Plataforma Launcher: startup goiana busca preparar para o Enem atendendo as demandas das novas gerações

Startup goiana trabalha a preparação para o Enem com abordagem Netflix, gamificação e IA
jan 12, 2024 , ,
Tempo de leitura: 8 min
Fernando Dias

A plataforma Launcher é uma startup criada por estudantes goianos, que busca preparar jovens para o Enem e se diferenciar das plataformas convencionais com uma abordagem inspirada na estrutura da Netflix. Além de focar na preparação para o Enem, a plataforma também visa apoiar a preparação para o mercado de trabalho e fornecer recursos de educação financeira e emocional.

A startup foi criada com o objetivo de resolver problemas como a falta de recursos financeiros, incoerências nas abordagens tradicionais de estudo e a necessidade de qualificação profissional. O Lab Notícias entrevistou Lucas Garcia, uma das mentes por trás do projeto.

Imagem: Plataforma Launcher

Fernando Dias: O que é a Launcher? 

Lucas: A Launcher é uma plataforma de estudos inspirada na Netflix, para o jovem ter uma rotina de estudos mais dinâmica e intuitiva, para isso, ele possui acesso a materiais e funcionalidades e tecnologias  exclusivas da plataforma. A ideia surgiu através de um programa de startups da Junior Achievement Goiás, a JA Goiás. Houveram várias inscrições pro programa, a JA Goiás selecionou algumas pessoas e formaram alguns times. Coincidiu que o meu time era composto por alunos do IFG (Instituto Federal de Goiás), que era onde eu estudava na época. Éramos eu e mais três pessoas, o Arlindo, o Matheus e a Meiling. 

Fernando Dias: Como vocês decidiram criar uma plataforma de educação?

Lucas: O primeiro passo de uma startup é identificar a dor existente, certo? Qual é o problema que precisa ser resolvido? Surgiram duas ideias iniciais: uma para a Feira Hippie, um aplicativo para gestão da Feira Hippie, e outra voltada para a área educacional, também envolvendo qualificação profissional. Identificamos essa dor, voltada para os estudantes,  graças a uma notícia, que mencionava dados de uma pesquisa que revelava que a cada dez jovens, sete se sentiam despreparados para fazer o Enem. A partir disso, começamos a nos aprofundar nesse assunto e identificamos várias lacunas em relação à preparação para o Enem.

Enfim, o Matheus e a Meiling saíram logo depois que acabou o programa da JA Goiás, nós nem fomos selecionados para a final, eles saíram porque não gostam muito desse ramo de empreendedorismo. O que nos deu ainda mais motivação para continuar foi o fato de termos alcançado o terceiro lugar na Maratona de Negócios, na Campus Party Goiás, em julho de 2022. Assim, seguimos em frente. Recentemente, o investidor-anjo, o Mauro Santos, entrou para o time, e estabeleceu uma conexão com um desenvolvedor de Belo Horizonte, o Otávio Martins. Como resultado, a equipe é composta por quatro pessoas atualmente.

Fernando Dias: Você pode explicar do que se trata o investidor-anjo?

Lucas: Investidor-anjo, é uma pessoa que acredita no potencial da startup e investe financeiramente além de agregar conhecimento e conexões para a equipe. Nosso investidor-anjo, Mauro, mora em Balneário Camboriú, ele é procurador da fazenda. Nós conhecemos ele em Brasília, já que ele vai para lá de vez em quando. Ele pegou nosso contato e tem acompanhado de perto nosso trabalho desde abril de 2023. Desde o início, ele demonstrou interesse quando viu o que estávamos fazendo. Por isso, ele investiu 3% na startup.

Fernando Dias: Quanto tempo faz que a Launcher está no ar? 

Lucas: Desde novembro de 2022. Entre setembro de 2021 e novembro de 2022, focamos em estudos e desenvolvimento, o que levou um pouco mais de um ano, aproximadamente. Nós lançamos pouco antes do Enem, então acabamos perdendo o timing ideal. No entanto, conseguimos realizar algumas pesquisas boas.

Fernando Dias: Como foram feitas essas pesquisas?

Lucas: Antes da pesquisa, fizemos um mapeamento usando o Business Model Canvas (BMC), que é todo o planejamento da startup. Isso inclui detalhes sobre o mercado, nicho, público-alvo, as dores identificadas e a solução proposta. Basicamente, criamos um quadro com essas informações e, a partir disso, fizemos a validação. Na etapa anterior, nós fizemos suposições sobre as dores que existiriam. As perguntas direcionadas ao nosso público-alvo foram para confirmar se essas dores eram reais ou se eram apenas suposições erradas. Tem a questão da pivotagem, essa palavra é muito usada dentro das startups, e é a questão da mudança. Às vezes você está direcionado para o caminho “A”, mas nessa pesquisa você descobre que a dor dentro do caso da educação vai pelo caminho “B”.

Fernando Dias: Qual o principal problema que vocês precisaram solucionar?

Lucas: O principal problema no início foi a questão de que a Launcher precisava ser acessível. Hoje em dia tem um mercado muito grande de cursinhos online que custam mais de R$30,00 por mês, mas muita gente não tem isso. Então nós partimos para a questão do preço. Mas isso foi mudando ao longo do tempo, hoje em dia nós entendemos que o maior problema é a ausência de tecnologia nesse nicho de educação. Muitas plataformas estão virando um modelo convencional digital, que é o quê? Um aluno se senta, assiste aula, responde questões, faz provas e fica apenas nisso. Inclusive, o Otávio, o desenvolvedor que entrou ele entrou justamente para inserir um modelo de gamificação  

Fernando Dias: Como funciona esse modelo de gamificação? 

Lucas: Esse modelo de gamificação vai funcionar com o modelo do Quiz. Vai ser meio que um Duolingo do Enem. Então é um quiz que vai ter várias recompensas e nós  também queremos implementar uma função que você desafie um colega e aposte as suas coins, suas moedinhas do jogo. Nós estamos vendo a possibilidade de trocar essas moedinhas por descontos em algum produto ou até mesmo trocar por algum produto real. No Ceará, o governo implementou o modelo de gamificação e viu o crescimento da produtividade dos alunos, existem diversas pesquisas por trás nessa área.

Fernando Dias: A Launcher oferece cursos de qualificação profissional?

Lucas: A Launcher prepara o jovem para o Enem, qualifica ele pro mercado de trabalho e oferece uma base de educação financeira e emocional. Atualmente nós temos uma trilha de cursos, onde nós filtramos diversos cursos gratuitos que nós indicamos de outras plataformas. Cursos profissionalizantes exclusivos da Launcher ainda não temos. Nós ainda estamos desenvolvendo essa área profissional, nós pretendemos fornecer cursos próprios e após a conclusão,  intermediar o jovem diretamente com as empresas. 

Fernando Dias: Vocês utilizam I.A (Inteligência Artificial) em alguma função da Launcher?

Lucas: Sim, nós temos um corretor de redação por inteligência artificial, ele tem uma taxa de acerto alta, cerca de 92%. Fizemos muitos testes, em diversos cenários a I.A chegou na mesma nota que aquela redação recebeu de um corretor do Enem. Ela oferece uma correção muito detalhada, quais os pontos fortes e fracos, onde a redação pode melhorar. Mas queremos sim trabalhar mais com I.A, a base da Launcher é tecnologia, inovação e educação, e a I.A está como uma prioridade na questão da tecnologia, porém ainda temos algumas limitações de equipe e verba. Essa função foi adicionada recentemente e queremos aumentar a divulgação disso ainda mais.

Fernando Dias: O que destaca a Launcher em relação às outras plataformas?

Lucas: Como eu falei, hoje em dia as plataformas de estudos estão seguindo o modelo convencional da escola, porém no meio digital, ou seja, é o quadro, o professor dando aula, o aluno fazendo prova, e avaliando o aluno por notas. Isso saiu do meio físico e foi pro digital, para mim a principal vantagem da Launcher é essa, muitas vezes esse modelo tradicional aplicado online é cansativo. Com a geração de hoje, isso precisa ser mudado, pois ninguém mais para e assiste uma hora de aula e fica estudando o dia todo, poucas pessoas conseguem, pois as pessoas estão mais ansiosas, mais rápidas. As mídias mais consumidas hoje estão no TikTok, no Shorts, no Reels, todos são rápidos, são vídeos rápidos, ninguém mais tem paciência pra sentar e assistir aulas longas. A adesão dos usuários nessas plataformas é baixa, o aluno assina a plataforma e não utiliza depois. O ensino online não tem se adaptado às necessidades do cliente, e esse é um dos principais pontos da startup: não é responsabilidade do cliente se adaptar ao seu negócio, é o seu negócio que deve se ajustar às necessidades do cliente.

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