Brasileiros imigrantes: Desafios de brasileiros que moram no exterior

Mais de 4 milhões de brasileiros buscam uma vida melhor em países desenvolvidos, mas a realidade pode se tornar diferente quando encontram o subemprego, ilegalidade, discriminação e a solidão.
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Fonte: internet

No Brasil e no mundo, diversas pessoas optam por sair de seus países e tentar a vida em um país diferente. Em sua maioria pessoas de países considerados subdesenvolvidos que procuram uma chance em países considerados desenvolvidos, com o objetivo de conseguir melhores condições de emprego, maiores remunerações devido a moedas com maior valor e uma qualidade de vida melhor.

Em todas as regiões do Brasil você encontrará uma pessoa que optou por essa saída. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, em 2021 havia mais de 4 milhões de brasileiros espalhados pelos 199 países atendidos pela rede consular do Itamaraty. Os países em que há uma maior concentração de brasileiros são Estados Unidos, Portugal, Reino Unido, Paraguai e Japão.

Porém, para realizar o sonho de uma vida melhor no exterior nem sempre é fácil, dificuldades financeiras, problemas com visto e ilegalidade são algumas das dificuldades. Muitos brasileiros vendem tudo o que tem para conseguir dinheiro e sair do país, e nem sempre por meios legais. Os Estados Unidos, por exemplo, é um destino em que muitos entram de forma ilegal utilizando a fronteira com o México. E por esse motivo alguns acabam sendo deportados, segundo dados parciais da Polícia Federal, de janeiro a outubro deste ano 1.557 brasileiros foram deportados, um número bem menor se compararmos com os 4.457 em 2022.

Já na Europa a saída muitas vezes é a entrada com visto de turista, e depois que ele expira, esses imigrantes ilegais buscam os processos para se legalizar. Como é o caso do goiano Leonardo da Silva, que com 27 anos foi para Londres e viveu lá de 2007 até 2012, e nesse processo ficou ilegal devido ao seu visto de turista ter expirado, mas acabou se regularizando no país nesse período. 

Centro de detenção de imigrantes de El Paso, onde o grupo de 57 brasileiros ficou detido por cerca de um mês Foto: JOSE LUIS GONZALEZ / Reuters

 Outro destino onde há uma grande concentração de imigrantes brasileiros é o Japão, mas o seu processo de imigração é um pouco mais rígido, conversamos com Jorge Fujita, filho de mãe brasileira e pai japonês, que morou por mais de 30 anos no país de seu pai. “Para morar no Japão a forma mais fácil é sendo descendente, você vai até uma agência onde eles irão te auxiliar em todo o processo”. 

 Esses brasileiros não abandonam por completo o vínculo com o país de origem, muitos vivem alguns anos trabalhando e guardando dinheiro para quando voltar ou enviando para familiares no território brasileiro, se aproveitando da desvalorização do Real em comparação com outras moedas.

 “Uma das motivações que me trouxe de volta para cá foi a moeda, já que a libra esterlina tem um valor 6 a 7 vezes maior que o real”. Disse Leonardo da Silva, que após 10 anos morando no Brasil decidiu voltar, aos 42 anos, para a Inglaterra. Dados fornecidos pelo Banco Central mostram que de 2010 a 2022 mais de 34 bilhões de dólares foram enviados para o Brasil por imigrantes brasileiros.

 Mesmo assim, grande parte dos imigrantes brasileiros não encontra trabalho de forma fácil, na maioria dos casos acabam indo para trabalhos braçais ou o subemprego “Não adianta quem sair achar que já vai fazer dinheiro, demora um tempo, aqui eu comecei trabalhando fazendo entregas por aplicativo, como 90% dos brasileiros que vêm para cá, mas hoje depois de 2 anos consegui um emprego na área de telecomunicações que era o meu trabalho no Brasil”, disse Leonardo sobre como é arrumar um emprego.

Outra coisa que torna essa experiência difícil é o choque cultural, quando se vai para outro país você acaba perdendo suas raízes, sua língua, amigos e a família. Acarretando em sintomas de depressão, por exemplo. Segundo uma pesquisa realizada pela psicóloga e pesquisadora brasileira Fernanda Cross, da Universidade de Michigan, 17% dos jovens latinos de até 18 anos nos EUA apresentavam sintomas da doença. As principais causas disso são a discriminação e o afastamento de sua cultura e costumes. “Ficou demonstrado que a maneira como esses adolescentes desenvolvem orgulho étnico e aprendem sobre o que significa ser latino pode servir como um amortecedor contra a depressão”, afirma Cross em entrevista à DW Brasil.

A solidão pode ser algo que você pode encontrar também, o brasileiro Jorge Fujita comentou como é se relacionar morando no Japão: “As pessoas no Japão são muito fechadas e é difícil fazer amizades como no Brasil[…]E para pessoas solteiras é muito pior, os japoneses não se misturam com estrangeiros, conseguir um relacionamento acaba sendo complicado[…]Por conta dessa solidão muitas pessoas acabam indo para as drogas”.

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