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O Futebol Feminino está se popularizando bastante com o passar do tempo, ainda que a passos lentos vários pontos estão sendo melhorados, como visibilidade e premiações nas competições, mas se por uma lado há melhorias, por outro existem pontos que precisam ser mudados o mais rápido o possível. Para falar um pouco mais sobre as questões que cercam o futebol feminino atual o LabNotícias entrevistou o Técnico Clériston, que treina a equipe Feminina e Masculina de Goianira para campeonatos.
Thais Teixeira: Como começou a sua trajetória com equipes femininas de futebol?
Técnico Clériston: O futebol feminino hoje está crescendo bastante, no Brasil, graças a Deus, está ganhando força e espaço para poder apresentar, desenvolver e revelar grandes talentos, então o futebol feminino para mim aqui em Goianira foi algo que eu assumi, uma experiência nova para mim.
Mas não muda muita coisa dentro das quatro linhas, e para mim é uma satisfação muito grande ver essas meninas que sonham, meninas que têm vontade, mas infelizmente não têm uma oportunidade. E eu estou aqui trabalhando com elas desde 2020 mais ou menos, já no final da pandemia. A gente já começou a se reunir pensando no campeonato da Taça das Favelas que é a vitrine para essas meninas e meninos, principalmente os meninos da Periferia.
E no qual eles não têm oportunidade, então eu abri essa janela para essas meninas para também dar oportunidade e visibilidade para elas que estavam ali esquecidas, digamos assim, então para mim tá sendo uma satisfação muito grande estar trabalhando com elas e sendo o canal de oportunidade para elas.
Thais Teixeira: Em questão do time feminino elas estão na competição, se sim, como elas estão na competição? Elas têm alguma conquista recente?
Técnico Clériston: Na Taça das Favelas, nós fomos eliminadas nas oitavas de finais, mas assim para elas e para mim foi muito positivo, chegar até onde elas chegaram, que em meio de 48 seleções as meninas ficarem entre 16 foi muito positivo, muito favorável. Até porque, a estrutura e o tempo, para a gente poder estar desenvolvendo esse trabalho com elas é bem curto, mas a gente sabe que estava estampado no olhar de cada uma delas a satisfação, a alegria que foi participar dessa competição tão almejada, tão bem falada e conceituada que é a Taça das Favelas.
E nós participamos de torneios e campeonatos regionais. Inclusive nós tivemos um que aconteceu no mês de abril, que foi o aniversário da Cidade de Goianira e entre as seis equipes a nossa equipe foi campeã aqui na competição e tivemos também alguns outros torneios que ficamos em segundo e terceiro em torneios locais.
Thais Teixeira: Para a Seleção Feminina da Taça das Favelas são 16 equipes selecionadas, enquanto no masculino são um pouco mais de 50, um número um pouco maior, o senhor acha que com o tempo o número das equipes masculinas e femininas podem se igualar na competição?
Técnico Clériston: É às vezes não igualar, mas aproximar pode bastante porque assim, na primeira competição que teve da Taça das Favelas aberto para o feminino, foram 24 seleções, assim com muita dificuldade para arrumar as 24 seleções e agora já aumentou para 48, então é um número bastante expressivo, que dobrou de um ano para o outro, e vem ganhando força nos projetos sociais, que às vezes trabalha só com o masculino tá trabalhando com feminino, e aí é onde tá crescendo o número de participantes.
Thais Teixeira: Quanto maior o número de participantes mais vagas dentro da competição?
Técnico Clériston: Exatamente, e aumenta a chance das meninas também serem vistas e quem sabe serem reveladas para alguns clubes, que é o objetivo maior da Taça das Favelas: oportunizar esses meninos e meninas, para poder ingressar em algum clube de nome, poder seguir essa caminhada aí no mundo do futebol.
Thais Teixeira: Existe alguma diferença em questão de metodologia da equipe feminina para a masculina?
Técnico Clériston: Tem uma pequena diferença na parte física, a gente tem uma certa limitação, porque a gente sabe que com o feminino, não é desmerecendo as meninas, mas a gente sabe das condições físicas de cada um e das suas limitações, então você procura trazer umas metodologias, algumas estratégias para que elas possam se desenvolver sem haver um desgaste maior em relação ao masculino.
Thais Teixeira: A proibição das práticas esportivas por mulheres entre os anos de 1941 e 1979 contribui para a estereotipação da participação de mulheres ainda hoje no esporte, em específico no futebol?
Técnico Clériston: Na verdade a gente fica um pouco entristecido por causa daquela época, tinha na verdade essa restrição, né? Mas hoje é notável que o futebol feminino dá para mostrar talentos assim como no masculino, a gente vê aí que tem algumas meninas que jogam até mais do que homem, se for comparar mesmo assim em termos de habilidade técnica a gente vê que tem umas meninas que realmente são um show.
Sem nenhum tipo de preconceito ou discriminação, então, isso é muito fantástico e eu acredito que a tendência é crescer. Agora, por ser obrigatório, os clubes terem as equipes femininas isso fez com que aumentasse também esse interesse à procura, né? [antigamente] era um pouco escondido, então se abriu para os clubes terem essas equipes femininas obrigatoriamente, aí as meninas pensarem realmente, agora sim, agora eu posso seguir porque eu vou ter oportunidade.
Thais Teixeira: O futebol feminino está alcançando cada vez mais visibilidade, alguns exemplos disso é que na abertura da Copa feminina em Auckland na Nova Zelândia, o público foi de 42 mil 137 pessoas que é um recorde inclusive do futebol na Nova Zelândia. E aqui no Brasil a final do Brasileirão feminino entre Corinthians e Ferroviária bateu recorde de público no futebol feminino sul-americano com um total de 42 mil 566 pessoas e eu queria saber na sua visão qual que é a importância disso e se essa visibilidade, o público ir lá e apoiar, incentiva novas meninas a quererem entrar no mundo do futebol?
Técnico Clériston: Com certeza, sem dúvida, até porque o que acontece é que a gente tem que correr atrás de ter todas as competições do masculino também ter elas no feminino.
Por mais que às vezes não tenha o número suficiente de equipes como tem no masculino, mas que faça com as equipes que tem, porque é competição igual, então é igualitária. Se a competição é igualitária, todo mundo vai entender a importância do futebol feminino. Porque elas estão disputando a competição assim como o masculino disputa masculino disputa é um Brasileiro, é um Campeonato Goiano, um Campeonato Sul-Americano, né? Jogos Olímpicos, Copa do Mundo e assim por diante.
Então a partir do momento que reforçar e igualar também as condições financeiras que é o ponto principal que tem tem muita diferença, hoje estão tentando entre aspas, né igualar, mas não vai igual assim da hora para outra, o salário de jogador masculino para feminino, mas isso deveria acontecer e rapidamente, porque aí sim você ia ver o quanto ia despertar o interesse no futebol feminino maior ainda.
Porque o que acontece, os homens gostam demais, são fanáticos demais, por futebol, mas não é só pensando no futebol, não. É visando dinheiro, visando lucro, eu quero treinar um jogador de futebol, porque rapidamente vou ficar milionário, essa se estourar no futebol rapidamente eu vou ficar milionário vou mudar minha vida, então se olhar para o lado feminino, não tem isso não, não existe essa visão o salário é baixo, agora o masculino qualquer coisinha a transação aí de um clube para outro [movimenta] milhões.
Thais Teixeira: Bom, como já foi pontuado o futebol feminino está melhorando em alguns pontos, na questão de premiações em campeonatos por exemplo, e também está aumentando aos poucos, visibilidade . Por mais que esteja melhorando em alguns pontos, ainda existem os que não melhoraram, um exemplo disso são os calendários apertados das competições, por exemplo da Libertadores feminina que começou dia 5 de outubro e terminou dia 21 de outubro. Esses calendários são prejudiciais? Se sim, por que? Na sua opinião tinha que igualar os calendários masculinos e femininos?
Técnico Clériston: Tem que mudar, tinha que ser igual ao masculino porque o desgaste físico e mental é da mesma forma do masculino, às vezes até pior, querendo ou não, se não tiver um trabalho muito bem feito de base e psicológico elas com certeza sofrem mais pressão do que os homens, isso é fato.
Então assim porque eles não igualam o calendário como o do masculino? Feminino e masculino tinha que ser igual, a competição não é a mesma? Não tinha que ter essa diferença, esse aperto né? Como você bem frisou, no campeonato parece que é algo [como se eles falassem] vamos colocar a competição porque é obrigatório colocar um feminino lá para elas poderem disputar.
E não é bem assim, tem que ter a visão da importância da participação das mulheres no esporte, seja no futebol, seja em outras modalidades feminino nas competições.