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Isabella Lima

Ao acordar cultivo a insistente mania de abrir o Instagram. Assim como milhões de outras pessoas, as redes sociais fazem parte da minha vida e rotina. Não me orgulho de dizer quantas páginas de fofocas passam na tela. E pior: o número de pessoas, ou melhor, de influencers que sigo. A maioria é um nome sem significado que por algum motivo decidi que valeria a pena incluir na minha vida.

Atire a primeira pedra quem está totalmente imune aos influencers de plantão. Quem nunca fez uma receita fitness milagrosa que garantia te ajudar a perder 5KG a cada garfada. Ou tentou aquele truque tecnológico que te juraram que as gigantes tecnológicas não querem que você saiba. Ou te fez dançar aquela música cuja letra começa com “sentada” — até difícil saber qual entre as mais de 1000. Ou usou uma roupa ou acessório da moda que mais parecia o trabalho de um aluno do pré de tão… Enfim, quem sou eu para julgar não é!?

O ponto é: você é realmente imune!? Nunca se deixou influenciar por nenhuma dessas bobeiras. Será mesmo? Nem mesmo ligou no Bom Dia e Companhia para ganhar um Playstation? Os primeiros a nos influenciar nem sempre estiveram em um mundo virtual, já foram da televisão, do teatro, escritores e da igreja. Cada qual com um motivo e circunstância para influenciar e ser autoridade no assunto. Atrizes ditavam a moda, escritores a literatura, cientistas a ciência, em uma sequência lógica de profissionais e suas especialidades. Pessoas que perdiam tempo e dinheiro se especializando sobre um assunto. Ah, se eles soubessem como é mais fácil hoje em dia!

Mas em um mundo globalizado, quem não posta não existe. E quem tem muitos seguidores é um influencer, um expert no assunto que bem lhe interessar. É um mundo de possibilidades, todas as portas abertas. O que conta é aquele minúsculo selo azul ao lado do seu nome, que atualmente custa R$55 por mês. O valor da credibilidade.

Acho que esse truque Dale Carnegie não descreveu em nenhum de seus célebres livros. Já imagino como seria ler “Como fazer amigos e influenciar pessoas” e encontrar um capítulo inteiro sobre como viralizar nas redes sociais. Provavelmente seria apenas mais um, já existem muitos blogs sobre o assunto. E quantos seguidores ele tem?

A influência é realmente algo contagiante. O efeito de 100 mil pessoas é atrair mais 100 mil pessoas, e assim sem fim. A palavra de alguém com tantos seguidores deve ser valorizada. E a cada momento mais pessoas ganham mais seguidores. Chegará o momento onde o mundo virtual será mais populoso e mais real que o físico.

A oportunidade de ser levado a sério de fato é algo esplêndido. Em um mundo dominado por um seleto grupo distante dos meros mortais, ter a liberdade de opinar e ser ouvido é o atestado da modernidade. Atrizes ditam regras para saúde, escritores se restringem a frases motivacionais sem sentido, os cientistas são apenas comunistas. Os especialistas virtuais sabem das coisas.

Influercers influenciam. E podem falar sobre o que quiserem: moda, política, cultura ou ciência. As redes sociais são terras sem lei, e não é preciso certificado de proficiência em nada para ser um especialista. Apenas disposição para viralizar. E se seguidores é sinônimo de credibilidade, somos nós os avaliadores da capacidade alheia. Um follow vale mais que mil palavras.

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