‘O maior desafio é o diagnóstico’: Como a medicina tem esse olhar para o câncer

Médica Patrícia Lima, que atualmente atende no Hospital Araújo Jorge explica melhor a sua visão sobre a doença
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FOTO: DR MARCIANO ANGHINONI

Para compreendermos melhor esse olhar da medicina, o Lab Notícias conversou com a médica especialista em clínico geral, Patrícia Lima, atualmente atende no hospital ACCG Associação de combate ao câncer em Goiás Araújo Jorge

Lab Notícias: Patricia, para você qual é o maior desafio entre a medicina e o câncer?

Patricia lima: Bom dia Camila e aos leitores [do Lab Noticias]. Sobre o câncer, no meu ponto de vista, no olho de uma médica, o maior desafio é o diagnóstico. Por quê? Porque muitas vezes, a maioria dos pacientes quando chegam no hospital, muitas vezes têm sintoma, mas não sabemos a causa do sintoma. A maioria das vezes, as pessoas não sentem nada. Quando chegam a sentir alguma coisa, já está praticamente na fase final. Então, o maior desafio é diagnosticar, poder saber onde inicia, onde é que começa, qual é o tipo de câncer, isso para mim, hoje, é o que eu vejo. Que eu já tenho visto, que eu já tenho vivido, é diagnosticar.

Lab Notícias: Qual é a sensação de ver um paciente que lutou tanto contra a doença, perder para a morte?

Patricia: Incapacidade. A gente se sente incapaz porque a gente dá o melhor, a gente tenta fazer o melhor, a gente tenta fazer o que pode, o que está no alcance, o que não está, para poder fazer, lutar contra e a hora que você vê que a doença tomou conta, que não tem mais o que fazer, que o que você pode fazer é dar uma morte confortável para ele, isso aí te dói. Isso aí você sente incapaz, olha para você e fala assim, poxa, o que eu estou fazendo aqui? Mas, como se diz, é dolorido, muito dolorido.

Lab Notícias: Opções de terapia, seria uma boa opção no processo do tratamento para o paciente que possui a doença?

Patricia: Então, na maioria dos casos, a terapia, principalmente na área da psicologia, é a melhor opção, em especial para a mulher, às vezes quando dá câncer de mama, que tem que fazer a retirada da mama. Muitas vezes ela se olha, às vezes tem mulheres que tem que retirar as duas, às vezes tem mulheres que retira só uma, ela se sente mutilada, ela se sente feia, a autoestima dela abaixa, às vezes a maioria perde o cabelo, perde a sobrancelha, perde os cílios, perde todos os pelos do corpo, então a maioria das vezes é fundamental a área da terapia, seja ela na área da psicologia, seja ela em outras funções que eles têm. Quando elas recuperam, elas vão pro voluntarialismo. Aí elas conseguem erguer, elas se olham nos espelhos, elas começam a se amar, começam a ver que aquilo dali não é pra sempre. Muitos têm a reversão de colocar prótese após o tratamento e o médico deixa a pele ali com excesso pra poder colocar prótese e voltar à vida normal. Então a terapia nessa área é fundamental. É primordial pra paciente oncológico.

Lab Notícias: O processo se torna mais difícil quando o paciente não obtém o resultando de forma precoce?

Em relação a isso, podemos dizer que vai de caso para caso, porque o psicológico manda muito. Tem paciente que… Como é que eu vou te falar? Vou te dar um exemplo do meu pai. Ele descobriu, estava no início. Mas ele, graças a Deus, teve um psicológico bom. Ele aceitou o tratamento. Só que aí quando a família, tipo cônjuge, não apoia, aí destrói, aí acaba com o tratamento. Acaba com o tratamento porque o paciente, se sente incapaz, ele se sente feio. Então, o paciente anda lado a lado, psicologicamente, com o tratamento, que seja ela rádio, que seja ela químio… Tem paciente que chega no início, que tipo assim, logo perde a vida. Tem paciente que chega com a doença já bem avançada, que começa o tratamento e é curado, entendeu? Então, isso daí é de organismo para organismo, de pessoas para pessoa, assim, como a pessoa vai proceder, processar aquilo ali para si mesma, como a pessoa vai absorver, para que, igual, tipo assim, ‘eu vou fazer porque eu quero, porque eu vou conseguir, e eu vou dar o meu melhor e eu vou vencer’, entendeu? Mais ou menos isso. Então isso daí é primordial, isso daí é que dá um bom resultado, seja ele precoce, ou seja ele na fase já final, ou seja ele na fase do meio, depende muito do paciente.

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