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João Camargos
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Recentemente, estive em uma situação terrível. Eu estava na cidade de Professor Jamil (que, para a minha tristeza, não tinha Aluno Jamil como seu gentílico) e estava com meus velhos e novos amigos tocando em um ginásio poliesportivo. 

Guitarra, violão, teclado, cajon, três no vocal e ali, bem ali no cantinho, com a orelha quase colada na caixa de retorno, tinha o baixo (eu).

A situação terrível não era o Professor Jamil e nem a falta de seus gentílico-alunos, mas sim a falta da cifra no meu celular. Esse é um momento crítico na vida de qualquer um que esteja com um instrumento e não esteja com o ouvido em dia. Eu diria que é quase apocalíptico.

Ambiente de música é ambiente complicado. Um D# no lugar de um D… Meu amigo, traz olhares assassinos até você.

Todos eram muito bons, não precisavam de cifra como eu, nem precisavam decorar as notas, nem nada assim. Bastava falar uma letra que já conseguiam achar o tom e seguir tocando. Qual é o tom!? Não tenho…

Algo que me impressionou foi o poder de saber mais do que as máquinas. Quando fui afinar meu instrumento, a corda mais grossa soou meio ofensiva para alguém, levando-o a externalizar um: Tá desafinado. 

Eu olhei para o afinador. Ele olhou para mim tão constrangido quanto eu e brilhou: E.

Olhei no fundo dos olhos de meu algoz e disse: mi.

Isso não é mi.

Meu coração palpitou forte. Olhei para o afinador, que já não sabia mais onde enfiava a cara, e só brilhava. Tímido.

E!

Desliguei o aparelho afim de acabar com seu sofrimento e me sujeitei ao leve apertar simbólico de uma tarraxa a fim de acalmar a fúria daqueles que foram agraciados com a benção, ou maldição, de enxergar a cor do som como um pintor renascentista jamais poderia notar.

Estar rodeado daqueles que sabem mais do que você te força a muita coisa.

Principalmente a respeitar.

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