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Quanto tempo tem o tempo? Um dia desses, depois que vi um grafite aleatório enquanto passava de uber pela Marginal Botafogo, parei para pensar nisso. Por mais de um ano, fiz esse caminho quase que diariamente, e nunca havia reparado na obra de arte. Talvez ela fosse nova, é verdade, mas eu não saberia dizer; porque sempre passei por lá dirigindo, normalmente com pressa, sem tempo para reparar em quase nada.
No fim das contas, isso não importa. Importa que algum gênio grafitou, em uma das vias mais movimentadas da capital goiana, uma espiral preta e branca; daquelas obras que causam uma ilusão de óptica capaz de nos arrebatar da realidade. E importa que eu, finalmente, fui capaz de ver. Eu vi um túnel do tempo no meio da marginal. Me apressei em tirar uma foto, uma prova para desmentir qualquer um que dissesse que o tempo era invisível, mas um motoqueiro entrou na frente. Na hora, eu fiquei com raiva dele; porém, depois, me compadeci. O coitado não viu o grafite; ele estava com pressa. Sem tempo, irmão. O próprio tempo roubou dele não só horas de vida, mas a visão do belo, que agora lhe é invisível.