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Lorrana Barros, graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás, mestra em Análise do Comportamento e pós-graduada em Neuropsicologia, discorre, em entrevista, sobre a saúde mental dos estudantes na volta às aulas e sobre o auxílio psicológico nas instituições de ensino.

LN: Saúde mental é um tema bastante recorrente nos últimos anos, ainda mais com a presença da Pandemia da Covid-19. Nas instituiçoes de ensino, como escolas e universidades, esse tema é muito habitual, porém a assistência psicológica na educação não possui a devida notoriedade. Assim, podemos dizer que os maiores afetados da Pandemia em termos de saúde mental, são os jovens, adolescentes e crianças, que em sua maioria frequentam instituições de ensino? E porquê?

Lorrana Barros : Acredito que todos sofreram com pandemia, independente da fase de desenvolvimento. Porém, as crianças e adolescentes tiveram que lidar com muitas inseguranças no que se refere à saúde física e psicológica. Além do risco de infecção do coronavírus, tiveram que lidar com o luto, com as dificuldades das aulas não-presenciais, com o impacto da pandemia na sua socialização, por exemplo.

Qual a importância do auxilio psicológico e de profissionais dessa área dentro de uma instituição de ensino?

O atendimento psicológico nas instituições de ensino é essencial. Ele pode auxiliar em diversos processos, como o ensino-aprendizagem e desenvolvimento de habilidades sociais. O psicólogo faz um papel de mediador e facilitador dentro da instituição.

Atualmente, como é a adaptação dos jovens no ambiente escolar após a Pandemia?

Os estudantes retornaram com muitas inseguranças, alguns desmotivados com comportamentos ansiosos e depressivos. Muitos jovens começaram a trabalhar durante a pandemia e tiveram que começar a frequentar a escola no período noturno. Alguns chegaram a evadir.

Nota da redação; Pode-se comprovar tal apontamento da psicóloga pelo levantamento feito pela organização Todos Pela Educação em 2021, que aponta um aumento de 171% da evasão escolar de crianças e adolescente na pandemia. Veja uma noticia do G1 sobre esse tema.

Como as instituições educacionais, sociais e o próprio governo, lidam com esse problema? E o que podem fazer para ajudar?

As escolas tem realizado acolhidas diariamente, mas não considero suficiente. Para diminuir a chance de casos extremos, seria importante o acompanhamento psicológico, além do pedagógico.

A quem e o que os jovens têm a recorrer dentro de um ambiente escolar?

Por enquanto, a rede estadual não conta com psicólogos dentro das instituições de ensino ou nas coordenações regionais de educação. O estudante, nesse caso, poderia contar com a equipe pedagógica da escola.

Quais os impactos sofridos pelos jovens e estudantes na época da Pandemia?

A pandemia impactou os jovens e todas as suas famílias. Muitos começaram a trabalhar para poder ajudar com as despesas de casa e deixaram os estudos em segundo plano. As aulas não-presenciais dificultaram o processo de ensino-aprendizagem gerando desinteresse e desmotivação. Os jovens tiveram que lidar, sem nenhum auxílio, com sentimentos novos como o luto, a solidão, entre outros, que decorreram do isolamento social.

Qual a Importância de se discutir Saúde Mental em uma época tão polarizada, principalmente entre os jovens?

É fundamental. O ambiente escolar é muito fértil em criatividade, muito aberto às discussões atuais e potente em nível de criação e desenvolvimento. Muitos trabalhos podem ser realizados como conscientização a respeito da prevenção, dos cuidados com a saúde mental, treino de habilidades sociais, reflexão acerca de temas inerentes à adolescância e as particularidades daquele grupo naquele contexto em específico.

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