A febre do cigarro eletrônico entre os mais jovens

Pod, Vape, e-cigarrete ou como você quiser chamar, os dispositivos de cigarro eletrônicos são uma verdadeira epidemia entre os adolescentes no país e no mundo.
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Cigarro eletrônico é cada vez mais comum entre os jovens (Foto: Pexels/Dede Avez)

Não é difícil você encontrar na rua, nas escolas, nas festas, nas baladas e nos bares, jovens com cigarro em suas mãos. Convenhamos, o tabagismo faz parte da nossa sociedade já há algum tempo. E é comum que essa prática se inicie entre a adolescência e a fase adulta. Porém nas últimas décadas um fenômeno se sobressaiu entre os mais jovens de forma meteórica, o cigarro eletrônico. De diferentes formatos e tamanhos, os dispositivos chamam atenção dos mais jovens, que são os usuários predominantes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 70% dos usuários dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) possuem entre 15 a 24 anos de idade. No início se pensava que o famoso “Vape” poderia ser uma alternativa para o tabagismo comum, na época se pensava que ele poderia conter menos nicotina e outras substâncias nocivas à saúde. Mas com o passar dos anos essa prerrogativa caiu por terra, e o que vemos cada vez mais é o sucesso dos cigarros eletrônicos. Por possuir essências e diferentes sabores, ele se torna mais atrativo entre os jovens. O sabor menos agressivo do que o cigarro comum pode causar a sensação de ser inofensivo, mas os dados apontam para outras respostas. Além de possuir substâncias tóxicas, um estudo do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelou que o uso do cigarro eletrônico aumenta as chances de uso do cigarro convencional em mais de quatro vezes.

O cigarro eletrônico nas escolas

Essa realidade que afeta a vida de tantos jovens aparece nas instituições de ensino. Com esses hábitos cada vez mais costumeiros, é obvio que casos de jovens flagrados com cigarros eletrônicos nas escolas iriam ocorrer.

Wesley Ribeiro Alves é professor de História, formado na Universidade Estadual de Goiás. Wesley atua na área há 9 anos, e desde maio de 2023 é docente na rede estadual de educação em Morrinhos, interior do estado. Ele trabalha no Centro de Período Integral (CEPI) Sylvio de Mello. Em entrevista para nós, do LabNotícias, Wesley falou um pouco de como encara essa situação nas escolas.

“É relativamente frequente encontrarmos alunos fazendo uso do cigarro eletrônico, ainda que esse produto seja proibido na escola. Isso varia muito, há dias de se encontrar dois, três alunos, mas também passamos por períodos longos sem se observar isso…” disse Wesley, quando questionado sobre a frequência em que alunos são pegos portando cigarros eletrônicos.

Quando perguntado as providências da instituição de ensino, Wesley respondeu que a escola fica com o produto retido e comunica os pais do acontecimento, além de convidá-los para uma conversa na escola. E também, claro, as sanções próprias do local, como, advertências e suspensões assistidas.

A respeito da conscientização dos jovens, Wesley disserta que “Existem algumas tentativas sim, infelizmente, porém, notamos que elas não são suficientes, porque boa parte do problema começa nas famílias… cartazes (elaborados pela Secretaria Estadual de Educação ou pela escola) são afixados para conscientizar os estudantes (sejam eles fumantes ou não). (…) Há ainda a oferta de disciplinas eletivas (aquelas que o estudante escolhe qual deseja cursar, dentro da CEPI) que tratam da problemática das drogas lícitas e ilícitas e produzem trabalhos envolvendo toda comunidade escolar. Existe também o programa de tutoria na escola, em que os estudantes são acompanhados pelos professores com maior afinidade, e esse é um momento de aconselhamento e conversa mais próxima.”

Dados sobre a relação jovens x cigarro

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) divulgou resultados alarmantes em 2019. O percentual de jovens entre 13 e 17 anos que experimentaram cigarro ao menos uma vez é de 22,6%. Esse mesmo número sobe para 26,9% quando se trata do cigarro eletrônico. A afinidade por cigarro é mais comum entre jovens de 16 e 17 anos, do sexo masculino. Além de que, a convivência com fumantes é um ponto a se observar. 24,6% relataram que ao menos um dos pais fumam, 29,2% que um dos amigos fumam e 27,6% disseram que são fumantes passivos em suas casas.

Além dos dados, vale ressaltar que, a comercialização, a propaganda e a importação de qualquer dispositivo eletrônico para fumar é proibida no Brasil, através de uma Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa: RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009. A decisão foi tomada à época por precaução, devido à falta de comprovação cientifica das alegações atríbuidas ao produto.

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