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João Camargos
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A partida de futebol entre Real Madrid e Valencia, disputada no campeonato espanhol La Liga, ficou marcada pela indignação não só dos amantes do esporte, mas também de toda e qualquer pessoa que tenha ficado sabendo do ocorrido.

Em 21 de maio, a bola esteve parada por quase 10 minutos. O motivo? Um jovem negro se posicionou contra uma multidão que o odiava.

Vini Junior evidenciando um de seus agressores – Foto: Getty Images via BBC

A confusão se inicia após vários torcedores do Valencia insultarem o jogador do Real Madrid Vinicius Junior, de 22 anos, com gestos e falas racistas. “Essa não foi a primeira, nem a segunda, e nem a terceira vez.” A fala, dita pelo próprio Camisa 20, evidencia que esse é um comportamento recorrente.

E pra falar a verdade, não é nem a nona vez: Em 24 de outubro de 2021, surgiu a primeira denuncia de racismo contra Vini Junior, em Barcelona e Real Madrid, um torcedor (que não foi identificado e muito menos punido) fez ataques raciais ao jogador.

Em 2022 foram mais três vezes: Mallorca e Real Madrid em 14 de março, Atlético de Madrid e Real Madrid em 15 de setembro e em Valladolid e Real Madrid, que aconteceu em 30 de dezembro.

Nesse mesmo ano, tiveram também os seguintes comentários:

“Quando é chamado de provocador, ele usa o coringa do racismo” – Antonio Raíllo, capitão do time Mallorca

“Se quer dançar, que vá ao sambódromo no Brasil. Na Espanha, tem que respeitar os rivais e deixar de fazer macaquice” – Pedro Bravo, presidente da Associação Espanhola de Empresários de Jogadores

De janeiro a maio desse ano foram seis vezes: Contra o Atletico de Madrid, em 26/01, contra o Mallorca em 5 de fevereiro, contra o Osasuna, no dia 18 do mesmo mês, no empate contra o Betis, em 5 de março, em 19 de março contra o Barcelona e finalmente no domingo do dia 21 de maio, onde até quem não sabe nada do esporte ficou sabendo.

O curioso é que pouco importa o resultado desses jogos. Muita gente que está vendo e se indignando junto ao rapaz, o viu pela última vez nas quartas de final da Copa do Mundo, no final de 2022. E talvez só o veja em campo novamente na próxima Copa.

A força da luta de Vini está em ir muito além dos estádios, muito além da La Liga e muito além da Europa.

Vini Junior é lamentavelmente um dos poucos que aponta o dedo e evidencia a barbaridade.

“Eu fico triste, porque é só ele que vai fazer isso. O Real Madrid não faz, os jogadores do Real Madrid não fazem. O Benzema fez um post em solidariedade que parecia que era o aniversário do Vinicius Junior”, declarou Casimiro Miguel, um dos maiores influenciadores esportivos do Brasil e do Mundo.

No final das contas ninguém quer se queimar. Mas quando a discussão sai de dentro do campo e se torna uma comoção, a conversa muda.

No dia 23 de maio, após 10 casos, sete torcedores envolvidos nos ataques racistas foram presos. E no mesmo dia, o Valencia foi multado em cerca de R$240 mil e o cartão vermelho de Vini Junior foi anulado.

Apesar desses pequenos sinais de justiça, o futebol espanhol ainda está bem longe de ter sua imagem dissociada dessa vergonha.

One thought on “O caso Vini Jr. pelos olhos de quem acompanha futebol de quatro em quatro anos”
  1. Realmente, é muito lamentável ver e rever os vídeos do ocorrido nesse jogo. Não só a ação racista do momento, mas, também, com a impunidade com que tais torcedores levam da arquibancada para suas casas. A justiça, de fato, parece estar longe de alcançar casos tão recorrentes como esses no futebol. Terrível!

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