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O trabalho sempre foi um fator determinante na perpetuação, não apenas da raça humana, mas também de outras espécies do nosso planeta.Enquanto os animais trabalham de diferentes formas para sobreviver, os seres humanos, por sua vez, alcançam o sentido dialético de sua existência através do trabalho remunerado, que consiste em determinar um valor por uma quantidade de trabalho em diferentes modos de produção ao longo da história. 

Ao passo que a sociedade se desenvolve, as relações  de trabalho vão se tornando cada vez mais complexas e, naturalmente, à medida que a comunicação avança nesse mesmo período, a humanidade tem enfrentado transtornos psicológicos que sociedades anteriores ainda não haviam visto da forma como ocorre nos dias de hoje. A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) que diz que os últimos anos, o uso excessivo de tecnologias e redes sociais tem sido diretamente associado a um aumento no caso de doenças mentais como depressão, ansiedade e estresse

Nesse sentido, é importante questionar porque o trabalho tem maior relação com o desenvolvimento de transtornos psicológicos na era digital, e entender como estamos inseridos em uma lógica de produção que entra em contradição quando precisa que um trabalho seja bem desempenhado, mas não tem interesse em criar condições para que quem o faça esteja bem física e mentalmente. 

É importante perceber que quanto mais contato o indivíduo tem com situações de alto estresse em um curto espaço de tempo, existem mais chances dessa pessoa desenvolver algum tipo de transtornos mental. Uma pessoa tem fortes chances de desenvolver ansiedade  caso esteja em um cenário onde não se tem certeza se vai ter o que comer no dia, ou se vai permanecer no emprego ou não, se vai ter onde morar no próximo mês ou não.

A saúde mental de uma pessoa em situação de rua, por exemplo, precisa ser urgentemente discutida junto a questão do desemprego, porque se a grande maioria das pessoas nessa condição são pessoas que já tiveram um emprego formal, é correto afirmar que possivelmente seu último salário foi um salário mínimo, ou seja, analisar a saúde mental de um grupo soicial nos faz perceber a relação e distância que estamos desses grupos ao nosso redor. A população de rua está intrinsecamente ligada ao exército industrial de reserva e o desemprego como projeto político.

A pandemia de Covid-19 acentuou os índices de pobreza ao redor do mundo,e, junto a isso, os casos de transtornos psicológicos, De acordo com dados do FGV Social, a pandemia jogou para a linha da pobreza quase 27 milhões de brasileiros. Com o fim do auxílio emergencial no final de 2020, em janeiro 12,8% de pessoas estavam na linha da pobreza, ante os 12,1% de 2011. Os cálculos mostram o papel devastador da COVID-19 no País que aumentou ainda as disparidades regionais. 

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