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É notória a grande dificuldade enfrentada por todo jovem que almeja atingir seu principal sonho que é se tornar um jogador profissional de futebol. O caminho dos jogadores de base e das peneiras rumo ao futebol profissional é marcado por desafios significativos. Desde o início, esses jovens atletas se deparam com a concorrência acirrada dentro de seus próprios clubes, onde a busca pela excelência é constante.
As pressões para se destacar nas categorias de base são intensas, exigindo não apenas habilidades técnicas, mas também resiliência mental diante das adversidades. Aqui, mostraremos e exploraremos histórias que nem sempre são mostradas no dia a dia da realidade em que muitos garotos enfrentam dentro de diversas bases de times profissionais espalhados pelo Brasil.
A oportunidade na Copinha (Copa São Paulo de Futebol Júnior)
De ano em ano, a copinha, competição na qual quase todos os times do Brasil participam, é realizada justamente no mês de janeiro. Ela é um ponto crucial para cerca de 3700 jogadores jovens demonstrarem todo seu talento e tentarem chamar a atenção de possíveis olheiros. Porém, nem sempre os grandes destaques dessa competição conseguem ter a atenção merecida no futuro e acabam por não vingar no mundo do futebol. Alguns craques da copinha de anos anteriores em entrevista ao canal “Cartolouco” destacaram sobre o que aconteceu após a competição:
“Na época fiz mais gols que o Gabriel Jesus que joga no Arsenal, em um único jogo fiz 5 gols. Porém hoje em dia não estou mais atuando profissionalmente, meu último clube foi o Primavera no ano passado. Na época cheguei a ser sondado por Corinthians, Santos e Grêmio, mas nessa época eu não tinha empresário, era eu ou meu pai que trocava a ideia, e no fim não deu certo.”
Santiago (artilheiro da copinha 2015 pelo São Caetano)
“Hoje em dia estou trabalhando de uber, de vez em quando costumo ainda jogar em alguns campeonatos de várzea e amadores. Daquele nosso time apenas um jogador conseguiu subir para o profissional, o Morelli, que agora joga no Goiás. Depois da copinha eu fui para o Guarani, achei que estaria com uma moralzinha por ter chegado na final, mas no fim, chegando lá todo mundo é a mesma coisa para o treinador e se não formos bem, já era a oportunidade. Depois foram chegando novas peças no elenco e me contaram em seguida que não estariam contando mais comigo. Após isso fui jogar no Rio Branco de Americana, mas também não deu certo e logo depois eu parei com o futebol, pois meu filho já estava quase nascendo.”
Wislem (Vice-campeão da copinha de 2017 pelo Batatais)
Ex-jogador destaca seu trajeto da base ao profissional
Em entrevista ao Lab Notícias, Marcelo Borges, ex-jogador profissional contou como foi sua carreira no futebol e todas as dificuldades que ele superou para conseguir subir para o time profissional do Goiás.
Quando eu comecei a jogar futebol profissional foi no Goiás, em 1991. Eu já estava na base desde 1987. No próprio Goiás, onde fiz a base toda também. E a dificuldade era muito grande, né? Na época, tinha jogadores de muita qualidade. Eu peguei aquele time que tinha sido vice-campeão da Copa do Brasil em 90. Praticamente todos os jogadores do elenco. Uma base muito forte. Tinha o Luvanor como camisa 10, que era da minha posição, né? O time que tinha Túlio Maravilha, tinha o Niltinho, o Wallace. Era um timaço, que tinha feito uma história bonita no futebol brasileiro. Então você tinha que ter algo diferente para poder ser inserido ali no meio de tantos caras acima da média. Então eu dei sorte também naquele momento, subindo dos juniores, na época que hoje é sub-20 para o profissional, de ter pego logo no início jogadores de altíssimo nível, que contribuíram muito para a minha formação como jogador de futebol. Eu fiquei no Goiás até 1996, antes dei uma saidinha, fui jogar nos Emirados Árabes, lá em Dubai, no Al-Nassr. Fiquei por lá cinco meses e depois voltei.
Questionado sobre as maiores dificuldades que ele enfrentou para subir no futebol profissional, Marcelo relata:
As maiores dificuldades para um jogador se tornar jogador profissional na verdade são várias né? Uma delas é você ter o equilíbrio emocional para passar pelas adversidades. O futebol você chora muito mais do que sorri, né? E você tem que ter estabilidade emocional. Uma é você subir no profissional. Você tem que ter um treinador que goste do seu talento, né? Que confie no seu potencial para que dê uma sequência de jogos e você dê continuidade à sua carreira mostrando aquilo que Deus lhe deu que foi a qualidade, né? Qualidade ninguém coloca em um jogador de futebol.
A precariedade dos alojamentos dos times
Outro fato intrigante são as situações insalubres que os garotos das categorias de bases de diversos times têm de passar para conseguir atingir seu objetivo. Ambientes totalmente precários, má alimentação e até mesmo assédio sexuais são alguns dos desafios que os garotos das categorias de base constantemente passam. Após a tragédia ocorrida em 2019 com os garotos do ninho, na qual jogadores juniores do Flamengo morreram enquanto dormiam devido a um incêndio na base do clube, de modo que a situação poderia ter sido evitada se o clube tivesse tido a devida responsabilidade, denúncias foram registradas de jogadores de diversos clubes do Brasil sobre a condição precária que eles estavam vivendo. Roger Flores, ex-jogador do Flamengo e Fluminense relatou que em sua época, ele se contentava e acostumava com o pouco pois não enxergava a verdadeira realidade em que vivia nos alojamentos:
“Quando eu vivi nas concentrações e alojamentos, eu era um menino sonhador e para mim estava tudo espetacularmente bom. Porque eu tinha uma situação humilde. A gente não tinha noção do que era bom, do que era ruim”
Com tudo isso, vemos que os clubes do futebol brasileiro no âmbito geral têm muito a melhorar no acolhimento aos seus jogadores, pois além de serem atletas, também são humanos e devem ser tratados dá melhor forma ao caminho profissional. Vemos que esse cenário pode estar até distante, porém é totalmente necessário.
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