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No dia 8 (oito) de janeiro de 2024, a Polícia Civil do estado de Goiás deflagrou a “Operação Las Vegas”, que aponta que um grupo de empresas especializadas na venda de títulos de capitalização premiável estava cometendo lavagem de capitais e estelionato, fraudando seus sorteios, cuja promessa de prêmio era, dependendo da empresa, de R$300 mil a R$700 mil para o ganhador. Até grandes celebridades, como cantores, atores e influenciadores digitais eram contratados para serem garotos-propaganda, mas não há indícios até o momento que haveria por sua parte ciência dos crimes cometidos. Após nove mandados de prisão contra envolvidos do esquema e 16 mandados de busca e apreensão, o caso aguarda ainda uma primeira audiência na justiça, e dentre os que mais aguardam essa data — que, até o momento, não há previsão de acontecer —, estão os ex-funcionários das empresas.

O encerramento das atividades das empresas foi feito de maneira abrupta, causado pela própria operação da Polícia Civil, e isso culminou nos seus empregados sendo deixados sem o salário do mês de janeiro, que seria pago bem no dia em que a operação foi colocada em prática, nem respostas sobre quando seria passado esse dinheiro, além de outras questões como quando seria dado baixa na carteira de trabalho ou sobre o acerto de contas com cada um que trabalhava nos estabelecimentos. De faxineiras, atendentes de telemarketing, até os supervisores, todos estão na mesma situação.

Por preferência dos ouvidos, os nomes foram trocados para outros fictícios, preservando a privacidade das fontes.

A notícia de que seu emprego simplesmente deixou de existir do dia para noite pegou Denise de surpresa, sem saber como continuará sustentando sua faculdade, que era paga inteiramente com seu salário. “Eles não falaram nada para a gente, e se depender deles mesmos a gente morre sem resposta alguma”, relata Denise.

Outra pessoa que está em uma situação complicada é Renato, que contribuía dentro de sua casa com metade do seu salário. Agora, em sua condição atual, essa ajuda será desfalque num lar em que, além dele, também moram suas quatro irmãs mais novas e seu pai. “O que mais me deixa com raiva era nos dias próximos aos sorteios, quando todo mundo se matava de tanto trabalhar. E agora, foi tudo para nada, já que nem o sorteio acontecia de verdade?”, pontua.

Um outro caso que merece atenção é o da Regiane. Casada e com um filho ainda na primeira infância, seu marido, após um acidente de trabalho, foi afastado de seus afazeres desde meados do ano passado, mas não consegue sua remuneração que lhe é garantida como direito. Sendo assim, Regiane se tornou a única renda familiar de sua casa, mas com a perda do seu emprego, eles estão sem uma perspectiva clara do que vem pela frente.

Um time de advogados que está representando mais de 30 funcionários de uma das empresas, que também solicitou sigilo sobre suas identidades, informou que não há uma estimativa certa de quantos dias demorará para acontecer a primeira audiência, pois a data é determinada apenas pela Justiça.

Há a chance de que algumas coisas, como a liberação do Seguro-Desemprego e dar baixa na carteira de trabalho, se resolverem ainda nesse primeiro encontro, como por exemplo em um acordo judicial ou se o réu não comparecer com defesa, mas nada garante que o processo siga necessariamente por esse caminho.

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