Paul McCartney anuncia que os Beatles voltarão para lançar um último disco contendo voz de John Lennon

O falecido cantor terá sua voz replicada através do uso de uma Inteligência Artificial (IA) para cantar uma última canção pela banda que marcou sua carreira
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Raul Modesto

Foto em destaque: stuart hampton por Pixabay

Em entrevista ao programa Today, pertencente a BBC Radio 4, o cantor e compositor Paul McCartney – musicista e antigo integrante da banda britânica Beatles – revelou que um novo e último disco da já extinta banda dos Beatles será lançado ainda no ano de 2023, trazendo uma novidade descrita por ele como “um pouco assustadora, mas emocionante”.

A novidade em questão é a utilização de tecnologia de Inteligência Artificial (IA) para recriar a voz de John Lennon, um antigo integrante da banda que atuava como compositor e cantor nela. Muitos dos fãs do grupo musical se lembram com carinho de John, que se tornou um grande símbolo do pacifismo durante a guerra do Vietnã e, posteriormente, foi alvo de um atentado que tirou sua vida no dia 8 de Dezembro de 1980.

Em matéria publicada pelo G1, o veículo descobriu que Paul conseguiria fazer esse processo através de uma gravação em fita cassete nomeada de “For Paul”, feita por John Lennon e entregue a Paul por Yoko Ono, viúva do falecido músico. A fita teria sido gravada por John em seu apartamento em Nova Iorque, contendo faixas cantadas pelo cantor com auxílio de um piano.

De acordo com a BBC News, é provável que a música que será lançada se chamará “Now and Then” que teria sido gravada por John, quando ainda estava vivo, porém foi descartada por um zumbido elétrico que atrapalhou o som e o inutilizou.

Como funciona?

Para responder a dúvida de como seria para recriar a voz do cantor, perguntamos ao ChatGPT, uma IA de uso livre, sobre como funcionaria esse processo. Essa foi sua resposta:

A tecnologia de inteligência artificial tem sido usada para sintetizar vozes de várias maneiras. Um método comumente usado é treinar modelos de aprendizado de máquina em grandes conjuntos de dados de áudio do artista para capturar seus padrões vocais e nuances. Esses modelos podem então gerar novas gravações de áudio que soam como a voz original do artista.

Explicação feita pelo ChatGPT de como a IA poderia replicar a voz de uma pessoa

Dessa forma, utilizando gravações antigas contendo a voz de John Lennon, a tecnologia IA seria capaz de replicar seu vocal e fazê-lo cantar novamente, podendo alterar seu tom de voz e até mesmo fazer a voz do cantor dizer palavras que ele nunca teria dito em vida. Como descrito pelo próprio Paul:

Nós conseguimos pegar a voz de John na sua forma pura através dessa IA. E então conseguimos mixar a gravação como normalmente se faria, com isso temos uma capacidade de manusear a voz. Então tem um lado bom e um lado assustador.

Paul McCartney em sua entrevista para o Today // Tradução do Lab Notícias

Não é a primeira vez que o músico utiliza tecnologia similar a essa em suas músicas. Em 2022, uma tecnologia parecida foi utilizada para a remasterização do álbum Revolver, também pertencente aos Beatles, e para que McCartney conseguisse fazer um dueto com seu falecido colega durante uma turnê no mesmo ano.

Na entrevista, não fica claro se há alguma intenção de Paul de criar algo novo com a voz de John Lennon, apenas de transformar a gravação de fita cassete em uma gravação mais atual, sem ruído, de uma música nunca antes publicada pela banda.

As falhas da IA

Uma tecnologia tão potente e promissora quanto essa levantaria inúmeras dúvidas sobre sua capacidade de criar algo realmente verossímil. E realmente, apesar de todo seu potencial e avanços, ainda existem problemas presentes no uso de IA para tentar criar um produto que tenta copiar a realidade.

Para saber mais sobre, perguntamos novamente ao ChatGPT sobre e essas foram suas respostas:

“Uma voz gerada por inteligência artificial tem algum tipo de limitação por ser uma voz recriada?”

  • Qualidade e Naturalidade: Em alguns casos, as vozes geradas por IA podem soar um pouco robóticas, com entonação e nuances vocais limitadas.
  • Dados de treinamento: A qualidade das vozes geradas por IA depende da disponibilidade e qualidade dos dados de treinamento utilizados para treinar os modelos.
  • Variedade e improvisação: A expressividade vocal e a capacidade de se adaptar às nuances musicais podem ser desafios para os modelos de IA atuais.
  • Contexto e emoção: As vozes geradas por IA podem ter dificuldade em transmitir emoções de forma autêntica e capturar o contexto de uma determinada música ou trecho.
  • Aceitação e resposta do público: Alguns ouvintes podem apreciar a nostalgia de ouvir uma voz recriada de um artista falecido, enquanto outros podem preferir valorizar a autenticidade das gravações originais e acreditar que a recriação de uma voz é inadequada.

Apesar de suas falhas, a tecnologia IA está avançando constantemente e melhorando sem parar desde seus primeiros usos cerca de 10 anos atrás e tudo indica que sua evolução nunca irá parar. Apesar de ser bastante assustadora e apresentar alguns problemas, entretanto, nas próprias palavras de Paul, a tecnologia IA “é o futuro” e deve ser analisada com cuidado.

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