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Tainá Mariano
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No coração de um dos bairros mais nobres da Capital, o parque Areião se estende como um oásis de tranquilidade e lazer. Crianças correm, soltando risadas que se misturam ao som dos cachorros brincando. Jovens e adultos praticam atividades físicas, enquanto o sol brilha suavemente nas copas das árvores. Nesse cenário de paz, onde a natureza abraça a cidade, há uma presença constante, silenciosa, mas essencial: Diney, o vendedor de água de coco.

Diney montou sua barraca há quatro anos, após a pandemia lhe tirar o antigo emprego. De longe, pode parecer apenas mais um comerciante aproveitando a afluência dos frequentadores do parque, mas sua história revela um universo de batalhas invisíveis. Começou a trabalhar aos oito anos, e desde então, a vida foi uma sucessão de desafios. O mais recente foi o acidente de seu filho mais novo, que o deixou internado e, depois, cego de um olho. Entre a compra dos remédios para o filho e o mantimento da filha mais velha na faculdade, Diney se desdobra para proporcionar aos filhos o que ele não pôde ter.

Enquanto as pessoas que passam por sua barraca se refrescam e desfrutam de momentos de lazer, Diney é um observador involuntário do luxo do tempo livre. Ele, que já dormiu no próprio ponto de venda para economizar o aluguel, acorda antes do sol para abrir a barraca e só descansa tarde da noite. Calculando trocos e atendendo clientes, ele nunca teve o privilégio de desfrutar das comodidades ao seu redor, embora as tenha sempre à vista.

Em cada sorriso que serve e em cada conversa rápida que troca, Diney carrega a resiliência de alguém que aprendeu a ler e a escrever por conta própria, que se mantém firme apesar das tempestades. Ele é um reflexo das disparidades de um mundo onde alguns podem se dar ao luxo de passear no parque em plena manhã de uma segunda-feira, enquanto outros lutam para sobreviver. Diney, com sua barraca de água de coco, é o ponto de encontro entre esses mundos tão distintos.

E assim, enquanto a vida segue vibrante ao seu redor, Diney continua sua jornada de trabalho incansável, provando que o valor de uma pessoa não está no que ela pode desfrutar, mas na dignidade com que enfrenta suas adversidades. Ele não é apenas o vendedor de água de coco; é um símbolo de resiliência e esperança, para nos lembrar todos os dias que, às vezes, o maior luxo é ter a coragem de continuar.

Foto: Tainá Mariano

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