de rua é o inesperado. Sempre acontece algo inesperado, pode vir muita gente, pode vir pouca gente, mas temos uma expectativa de que, com toda a repercussão que o Bloco do Mancha já teve, nós muito provavelmente vamos atrair bastante gente.

Nossa expectativa é isso, eu gostaria de levar de três a cinco mil pessoas pessoas conscientes, que levam seu próprio copo de plástico, que não consumam nem o copo de plástico em que nós vamos servir o chopp, porque vão levar os delas, vamos fazer campanha para que isso aconteça. Pessoas que não joguem lixo na rua, pessoas que respeitem um ao outro, né? O que a gente espera é isso.

Em relação ao público, eu não sei exatamente o que público está esperando, mas eu acredito que as pessoas estejam sedentas pelo carnaval e a gente espera atender um pouquinho dessa sede.

https://twitter.com/lumissz/status/1619055009852952576?s=20&t=jvk7PiL5eUrcVqX7cifrvA

LN: Qual a programação do Bloco?

Daniel: A programação é simples: domingo de Carnaval, 14h, concentração ali na Ambiente Setor Bueno, e às 16h o Bloco sai sentido Centro. A gente vai ver ainda qual vai ser o ponto de parada, se vai ser Praça Cívica […], Praça do Cruzeiro, alguma coisa assim. E aí, parando uma dessas praças, [o Bloco] fica até às 22h.

Foto em destaque: Ravy Marmor/Ambiente.

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