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O Submarino turístico Titan, da empresa OceanGate Expeditions, transportava 5 pessoas em expedição à estrutura do navio naufragado Titanic quando desapareceu no último domingo (18/06). A morte dos passageiros Shahzada Dawood, Sulaiman Dawood, Hamish Harding, e Paul-Henri Nargeolet, foi confirmada pela Guarda Costeira dos Estados Unidos após a localização dos destroços do submarino nesta quinta-feira (22).

Simultaneamente, no Mar Jônico, uma equipe de buscas segue trabalhando para localizar o barco de pesca Adriana, que no dia 14 de junho naufragou com mais de 750 migrantes partidos da Grécia em direção à Itália. Até o momento, 104 pessoas foram resgatadas, entre as quais há 47 sírios, 43 egípcios, 12 paquistaneses e 2 palestinos. De acordo com O Globo, 80 corpos já foram encontrados.

Fascínio infla bote comercial e afoga migrantes

Em 10 de abril de 1912, o Titanic saiu de Southampton, na Inglaterra, com destino a Nova York, Estados Unidos. Quatro dias depois, em 14 de abril, a embarcação bateu em um iceberg e afundou causando a morte de  1.500 pessoas. Em 1998, 86 anos depois, foi lançado o filme Titanic, drama dirigido por James Cameron inspirado na catástrofe do navio transatlântico e ganhador de 11 Oscar. 

Mesmo após mais de um século desde o acidente, o assunto ainda fascina pessoas de todas as classes sociais, seja espectadores do filme através do YouTube, seja bilionários dispostos a pagar US$ 250 mil por um passeio até os destroços do navio. O imaginário em torno do acontecimento, muito fortalecido pelo sucesso do filme, com certeza gera um fascínio em torno do nome “Titanic” e, consequentemente, do desaparecimento do submarino. Das 5 vítimas, todos sabem os nomes. Ao contrário dos 80 corpos migrantes.

Novidade barata

De acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM), o número de mortes de migrantes em 2021 ultrapassou o total de 4.236 mortes catalogadas em 2020. É um tipo de assunto que nunca sai de contexto, está sempre sendo falado, e para a maioria, 750 não é um número novo, mas que não surpreendente. Tornou-se ordinária a perda de vidas que, ironicamente, estão em busca de outra vida. 

O que há de surpreendente no caso Titan está além do fascínio “Titanic”. A forma como um grupo de abastados escolhe gastar seu dinheiro ergue sobrancelhas. Não se trata de quantas vidas foram perdidas: se trata do que não acontece desde que o mundo é mundo.

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