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Perdida, a nova aposta do cinema nacional estreia nesse mês de Julho. O filme é uma adaptação do best-seller de mesmo nome da autora brasileira Carina Rissi. A história acompanha Sofia (Giovanna Grigio), uma jovem independente do século XXI que apesar de adorar livros de romance, não acredita em finais felizes e nem suporta a ideia do casamento.
Com o suporte de sua melhor amiga Nina, sempre disponível para apoiá-la, a vida segue normalmente. Até que … Uma pedra no caminho? Não, surge uma atrapalhada (sa)fada madrinha (Luciana Paes), como ela mesma se chama, pronta para interferir na realidade, e ajudar a sua protegida a encontrar a felicidade.
Após uma corrida de taxi pra lá de estranha, Sofia acaba ficando com o celular da taxista/fada madrinha. Ao entrar em seu prédio recebe uma ligação repleta de cortes e ruídos que a leva ao terraço em busca de um sinal melhor. Ao subir as escadas rumo ao seu destino um estranho fenômeno se inicia, uma luz azul inexplicável que parece ser ignorada ou não percebida pela protagonista começa a tomar a cena. E quando a porta do terraço se abre ela percebe que algo errado aconteceu, e que em vez de estar no topo de um prédio, está em uma igreja do século XIX.
Transportada para um lugar completamente novo, porém antigo, encontra Ian Clarke (Bruno Montaleone), um galante cavalheiro pronto para ajudar, e salvar a mocinha. Assim começa a aventura. Um lugar desconhecido, dúvidas e novos sentimentos, e a busca da protagonista por entender o que aconteceu, e como voltar para sua vida moderna.
Para melhor entender o enredo basta imaginar que a Cinderela é a protagonista do filme De Volta para o Futuro. Um romance com uma viagem inesperada ao passado. Pode parecer confuso no inicio, mas quem tiver um pouco de paciência rapidamente pegará o ritmo da narrativa e identificará varias semelhanças com outros clássicos do cinema.
A escritora inglesa Jane Austen funciona como inspiração e referência para Carina, que divide esse amor pela literatura com Sofia. Com o cuidado de escalar atores com experiência, e a altura dos personagens a quem dão vida, a escolha do elenco se prova mais do que acertada. Em especial com a protagonista Giovanna Grigio, que parece nascida para o papel. Em comparação, o seu par romântico pode não ter correspondido as expectativas em determinados momentos. Porém, o mais importante é atendido, e quando juntos os protagonistas transmitem ao público todos os sentimentos que vão surgindo durante a relação com muita química e conexão.
O livro que inspirou o longa foi publicado em 2013 e se tornou um sucesso, no Brasil e em outros países, além de dar origem a uma saga e spin-offs. Com uma linguagem simples e enredo envolvente, cheio de magia e romance, é uma leitura leve e perfeita para passar o tempo. Motivos que agradam adolescentes e adultos, e o tornam uma porta de entrada para a apreciação da literatura brasileira.
Essas características que os diretores Katherine Chediak Putnam e Dean Law, buscaram reproduzir no longa-metragem. O enredo mantém a sua essência, mas sofre alterações ao substituir a São Paulo provinciana de 1830 retratada no livro, por um mundo a parte repleto de paisagens com tom de magia, e criado pela fada madrinha especialmente para a protagonista. Com muitas áreas verdes e florestas e efeitos visuais que remontam a uma época pouco urbanizada que criam a ambientação perfeita para esse tipo de história.
Essa nova realidade torna possível algo ainda não totalmente experienciado: a igualdade racial, onde os personagens convivem em harmonia sem o estigma da cor e do preconceito. Algo bem diferente da realidade do Brasil da época, quando ainda era marcado pela escravidão. Essa modificação não é algo novo, e segue uma formula já utilizada em outras adaptações de livros de época para as telas, como a série Bridgerton dirigida por Shonda Rhimes, e que é um sucesso de audiência.
Além de todo o romance outros detalhes também chamam a atenção, como a trilha sonora composta por músicas pop atuais que contrastam com o clima de época e criam um efeito cômico. Combinado ao acréscimo a história de uma fada madrinha descolada e com humor ácido, que se assemelha a personagem de Kéfera em É fada, formam uma combinação onde o resultado não poderia ser outro além de risadas garantidas.
Com crítica positiva de Janda Montenegro no site Cinepop, e também avaliações dos usuários no Adorocinema, a obra não está recebendo a atenção merecida e as salas de cinemas estão vazias. Durante minha sessão haviam apenas 7 pessoas, fato que se repetiu com outra amiga.
Mas será que a história terá um final feliz? Eu até sei a resposta, mas se eu contar você não vivenciará todas as emoções que o filme promete. Para isso, é preciso assistir. Por fim, fica a dúvida se após Perdida, vem aí Encontrada.