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“Seres na Periferia” é o terceiro livro da Coleção Reativar, o lançamento ocorreu no dia 31 de outubro, na versão e-book
A Coleção Reativar é uma coletânea de livros que giram ao redor de narrativas socioambientais em espaços periféricos. Escritos pelo professor de História Ambiental, Alexandre Martins de Araújo, as obras levantam a reflexão sobre as periferias urbanas e seus habitantes.
A expectativa com o lançamento do livro é levantar a bandeira da valorização dos lugares onde há mais pessoas em situação de vulnerabilidade. O professor Alexandre comentou em entrevista concedida ao Lab Notícias que o objetivo é “reativar entre as populações migrantes, suas memórias bioculturais e fazer essas práticas ancestrais de conhecimento tecnológico, de natureza, de produção de alimento, de lidar com a vida, voltem a circular.” Acompanhe a entrevista a seguir.
Seres na Periferia
LN: Qual sua motivação para escrever o livro?
Prof. Alexandre: O livro traz para o público a realidade dos espaços urbanos e mostra como que as populações periféricas conseguem desenvolver um sistema complexo adaptativo interessantíssimo, capaz de tornar os moradores resilientes a todo conjunto de dificuldades, de toda a sorte de problemas que eles passam. Uma coisa interessante desse livro é que ele prepara o leitor, né? De várias maneiras para vencer aquilo que chamo de clichês da periferia e das pessoas que nela habitam, né? A gente pode dizer que é um trabalho de antiperiferifobia, que eu até cito no livro. A periferifobia é literalmente um medo, é um medo construído.
LN: Para os leitores que ainda não tiveram contato com o livro, como você descreveria a história?
Prof. Alexandre: Seres na periferia tem um personagem central que é o topo, né? O Ton, é um estudante que está se formando em geografia pela UFG, um personagem imaginário, e ele é uma pessoa de baixa renda com grandes dificuldades, então, quando já não tinha mais recurso ele acaba conseguindo um emprego temporário como recenseador do IBGE. No último bairro que ele recenseia, ele conhece uma menina e se apaixona por ela. Aí começa uma trama muito interessante desse jovem nessa periferia. A relação desse jovem com a namorada, Ana Cleide, vai desdobrando numa série de situações com um grau bastante acentuado de suspense. É um livro muito divertido com personagens de outras dimensões.
LN: A história do Ton foi inspirada em alguém do seu dia a dia?
Prof. Alexandre: Geralmente o escritor se baseia no conjunto da vida dele. Eu, por exemplo, sou professor há muitos anos, né? E pesquiso nessas localidades. Então, a gente vai organizando uma marcha de informações, de percepções, de conhecimento de pessoas, né? Fica fácil para gente ir criando esses personagens, porque eles estão aí no nosso dia a dia de trabalho. O Ton, por exemplo, representa um jovem como tantos que passaram pela sala de aula, pelos nossos cuidados aqui na universidade, que acabam de formar e vão buscar emprego. Ele se desdobra num emaranhado de acontecimentos, alguns malogrados, outros de sucesso. Por isso, nesse Ton, esse personagem central é uma somatória desses alunos que a gente vive o dia a dia deles.
LN: Qual o impacto da Coleção Reativar na comunidade?
Prof. Alexandre: Esse livro é muito recente. Estou até esperando sair o físico para entregar nas bibliotecas das escolas envolvidas, mas eles já têm acesso ao livro formato e-book. Alguns que leram já me informaram que gostaram muito do livro. Mas os outros livros, a gente tem muita notícia. Tenho sido convidado para dar palestras em escolas sobre os livros, algumas escolas tem feito peças de teatro com os temas dos livros. A expectativa é sempre boa, de poder contribuir, né? Com outras possibilidades das pessoas atingirem o nível de compreensão socioambiental e conhecerem a si próprios.
LN: Um recado para os futuros leitores?
Prof. Alexandre: Vale a pena experimentá-lo, porque são livros que vão proporcionar ao leitor um encontro direto com duas dimensões. Tanto a dimensão acadêmica, da discussão e das reflexões oriundas de campos de pesquisa, equipe e trabalho simultaneamente. Ao mesmo tempo, uma dimensão é da ficção onde às vezes, a peça tem mais a dizer sobre a realidade do que a própria ciência.
Estes livros, dão um recado duro para academia, né? Que a academia precisa se abrir para outras linguagens, arte, consciência. Ela tem que derrubar essa muralha de contenção, buscando ter uma forma mais plural de comunicação, porque ela existe para isso, para atender uma pluralidade lá fora.
“Seres na Periferia” e os outros livros da Coleção Reativar podem ser acessados neste site.