Agricultura familiar: conheça a realidade de 3,9 milhões de propriedades brasileiras

Também conhecida como sinônimo de tradição e cultura, a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos no Brasil, de acordo com dados do IBGE, 2017.
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THAYNNA BORGES SILVA

No último dia 17 de maio, a Universidade Federal de Goiás (UFG), sediou o evento “Agro Centro-Oeste Familiar: 2023” sob a temática “mais comida, menos agrotóxicos”. O evento abriu portas para que várias pessoas tivessem a oportunidade de conhecer mais sobre a agricultura familiar e para que os agricultores pudessem expor seus produtos.

Dados do IBGE (2017) indicam que cerca de 3,9 milhões (77%) de propriedades são classificadas como agricultura familiar, e é a responsável por garantir a segurança alimentar de milhares de brasileiros. No Brasil, existem diversos programas que atuam buscando auxiliar os agricultores, tanto na etapa de produção quanto pós-produção. 

O QUE É AGRICULTURA FAMILIAR?

A agricultura familiar se caracteriza pela produção de alimentos e produtos que utilizam de mão de obra familiar, onde parte da renda deve prover dessa atividade rural, entre outros requisitos requeridos por lei. De acordo com o censo agropecuário do IBGE de 2017, a agricultura familiar é responsável por 70% da produção dos alimentos consumidos no Brasil

Nesse setor, se destaca a produção de milho, raiz de mandioca, feijão, aves, café, trigo, gado de corte, caprinos, hortaliças, entre outros, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária

COMO FUNCIONA O MODO DE PRODUÇÃO

Diferente da agricultura convencional, a agricultura familiar é caracterizada pela diversidade de culturas produzidas na propriedade, além da relação mais próxima com a terra – justamente por ser seu lugar de trabalho e moradia. 

Maria Divina, produtora de doces artesanais, natural do interior de Goiás, cresceu vendo sua mãe produzir doces para vender. Mais tarde, Maria se especializou através de cursos profissionalizantes. 

“Ela me ensinou e mais tarde eu fiz alguns cursos também. É uma tradição mesmo, uma atividade que foi passada de geração em geração. Na minha propriedade, eu produzo tudo que eu preciso pra fazer os doces e todo mundo da família faz parte da produção”, afirma Maria Divina.

Foto: Thaynná Borges

Jeferson, agricultor na cidade de Santa Rosa, Goiás, trabalha com o cultivo de vegetais e também produção de leite. A rotina difere de acordo com o que será produzido: o quiabo, por exemplo, é colhido duas vezes na semana, visando garantir que não chegue com uma qualidade inferior no CEASA – Centrais Estaduais de Abastecimento.  

“Depende muito da época […] a gente tem que ver o que é mais resistente para plantar. Na época das águas, eu planto milho, abóbora cabotiá e quiabo, já na época da seca eu planto (também) abóbora cabotiá, abóbora sandy, quiabo”, comenta Jeferson.

Produção de Abóbora Sandy. Reprodução: Jeferson/arquivo pessoal.

Jeferson também compartilha a respeito da ajuda recebida pelo SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, órgão voltado para auxiliar o produtor rural através de cursos profissionalizantes grátis, e assistência técnica e gerencial. 

Na propriedade de Jefim, como é conhecido pelos mais próximos, a SENAR está sempre auxiliando na produção, e também fornece ajuda no planejamento e contabilidade – um balanço para ver se está existindo lucro ou não. 

Entretanto, nem tudo são flores: muitos agricultores ficam à mercê dos atravessadores – responsáveis por pegar a mercadoria do produtor, vender no CEASA e depois repassar o lucro ao agricultor. 

“Hoje não está fácil produzir, é muito caro. […] Os pequenos agricultores acabam caindo na mão do atravessador: ele pega a verdura pronta com a gente, vai pro CEASA vender e põe os preços que eles querem, e depois traz o dinheiro. Então é tanto difícil produzir, quanto vender por conta dos atravessadores. Você não põe preço na sua mercadoria, quem coloca é o atravessador, então você planta no escuro – sem saber quanto que vai ganhar, se é 30, 40 ou 80”, relata Jeferson.  

QUAIS PROGRAMAS ATUAM NO AUXÍLIO AO AGRICULTOR? 

Para ajudar o produtor familiar, existem programas governamentais voltados para auxiliar financeiramente e prestar assistência técnica. Aqui alguns que valem a pena dar uma olhada: 

  1. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf): voltado para o financiamento de custeio de investimentos e serviços no estabelecimento rural, ou em áreas comunitárias rurais próximas, visando à geração de renda e à melhora do uso da mão de obra familiar.
  2. Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais: combina o acompanhamento social e produtivo com a transferência direta de recursos financeiros (não-reembolsáveis) às famílias beneficiadas pelo programa. 
  3. Programa de Aquisição de Alimentos (PAA): o programa visa promover o acesso à alimentação e incentiva a agricultura familiar através de compras governamentais de alimentos, entre outros. 

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