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Quarta-feira, dia 19 de julho de 2023, por volta das 20:00 você foi embora. Nós completaríamos três anos de namoro no dia seguinte, nosso dia 20. Eu sentia que esse dia chegaria, afinal, saímos de sintonia e as coisas já não estavam favoráveis. O ingrediente principal do relacionamento tinha chegado ao fim, o respeito que tanto era exigido entre nós já não existia mais.
Não podemos falar que não tentamos, porque passamos mais de 3 anos tentando.
Hoje chego em casa e a pasta de dente continua tampada, o chuveiro continua no morno, meu fone de ouvido continua na gaveta e minha blusa preta, aquela que você gostava de usar, continua guardada. Como é estranho reparar sua ausência nos detalhes, como é estranho perceber que eu não vou mais tropeçar no seu coturno de manhã, quando eu acordar atrasada. E mais estranho ainda é eu ter que me acostumar novamente a ser quem eu era sem você, depois de ter você.
O guarda-roupas está quase vazio, suas roupas já não estão mais aqui e uma parte de mim se sente bem, porque tudo permanece arrumado. As louças diminuíram, mas você não cozinha mais para mim, sinto falta disso. E eu finalmente consigo ter todas as minhas roupas limpas, sem precisar usar as suas, já que você não ocupa a máquina mais.
Ainda não tive coragem de voltar à terapia para falar de você, não só sobre você, mas principalmente sobre você. Eu acho que minha psicóloga vai respirar aliviada ao saber que finalmente tomei essa decisão por mim, mas me dói saber que quanto mais eu falar, mais real o nosso término é. Há dureza na realidade e eu estou tentando encarar ela todos os dias, quando acordo e não te vejo.
Amanhã, provavelmente vou notar sua ausência em mais coisas estranhas, nas meias que você levou ou no pacote de bolacha que você deixou aberto no armário – que eu não consigo alcançar-. E será assim até eu me acostumar a não te ter mais comigo, enquanto isso, tentarei conviver com a sua ausência.
Como é possível sentir a presença penetrante de uma falta? Como continuar tentando sem você comigo?