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Os serviços de streaming buscam trazer ao público um grande cardápio de produções. É o que se percebe na gigante Netflix, e em outros serviços que aumentaram os conteúdos ao longo dos anos, como a plataforma Globoplay.
Com o alto número de produções, algumas vezes a qualidade acaba se perdendo. Mas não é o caso da série citada a seguir. Em maio, foi lançada pela Netflix a série Com Carinho, Kitty. Criada por Jenny Han, autora da saga de livros Para Todos os Garotos Que Já Amei, o universo é a inspiração da sequência de filmes baseados nos livros e que geraram o spin-off Com Carinho, Kitty.
A série foi um sucesso de audiência, obtendo mais de 72 milhões de horas assistidas, segundo o site TechTudo e com mais uma temporada confirmada. A trama foca em uma personagem já querida do público, que fez muito sucesso nos filmes Para Todos os Garotos que já Amei, produzidos pela Netflix.
A jovem Kitty Song Covey, interpretada pela atriz Anna Cathcart, é a personagem principal. Aos 17 anos de idade, ela decide sair de Virgínia, um estado no sudeste dos EUA, e partir para Coreia do Sul, após se matricular no mesmo colégio em que sua mãe, onde ela busca conhecer mais sobre a genitora e também a sua, por meio do seu namorado, Dae, vivido por Minyeong Choi.
Logo no primeiro episódio a personagem vive uma surpresa que acaba jogando um balde de água fria em sua animação. Seu namorado, Dae, tem uma namorada, Yuri, interpretada por Gia Kim. Aqui uma grata surpresa: a personagem é lésbica, uma questão importante de ser abordada, visto que na Coreia do Sul a comunidade LGBTQ+ ainda não é bem vista. Kim tem de lidar com o preconceito de seus pais, o que a leva a ter o relacionamento falso com Dae, o que só vem a ser confirmado a Kitty em episódios mais futuros, mesmo que a jovem já imaginasse isso.
Essa não é a única personagem LGBTQ+. Anthony Keyvan, ator americano, novamente interpreta um personagem gay, como fez na série Love, Victor, do Star Plus, quando deu vida ao Rahim. Agora, na pele do Quincy, ou apenas Q, como é mais chamado na série, ele interpreta o melhor amigo de Kitty e é uma peça fundamental no núcleo em que está inserido.
A comédia romântica Com Carinho, Kitty, ao contrário de outras séries voltadas ao público adolescentes, não usa artifícios característicos do gênero, como cenas com forte teor sexual, festas e drogas. Ou em que o grande gancho da série seja descobrir quem matou personagem A ou B. A série busca desenvolver as histórias fazendo com que o telespectador fique interessado em saber os desdobramentos, como por exemplo, se o seu professor Peter Thurnwald, é seu irmão ou não.
A série traz outros enredos que surpreendem o público: sentimentos que Kitty Song Covey desenvolve pela Yuri. Algo que não se imagina nos primeiros episódios e que se torna uma reviravolta interessante em especial para a próxima temporada.
A série ser retratada no oriente, permite que o telespectador conheça uma cultura não muito explorando em temas do gênero, como escreve a crítica de cinema Janda Montenegro, ao site Cine Pop, dizendo que “ ‘Com Carinho, Kitty’ presta um grande serviço em apresentar a cultura sul-coreana para o público majoritariamente estadunidense, e esse é o grande forte da série. Através da protagonista intercambista o espectador é convidado a conhecer pratos típicos da região, celebrações de feriados, comportamentos culturais do dia a dia daquele povo e por aí vai. Considerando que a Coreia do Sul anda em alta com o público jovem, este é um grande acerto da série”.
No fim, ao contrário de outros lançamentos recentes, como o filme Culpa Mia, disponível no catálogo da Amazon Prime Video desde de junho, filme também construído para o público adolescente, Com Carinho, Kitty apresenta um enredo e história envolvente, não utilizando de artifícios fracos e já batidos, que chegam a subestimar a inteligência do público, como destacado pelo crítico de cinema no site A Gazeta, referindo-se ao filme da Amazon Prime Vídeo.