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São seis e meia acorda! E com essa chamada se inicia mais um dia, está na hora de levantar, melhor andar logo, e assim começa mais um amanhã. Guarda a coberta que embrulha todos os dias, essa que já está bem velha, mas é a preferida. Esticar o lençol e terminar de organizar a cama como faz todos os dias. Mas depressa ou vai se atrasar. Caminhando até o banheiro ainda desnorteada e sonolenta, acordar cedo não é comigo. Escova os dentes, lava o rosto, arruma o cabelo, mas cuidado com o relógio, tem que ficar atento a ele ou vai acabar ficando para trás. Corre para trocar logo esse pijama ou não vai dar tempo. Se existe um tempo para cada coisa, essa coisa de levantar cedo está com o tempo errado, sobra tarefas e faltam minutos. 

Pare de reclamar, ficar aí reclamando ainda vai acabar te atrasando. Ande, tome esse café solúvel e passe logo a manteiga no pão. Pronto terminei de me arrumar, já tomei meu café, será que peguei tudo que deveria levar para a aula de hoje? Todos os itens repassados pela mente, está tudo certo, não esqueci nada. Entra no carro rápido ou vai pegar muito trânsito até a faculdade, o trajeto é longo. Porta fechada, coloca o cinto de segurança. Eita! esqueci a garrafa de água, volta pra buscar. Tira o cinto de segurança abre a porta correndo, depressa, entra em casa novamente e procura a garrafa, será que deixei no quarto ou será que está no armário, não me recordo. Nossa já são sete e vinte, e ainda estou em casa. A busca pela garrafa continua;

“Mãe, a senhora viu minha garrafa de água?” 

“Não, já olhou no armário? Deve estar aí”

“Achei…!” – Gritei da cozinha

Agora são sete e vinte e cinco, demorei mas encontrei a garrafa de água. Volta para o carro, coloca o cinto de segurança e liga o carro, confere os retrovisores e já aciona para abrir o portão automático, tão automático quanto toda a minha rotina. Seis e meia um mecanismo é ligado e começa a realizar todas essas atividades todas em modo automático, assim como o portão basta um acionar para iniciar uma atividade. Não somos diferentes, a rotina e nosso hábitos acabam nos tornando assim. Mas pare de pensar muito: ande logo, a aula começa às oito em ponto.

Portão aberto, começo a dirigir. Vire à direita e depois a esquerda, em seiscentos metros pegue a segunda saída à direita. Assim seguimos com o trajeto já decorado, com o local de todas as lombadas eletrônicas na mente, mas com cuidado porque o trânsito é perigoso. Olha a senhora na faixa de pedestre querendo atravessar às sete e quarenta da manhã, será pra onde essa senhora vai nesse horário, trabalho, supermercado ou padaria? Não sei, mas vamos voltar para o trânsito. 

Cuidado: por um instante me distraí e desliguei o modo automático de toda manhã. Foco: não tenho muito tempo, vou me atrasar. Mas pra quê essa pressa se eu sempre saio de casa esse horário e consigo chegar no horário, pensei, mas e os imprevistos que podem acontecer até lá. Vire à esquerda e siga em frente por 1 quilômetro. Você chegou ao seu destino. 

São seis e meia, e eu nem sequer me levantei da cama, mas já imaginei e repassei as próximas horas do meu dia. Em alguns momentos fiquei à frente do relógio, outros não sei onde ele ou eu estava. Perdida no tempo, correndo a favor ou contra? Não sei, mas existe tempo para cada coisa, e mesmo assim sempre acho que não vai dar tempo. Vivendo tudo em modo automático, estamos presos nesse looping? Levanta corre para um lado e para o outro, cumpre suas obrigações e depois… E depois? Onde ficamos? Mas Renato não dizia que “temos todo o tempo do mundo”,ás vezes mais parece que não temos tempo algum. Fica o questionamento, será que todo esse tempo Renato estava errado, e na verdade não temos tempo algum, mas sim o tempo que nos tem. 

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