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Chamadas de “exércitos de fãs” possuem um significado ainda maior quando se tratam da boy band sul-coreana. Para além do nome formal e militar da palavra “ARMY” (exército), os fãs do BTS também são considerados assim devido a abreviação de “Adorable Representative M.C for Youth” (Representante Adorável para a Juventude). Atualmente, o papel do fandom tem uma forte presença em todos os continentes, promovendo uma imensa participação digital, apoiando os membros do grupo, acessando as músicas e produtos do BTS e participando ativamente de diversos projetos sociais ao redor do mundo.
Afinal, quem é o BTS?
O BTS é um grupo de K-Pop sul-coreano composto por sete membros: Kim Namjoon (RM), Min Yoongi (SUGA), Jung Hoseok (J-Hope), Kim Seokjin (JIN), Park Jimin (Jimin), Jeon JungKook (JungKook) e Kim Taehyung (V). A sigla é a abreviação para Bangtan Sonyeodan, que traduzido para o português significa “meninos à prova de balas”. Apenas no ano de 2017, o BTS adotou o nome Beyond The Scene (Além da Cena, em português), dando uma pequena reviravolta no significado, agora com a ideia de promover a liberdade e o amor próprio. Formados pela Big Hit Entertainment que era uma pequena agência e com poucos recursos, a história dos sete meninos iniciou no dia 13 de junho de 2013. Eles moravam juntos em um pequeno dormitório de apenas um quarto, com dois beliches e uma cama.
“Quando conheci o grupo estava passando por um mal momento com colegas no colégio e as músicas me ajudaram a suportar esse momento. Além de me darem outra perspectiva para solucionar meus problemas”, afirma Vitória Helena, ARMY em entrevista ao Lab Notícias.
Para muitos fãs, o BTS vai além de ser apenas um grupo de música: eles se tornaram uma fonte de inspiração, conforto e apoio em tempos difíceis. Através de sua música, mensagens poderosas e exemplo de autenticidade, os membros do BTS ajudam as ARMYs a enfrentar seus próprios desafios, encorajando a autoaceitação, o amor-próprio e a perseverança. Uma das causas que são bastante retratadas no MVs é questões de debates sociais, entre eles, sobre a ansiedade, depressão e até mesmo o suicídio.
Para além das canções que abordam críticas sociais e refletem sobre o sentimento humano, até mesmo as músicas que não carregam todos esses questionamentos conseguem trazer conforto aos fãs do grupo. Esse também é o caso de Butter e Permission to Dance, os dois recentes singles lançados pelo grupo.
Segundo dados do governo sul-coreano, o país asiático possui a maior taxa de suicídios entre os 38 países que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Estima-se que apenas no ano de 2021, 13.352 pessoas tiraram a própria vida, sendo duas a cada cinco mortes entre adolescentes (43,7%). Na sociedade coreana, este número evoluiu para 56,8% entre aqueles na faixa dos 20 anos e depois cai para 40,6% entre aqueles na faixa dos 30.
Durante a pandemia da Covid-19, o grupo compôs o álbum Be, no intuito de abordar os sentimentos e questionamento dos membros diante de um período difícil em que o mundo passou. Além disso, o disco também surge como uma busca em encontrar conforto — não só para eles, como também ao ouvinte. Todas as oito músicas refletem um álbum profundo, revigorante, simples e, na medida do possível, positivo.
Acho que sou só humano, afinal
Life Goes On
나 겨우 사람인가 봐
na gyeou saramin-ga bwa
Dói demais
몹시 아프네
mopsi apeune
Essa gripe que o mundo me deu
세상이란 놈이 준 감기
sesang-iran nomi jun gamgi
Graças a ela, estou apertando o botão empoeirado de voltar
덕분에 눌러보는 먼지 쌓인 되감기
deokbune nulleoboneun meonji ssain doegamgi
Dançando fora do ritmo, caído no chão
넘어진 채 청하는 엇박자의 춤
neomeojin chae cheonghaneun eotbakjaui chum
Ouça agora Life Goes On do BTS:
O poder do grupo nas premiações
Não é novidade que o grupo possui uma enorme prateleira dedicada a todos os prêmios que já conquistou, seja em premiações nacionais como o MAMA ou Seoul Musical Awards, tanto internacionais como a BillBoard Musical Awards, Brit Awards, Japan Gold Disc Awards, entre outras mundialmente conhecidas. O grande triunfo do grupo veio no ano de 2016 em que, na ocasião, venceram a categoria Melhor Álbum do ano no Melon Music Awards, um dos maiores prêmios de música na Coreia do Sul e o primeiro Daesang (grande prêmio), considerado um troféu da maior importância dado em uma premiação. Atualmente, o BTS possui o maior número de Daesang da Coreia, totalizando 63 estatuetas.
Um dos destaques do grupo nos dois últimos anos é que, mesmo com seus membros cumprindo o serviço militar obrigatório, seguem marcando presença nas premiações sul-coreanas, entre elas, o Hanteo Music Awards. Individualmente, os membros do BTS venceram como Artistas do Ano, uma das categorias mais importantes da noite. Ademais, Jimin, V e JungKook também se destacaram como Artistas Globais. Apenas em 2023, RM, Jin, Suga, J-Hope, Jimin, V e Jungkook receberam 35 troféus diferentes.
Segundo a CNN Brasil, em 2020, o Grammy anunciou os indicados da edição de 2021 e o BTS foi o primeiro grupo de k-pop da história a ser nomeado na maior premiação de música do mundo. O grupo foi indicado na categoria Melhor Performance Pop de grupo ou duo com a canção Dynamite, primeira música com letra em inglês do grupo. Mas acabou perdendo para Rain On Me, de Lady Gaga e Ariana Grande.
No ano seguinte, foram indicados na mesma categoria pela canção Butter, mas também não levaram o prêmio para casa. Na edição de 2022, foram indicados por Melhor Performance Pop de Duo ou Grupo pelo single My Universe, música em que colaboraram com o Coldplay, e Melhor Clipe Musical por Yet To Come. De lá pra cá, o BTS vem fazendo história em diversas premiações, acompanhados de uma trajetória que reflete o trabalho duro, companheirismo e a união entre os sete integrantes.
Projetos de fãs e Ativismo
Além de se preocuparem com o bem-estar do fandom, o BTS também participa e promove diversas causas sociais, seja em assistência a vítimas de desastres naturais, pessoas carentes, entre outras causas. Aqui no Brasil se destacam diversos projetos sociais organizados por fandoms de K-Pop, entre eles, o mais conhecido é o Army Help The Planet. Na segunda metade de 2019, um grupo de fãs brasileiros do BTS fundou uma ONG dedicada ao ativismo social e político e segundo o site oficial, a AHTP é, no Brasil, considerada a maior fanbase dedicada ao desenvolvimento de projetos sociais e ambientais.
Entre setembro de 2019 e abril de 2021, cerca de 2.500 “ARMYs” se uniram para angariar mais de R$ 65 mil em prol das florestas e dos povos indígenas do Brasil. A partir dessa iniciativa, 400 árvores foram plantadas na Amazônia, novos brigadistas foram contratados e treinados para lutar contra os incêndios no Pantanal, e diversas ações de mobilização social e política a favor dos direitos dos indígenas foram apoiadas.
Mais uma vez, o fandom demonstrou sua solidariedade e apoio às comunidades em momentos de necessidade, desta vez, após as devastadoras inundações que atingiram o Rio Grande do Sul. Essa resposta rápida e generosa das ARMYs brasileiras destaca não apenas o poder do fandom, mas também o impacto positivo que pode ter quando se trata de ajudar aqueles que mais precisam. Nesta semana, a página Army Doe Vida publicou uma campanha de doação de sangue urgente para o Hemocentro de Porto Alegre, no intuito de reabastecer os estoques de sangue na capital gaúcha.
Outra iniciativa importante também foi da página Anpan BTS Brasil que está organizando uma rifa para ajudar as vítimas das enchentes e todo valor arrecadado será enviado para o uso emergencial na região.
O projeto BTS ARMY CUIDA: Your Magic Hope se junta ao projeto “SOPE: What do You Day Dream” para mais um grande ação de emergência com a meta de vender 300 números de rifa. Para os ganhadores, o prêmio será uma versão do álbum Hope on The Street e D-Day, mais uma unidade de álbum escolhido pelo ganhador.
Impacto na Indústria Musical
Fazer parte de um fandom traz uma sensação de pertencimento e com o BTS não é diferente. Qualquer ARMY sonha em adquirir os álbuns, lightsticks, box de memberships e coleções especiais. Além destes produtos, a empresa também possui a marca BT21, que regularmente lança produtos novos, desde cosméticos, artigos para decoração, materiais eletrônicos, roupas, acessórios, entre tantos outros.
Cada produto do grupo é um sonho na parede de qualquer colecionador, mas o único problema são os preços abusivos, que muitas vezes, são importados da Coreia do Sul. Obstáculos como envio para um endereço brasileiro e as taxações por importação levam as fãs daqui a procurar outros meios de comprar os produtos oficiais. As lojas que fazem o repasse destes produtos pelo trajeto Coreia – Brasil são o ponto de referência para efetuar a tão sonhada compra.
Os álbuns são as verdadeiras preciosidades do ARMY, em que alguns são lançados em diferentes versões e claro, com variações nos preços, sendo do mais caro ao mais barato. Falando em números, segundo uma matéria do EXAME, publicada em 2022, a ida dos membros para o exército custaria bilhões de won para a Coreia do Sul. O BTS movimentou o equivalente a mais de US$ 3,6 bilhões em turnês, músicas, produtos e até o incentivo ao turismo para a economia sul-coreana todos os anos, segundo dados divulgados pela Hyundai Research Institute. Já em relação ao turismo, o instituto estima que o grupo coreano trouxe um em cada 13 turistas em 2017, ou sejam, foram US$ 1,1 bilhão somente em exportações de bens de consumo (cosméticos e outros produtos com o nome BTS).
Conexão entre os membros e o fandom
No caso do Idols, o principal meio que eles utilizam para interagirem com o fandom é pelo Weverse, uma plataforma fundada pela HYBE Corporation, para emplacar o seu negócio de fandom, voltada exclusivamente ao público do K-Pop, no intuito de ser um espaço dedicado a reunir os fãs. O app sucesso de entretenimento sul-coreano já levou 65 milhões de usuários — 10 milhões deles ativos — de 245 países distintos para o que ela está chamando de global fandom life platform. Semelhante ao Instagram e Facebook, podemos encontrar os atuais 86 artistas inscritos que podem se comunicar com os fãs por meio de postagens de texto, fotos, vídeos e conteúdo ao vivo, além de hospedar shows e vender mercadorias.
No caso das ARMYs brasileiras podemos encontrar uma vasta lista de páginas que oferecem conteúdos, lojinhas online que variam entre K-Pop e doramas, além dos diversos vídeos com momentos engraçados dos membros. Apesar de gerar entretenimento, trazem posts legendados sobre as últimas informações do BTS, seja algum comunicado oficial ou lançamentos de álbuns solos, como podemos ver diariamente durante o período em que eles estão cumprindo o serviço militar. Você que ama acompanhar tudo sobre os meninos, confira abaixo onde encontrar os melhores entretenimentos do dia a dia do BTS:
Um aspecto importante é que várias ARMYs conheceram o grupo através de uma playlist aleatória ou possuem alguma amiga amiga que faz parte do fandom. Mas para outras meninas, o BTS vai além de ser apenas um grupo de K-Pop, são uma família.
Essa relação entre Idols e fãs é caracterizada por uma reciprocidade de amor, apoio e respeito. Normalmente, expressam gratidão e apreço pelo apoio inabalável de seus fãs em suas entrevistas, discursos de premiação e mídias sociais.
Pesquisa sobre a popularidade do grupos de K-Pop no Brasil gerado pelo IA do Graph Maker
Para saber a popularidade desse estilo musical no Brasil, criamos um formulário no Google Forms com apenas três perguntas:
Ao final do questionário, 31 pessoas de alguns estados do Brasil participaram da pesquisa. A maioria dos entrevistados eram de Goiás e, observa-se que, no segundo gráfico o estado goiano possui a maior porcentagem de pessoas que fazem parte do fandom ARMY, ultrapassando São Paulo e Rio de Janeiro.
Ela foi divulgada através de três plataformas digitais, no intuito de alcançar mais e mais pessoas para participar das entrevistas, sendo através do: Instagram, Twitter e no Weverse. Finalizada a pesquisa, tranferimos os resultados das perguntas para o Google Planilhas.
Após isso, acessamos o site do Graph Maker, movemos a planilha montada para o site e pedimos para IA gerar um gráfico sobre a distribuição de grupos de K-Pop entre as pessoas que participaram do questionário. Segundo o Graph Maker, para criar essa representação, observamos a coluna relacionada aos grupos de K-Pop favoritos dos entrevistados e criamos um gráfico de pizza para visualizar a distribuição entre os participantes. Confira abaixo o resultado:
Já no segundo, também gerado pela IA do Graph Maker, apresentamos novamente um gráfico de pizza mostrando a popularidade dos grupos de K-Pop entre os estados brasileiros. De acordo com a IA, cada fatia do gráfico representa a parcela dos fãs de K-pop em algumas regiões do país, lembrando que Goiás possui o maior número porque a maioria das pessoas que participaram da pesquisa se encontram no estado goiano. Confira o resultado abaixo:
