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Bianca Nascimento

O mundo está sempre em constante mudança e cada vez mais veloz e, para acompanhar, as marcas tendem a lançar cada vez mais produtos novos, desde acessórios até o principal, que são as novas coleções — fenômeno que foi apelidado de “Fast Fashion”.

O Slow Fashion vem contrário a isso, onde ter uma visão mais consciente do nosso consumo também passou a envolver nossas escolhas de moda na busca por criar um cotidiano mais sustentável para o meio ambiente. Afinal de contas, o simples fato de adquirir uma peça nova em uma loja significa talvez contribuir com um determinado tipo de produção que gere impactos sociais e ambientais. 

A expressão surgiu por volta de 2004, criada pela jornalista de moda Ângela Murrills e inspirado pelo conceito do slow food, que reforçava o movimento em defesa do meio ambiente e dos pequenos produtores na perspectiva de alimentação.

Para abordar um pouco do assunto Slow Fashion, O Lab Noticias trouxe Luciano Teodoro, designer, stylist, 43 anos, e apaixonado pela sua profissão.

Foto: Luciano Teodoro

LN: Como as marcas lidam com a rápida mudança de tendências no mercado da moda?

Luciano Teodoro: Apesar de ser muito rápido, elas se programam, antes elas faziam duas coleções ao ano que era primavera/verão e outono/inverno, hoje elas acabam fazendo quatro que é para abranger mais a esse mercado louco e muito rápido que se consome muito, mas também se descarta demais, então elas fazem uma programação de tal forma que elas não compram tanto material para que elas não percam produto no estoque porque é tudo muito rápido. E essas marcas menores acabam fazendo por semana, porque se está na novela hoje, amanhã o cliente dela já quer alguma coisa na loja. Então eles trabalham mais ou menos assim, o mercado esta trabalhando cada vez mais com um giro mais rápido com essas tendências micro ao invés de trabalhar com a macro, como era antigamente, para que seja um consumo mais descartável.

Como o slow fashion se sobressai em relação a outros tipos de sustentabilidade?

Primeiro que eles trabalham muito com a mão de obra mais local e muito com a mão de obra artesanal, o artesanal não quer dizer só aquela coisa feita a mão, ela pode ser industrializada, mas em pequena escala, que é quase uma alta costura, mas bem mais acessível. O Slow Fashion nada mais é do que aquela moda onde as peças duram muito mais, são mais simples e clássicas, e com essa durabilidade maior você descarta muito menos e pode até passar de geração a geração.

Eu por exemplo tenho uma calça que é do meu avô e hoje ela está super moderna, e esse valor afetivo traz muita coisa legal, a gente consome de forma mais consciente.

Você acredita que as marcas sustentáveis continuarão com uma demanda crescente ou existe o receio de que isso seja somente uma tendência?

Eu super acredito que não vai ser só uma modinha do momento não, viu?! Já tem um bom tempo que o mercado da moda vem falando muito sobre isso e agora as pessoas estão cada vez mais conscientes, tanto é que você vê por aí a quantidade de brechó que abriu e muitas marcas trabalhando com coisas mais naturais e reaproveitando todo o resto dessas fábricas maiores.

Você acha que as pessoas deveriam começar apostar mais em roupas mais clássicas por serem atemporais e assim diminuir o alto consumo?

Eu super acredito que as peças mais clássicas são peças que você tem que ter sempre no seu armário porque elas podem ser usadas com muitas coisas e a moda é cíclica, ela vai e volta o tempo todo então peças que são clássicas e com o material mais resistente e mais sofisticadas, são peças que você vai ter pra sempre.

O meu ponto de vista desde quando terminei a faculdade é que moda é conforto, e para ser confortável você tem que conseguir carregar.

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