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ERICK PIRES DA SILVA
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Quando vou ao mercado da esquina ou à feira de domingo, comprar frutas, verduras e legumes para minhas refeições, não considero os processos de produção e os caminhos trilhados pelo produto até em casa. Admito que aparência e sabor comandam minha escolha.

Porém, se observo mais de perto, posso ver e ouvir pequenas criaturas voando em zigue-zague, trabalhando incansavelmente para o bom funcionamento de um ecossistema. Os aliados para este feito são as abelhas, por meio do processo de polinização.

Esta prática tem sido adotada pelos agricultores goianos, que investem cada vez mais na meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão), que, manejada corretamente, auxilia no desenvolvimento de qualidade do cultivo de lavouras, frutas, soja, café, entre outros.

A eficácia do processo de polinização pôde ser observada na exposição e degustação dos produtos apresentados pelo projeto Kombee, na feira Tecnoshow Comigo de 2023. Além da constatação de uma melhora de 30% no tamanho e formato dos frutos, que foram cultivados seguindo este procedimento.

Um levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) aponta que esses insetos são responsáveis pela polinização de 30% das espécies de biomas como a Caatinga, Pantanal e até 90% das espécies da Mata Atlântica. Tamanha é a popularização do uso das abelhas que, com cerca de 240 espécies sem ferrão, o Brasil se tornou referência mundial nas tecnologias de criação e manejo.

Baixo custo de manutenção, preservação da mata nativa, maior qualidade nos cultivados, produção de um saboroso mel, engajamento econômico e um dos mais valorosos administradores do bioinsumo no mundo. Essas são algumas das vantagens do manejo de colmeias, que contribuem diretamente na manutenção e construção de uma biodiversidade saudável, por meio da polinização.

Porém, ao ter um oponente como os agrotóxicos, preservação e recuperação ambiental, são colocados de lado, afinal, “o que é a vida, se comparado ao lucro!”. O maior ganho econômico a curto prazo produzido pelos agrotóxicos, toma destaque, e sobrepõe o fato de que a longo prazo, este método cria cicatrizes muitas vezes irreversíveis para o ecossistema.

Ressaltando que estas feridas, são responsáveis por apagar alternativas sustentáveis, como o próprio uso de abelhas, vítimas de pesticidas aplicadas nas produções agrícolas. É exagero dizer que caminhamos rumo à autodestruição, mas podemos definir o problema como omissão, já que encontramos saídas sustentáveis, mas ainda assim, optamos por atitudes que visam priorizar o lucro ao em vez de investir em meios que coexistam com a preservação ambiental.

É cedo para afirmar que este método de cultivo vai ser revolucionário e resolverá grande parte dos problemas relacionados à crescente expansão do agronegócio, que, ao mesmo tempo, aumenta os lucros do produtor e diminui os espaços de preservação ambiental.

Porém, observo com bons olhos e esperança no peito que novas tecnologias surgiram e abriram espaço para esse método inovador que trabalha rumo a uma agricultura mais sustentável e menos prejudicial ao meio ambiente.

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