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Junho chega com mais uma Feira Agro Centro-Oeste Familiar (Acof). O evento é promovido pela Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (EA/UFG) e começa nesta quarta (04/06), com encerramento no dia 7 de junho. Em sua 22ª edição, a Acof traz a temática “Agricultura Familiar forte é cooperativismo forte!” e ocorrerá no Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, no campus Samambaia da UFG.
Segundo a organização da feira, a estimativa é de 15 mil visitantes durante os quatro dias de evento. Quem participar poderá escolher atividades bem diferentes, como palestras, cursos, minicursos, seminário científico, cozinha camponesa e até shows culturais. Para os envolvidos na programação, esses ambientes diversos favoreceram e ainda favorecem que o evento seja um “espaço de trocas, fomento à inovação e estímulo à autonomia dos territórios rurais”.
A Feira Agro Centro-Oeste Familiar adapta sua programação anualmente, mas sempre volta sua atenção para tópicos como sustentabilidade e tecnologias no campo. Em 2025. o evento terá:
feira livre da agricultura familiar
estandes institucionais
seminários temáticos
seminários científicos
cursos e oficinas práticas
visitas técnicas à áreas de cultivo
exposição de máquinas e implementos agrícolas
rodas de conversas
apresentações artísticas
Confira aqui todos os detalhes da programação deste ano.
Tradição há 25 anos

A Feira Agro Centro-Oeste Familiar foi criada em 2000 pela UFG e se tornou um evento anual de grande relevância para a agricultura familiar no Brasil, especialmente na Região Centro-Oeste. Até então realizada anualmente em Goiânia, ao decorrer do tempo a feira se consolidou como um espaço crucial para reunir agricultores, pesquisadores, estudantes, gestores públicos e a sociedade civil, onde ocorre a promoção, valorização e o fortalecimento da agricultura familiar. Portanto, é uma importante oportunidade para que os expositores possam apresentar e comercializar suas produções.
Realizado anualmente, o evento que de início tinha um foco mais amplo passou, a partir de 2005, a concentrar-se na agricultura familiar. Esse foco vem como reconhecimento da necessidade de apoio a esse segmento, proporcionando um local para expor produtos, bem como palco para discussão de políticas públicas.
Essa necessidade se deve a diversos fatores estruturais, sociais e econômicos, visto que apesar da agricultura familiar ter uma vasta produção de alimentos, os agricultores enfrentam diversas dificuldades, entre elas o acesso a crédito, assistência técnica, tecnologias adequadas e mercados para comercialização.
O professor Rogério Almeida, que idealizou o projeto, comenta que: “eu sempre entendi que o pequeno produtor ia precisar da mecanização. Nos últimos anos, os pequenos agricultores perceberam isso também. Então, agora, eles querem máquinas e a gente tem buscado trazer, não só máquinas, mas mais tecnologias. Por exemplo, hoje eu tô trazendo o drone. Tem gente que vai questionar: ‘mas o drone para o pequeno agricultor?’ Sim, acho que ele tem que ter acesso a toda a tecnologia, inclusive drone, agricultura de precisão, tem que ter acesso a tudo isso, se beneficiar disso também. Essa é a nossa visão.”
Sendo assim, a criação da Acof e seu redirecionamento de foco respondem a essa lacuna de apoio e integração do setor ao desenvolvimento rural sustentável no Brasil. Desde então, a feira tem sido organizada por uma rede de instituições como a UFG, o Instituto Federal Goiano (IFG), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Emater-GO, a Embrapa, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Goiás (Fetraf-GO), entre outras.
Ao longo dos anos, a Acof expandiu seu alcance, sendo realizada em diferentes municípios goianos, como Morrinhos (2014), Urutaí (2016), São Luís de Montes Belos (2018) e Ceres (2022), além de retornar periodicamente à UFG em Goiânia. Embora a feira complete em 2025 25 anos desde sua criação, houve apenas 22 edições, devido a interrupções ocasionais, principalmente a pandemia de COVID-19, que impossibilitou a realização do evento por alguns anos. Apesar disso, a feira mantém sua tradição anual e chega, agora em junho, com mais uma edição.
Por dentro do evento
Por ter uma lista de atividades extensa e diversa, a Agro Centro-Oeste funciona com uma dinâmica diferente de outros eventos acadêmicos que estudantes e professores da UFG estão habituados. Cada roda de conversa, mesa redonda, exposições de produtos agrícolas, praça de alimentação e comercialização por parte dos agricultores e artesãos que participam funcionam de forma paralela. Esse é um diferencial que chama a atenção de quem visita o local.
Neste ano, inclusive, a Acof contou com o “Espaço Saúde”, com vacinação contra Influenza e testes de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Além dessa ação, momentos simbólicos para o evento também ocorreram: a Câmara Municipal de Goiânia homenageou a feira pelos 25 anos de criação. Segundo a organização da Acof, mais de 100 pessoas já fizeram parte dessa história.

No entanto, em entrevista ao Lab Notícias, a professora Magda Matteucci relata algumas contradições quando o assunto é o crescimento e o reconhecimento da Acof no cenário regional e nacional. “Eu não vejo dimensão nenhuma. Eu acho que o projeto está se desviando muito da finalidade, por exemplo, essas máquinas não eram para estar aqui e eu não sou saudosista, acho que as coisas têm que evoluir, mas sempre com foco. “Dessa vez, achei o ano mais desorganizado e acho que precisamos de mais diálogo”, desabafa.
Já para Ludmilla Luciano, que participa de uma Comunidade que Sustenta a Agricultura chamada CSA Artigo 5º, “a Acof é muito importante na medida que ela traz como protagonistas as camponesas, os camponeses, as comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas que detém esse conhecimento da agrobiodiversidade e, sendo assim, a CSA comunga com essa matriz de produção de alimentos mais gentil, mais biodiversa que respeita a terra e que respeite as pessoas que estão trabalhando ali para nos oferecer o melhor alimento saudável”, reflete.
A Acof é muito importante porque ela consegue recepcionar esses sujeitos e sujeitas, protagonistas da produção desses alimentos saudáveis, e consegue aproximar também o consumidor dessas pessoas, né, de poder conhecer quem são as pessoas que colocam alimento de verdade nas suas mesas.
Ludmilla Luciano, integrante CSA Artigo 5º
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